Nos sentamos numa das poucas mesas vagas na praça de alimentação. Fiz questão de sentar ao lado dele e não na frente como sugeriu. Na sua frente, não daria para sentir o seu cheiro e nem tocar nele quando quisesse, era distante demais.
— Agora me fala qual é o seu problema — sibilou antes de dar uma dentada num hambúrguer monstruoso. Ele já tinha comido três pacotes de M&M, sinceramente eu não tinha ideia para onde ia tudo aquilo.
— Que problema? Não tenho nenhum problema.
Ele arqueou a sobrancelha, duvidando claramente da minha afirmação.
— Só pelas suas roupas, já dá para ver que você não é normal — afirmou como se não fosse uma crítica, mas sim uma coisa óbvia. — Até entendo você querer chamar atenção...
— Não quero chamar atenção — interrompi.
— Você deveria ser mais discreto, essa touca de panda não te dá nenhum crédito, está ridículo!
— Só não rebato da maneira que você merece porque você está bonito e cheiroso.
— Sempre estou bonito e cheiroso — disse cheio de si empinando o nariz.
— Vamos parar de falar sobre a minha aparência — pedi. — Não é um assunto interessante.
— Concordo, vamos enumerar os motivos pelo qual você não gosta do Paraíso.
Pisquei sem entender.
— Do que você tá falando? — Ícaro Tramontini se mostrava cada vez mais doido.
— Estou falando disso aqui — Ele ergueu o hambúrguer. — Isso é o Paraíso.
Ri enquanto comia um pouco da salada que comprei, onde coloquei um pouco de mostarda. Eu adorava mostarda!
— Animais não merecem morrer para nos alimentar, sendo que nem precisamos deles para nos sustentarmos. Vejo um sanduíche de cadáver quando eu olho para isso.
— Que macabro! — disse me olhando como se eu fosse louco. — Concordo com você até certo ponto, mas você deve levar em consideração de que não fui eu quem matei esses animais — defendeu-se.
— Mas está incentivando ao consumir, você também tem culpa no cartório.
Ele deu de ombros.
— Não vou deixar de comer carne por causa de você, sou um carnívoro assíduo — confessou sem culpa.
— E pensar que eu estava me apaixonando por você — fingi desapontamento. — Que decepção!
— Acredite, é preciso ter muito estômago e força de vontade para se apaixonar por mim.
— Eu tenho os dois — disse com um sorriso. — Não vou desistir de você, Ícaro Tramontini, você me fascina.
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Não ouse me esquecer ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Leonardo Borges sempre soube que era diferente. Talvez por isso ele tenha se apaixonado por Ícaro, o ser grossei...