CAPÍTULO 22: Laços do destino

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— Ele vai acordar não vai?

— Sim, é questão de tempo.

      Eu ouvia zumbidos que vinham da minha cabeça. Duas coisas, a primeira, eu estava vivo, e a segunda, eu me sentia morto.
      Havia um gosto amargo na minha boca e eu estava com sono, quando abri os olhos senti uma queimação, eu estava vivo, falei pra mim mesmo.

— Ele acordou. — Grito uma voz estérica e esperançosa, Marta

— Como você se sente? — Um homem de branco perguntou para mim. Eu não conseguia responder ele. Eu tinha medo de abrir a boca e dela não sair nenhum som.

— Por que ele não responde?

— Acho que está em choque, vamos Vítor, tudo está bem agora. — Nada estava bem, não podia estar.

— ACORDA VÍTOR! — Eu senti a mão de Marta no meu rosto.

— Ei. — Reclamei.

— Me desculpe por isso.

      Tudo tinha entrado no lugar, reconheci o quarto branco que eu tanto odiava.

— O que estou fazendo aqui?

— Salvei a sua vida, de nada! — Disse Beto.

— Como eu vim parar aqui?

      Marta olhou para Beto, como se eles tivessem escolhendo um jeito melhor para me falar.

— Carlos te trouxe pra cá! — Falou Marta. — Ele estava desesperado.

— Ele trouxe você nos braços, achei tão fofo. — Comentou Beto olhando algo em uma prancheta. Eu revirei os olhos. Agora eu teria que ser grato a ele? O destino gosta de brincar comigo mesmo.

— A questão aqui é, por que você tomou todos aqueles comprimidos? Você pirou de vez?

— Não brigue comigo Marta, eu sabia oque eu estava fazendo. — Reclamei.

— Não sabia nada. — Beto agora olhava pra mim. — Me da um motivo pra mim não ligar para seus seus pais.

— Se você gosta de mim, vai me poupar desse problema. — Beto me olhou feio, ele não ia me contrariar.

— O Carlos está la fora. — Disse Marta. — Mando ele entrar? Ele esta aflito. — Eu acenti com a cabeça, eu queria ouvir ele.

— Vocês podem me deixar sozinho com ele por favor? — Tentei manter minha voz calma.

— Tudo bem, mas grite se precisar. — Beto se virou para Carlos. — E você garoto, não tente nada, estou de olho em você. — Carlos sorriu e Beto catou Marta pelo braço e os dois sairam.

— Você está péssimo. — Brincou Carlos.

— É acho que sim.

— Me desculpe ta eu... — Carlos começou a falar em uma velocidade recorde, como se me pedir desculpa fosse o mais importante agora.

— Não Carlos por favor, você não precisa se desculpar. — Eu me arrumei na cama. — Eu te desculpo, ok, você salvou a minha vida, eu não sei oque teria acontecido se você não tivesse aparecido. — Ele sorriu mostrando seus dentes perfeitos e brancos, o mesmo sorriso que eu me derretia ao ver.

— Obrigado você é o melhor. — Ele pegou minha mão, e eu sorri pela primeira vez.

— Agora me fala, como as coisas aconteceram?

— Marta me ligou,ela disse que você tinha ido falar com Pablo, mas você não atendia o celular. — Ele se sentou na cama. — Eu fui pra sua casa, eu arrombei a porta, sinto muito por isso. — Ele sorriu. — E eu encontrei você caído, no chão do seu quarto e sangrando. Você não respirava. — Olhei para minha mão, agora eu pude perceber que o corte que eu fiz nos cacos de vidro era bem fundo. — Eu trouxe você pra cá desesperado, eu não podia perder você.  — Ele falou aflito e cobriu o rosto com as mãos.

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