Tudo era incerto.
A casa parecia tão vazia que eu automaticamente me senti pequeno e insignificante. Cada lágrima derramada, cada grito ensurdecedor enquanto eu atirava aos berros todas as coisas que me lembravam dele.
Eu não queria mais lembrar dele, mas seu rosto estava fixo em minha mente, uma imagem tão vívida que me fez chorar ainda mais.
Idiota, idiota, idiota!, berrei mentalmente enquanto me jogava de joelhos no chão, me sentindo cada vez mais dramático e ridículo por ousar sentir falta dele.
Segurei o colar entre os dedos, o pingente vermelho em forma de coração me acalmando ao toque. Ele estava frio assim como o meu próprio coração era meses atrás e não ousei sentir falta daquela época.
Abaixei a cabeça, olhando para o porta retrato quebrado, cuja foto ainda estava intacta. Ele estava sorrindo para mim com seus olhos brilhando como uma criança num parque de diversões e eu parecia ser o brinquedo mais incrível do lugar, pelo modo como me encarava.
Por isso eu odiava a ideia do amor, era caótica e falsa. Num momento éramos felizes e alegres e no outro a realidade vinha à tona, como um lembrete de que não existia mundo perfeito e que o que você vivia não passava de um conto de fadas mal contado.
Chari veio até mim, as orelhas abaixadas com uma tristeza tão grande quanto a minha, os olhos caídos e ganindo alto como se compreendesse totalmente a minha dor.
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Não ouse me esquecer ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Leonardo Borges sempre soube que era diferente. Talvez por isso ele tenha se apaixonado por Ícaro, o ser grossei...