Lipe
Tive que arrastar o meu querido cousin cozy para a praia, na esperança de que ele pegasse uma corzinha, já estava tão pálido quanto o fantasma da ópera.
- Lipe, nós podíamos ter ficado em casa - resmungou pela milésima vez, ele passou o caminho inteiro reclamando e fiquei tentado a jogá-lo pela janela, só não concretizei a minha vontade porque não queria ser preso nem perder o meu melhor amigo que ficava mais chatinho a cada dia e como sempre, eu fazia de tudo para que ele se sentisse melhor.
- Nada disso! Você precisa ver gente nova, curtir as ondas, o céu maravilhoso. Vai ficar a vida enfurnado naquele apartamento sentindo pena de si mesmo?
Ícaro amarrou a cara e grunhiu como costumava fazer quando o deixava sem palavras.
Abri um sorriso satisfeito enquanto colocava os óculos de sol e me preparava para me afundar na areia para pegar o meu tão adorado bronze de Kim Kardashian.
Coloquei a canga naquela areia fofinha enquanto tentava convencer Ícaro a tirar aquela camisa larga medonha que o deixava parecido com uma vela derretida. Sinceramente, pessoas muito magras não deveriam usar camisas largas demais tamanho GG. Ficava ridículo! Deveria ter uma lei que proibisse tal coisa, era uma ofensa ao mundo da moda a aos meus olhos críticos.
Ícaro finalmente cedeu, exibindo aquela pele pálida que me fazia querer revirar os olhos.
O que leva uma pessoa a ficar naquele estado?
Ele se sentou ao meu lado, abraçando os joelhos. Meu priminho continuava deprimido e por mais que eu tentasse, não conseguia fazer com que se sentisse melhor. Tudo o que estava ao meu alcance eu fazia, mas ainda assim, não era o suficiente. A única coisa que poderia trazer o meu cousin cozy de volta era a única coisa que eu não podia dar a ele.
Era horrível vê-lo tão para baixo, praticamente se arrastando pelos cantos. Por isso que eu tentava aproveitar cada sorriso espontâneo que esboçava, pois virou raridade!
Ícaro estava fitando a areia da forma mais depressiva possível, parecendo nem se dar conta do dia lindo que era. Senti um pouco de raiva dele, mas logo se esvaiu quando tentei me colocar em seu lugar.
Querendo ou não, Ícaro e eu éramos pessoas diferentes. Eu perder uma pessoa amada não me deixaria depressivo nem nada do tipo, eu provavelmente surtaria, iria para todas as festas possíveis em empanturrar de álcool e tentar seguir em frente da forma mais alto astral possível recheado de inúmeras visitas ao shopping para comprar todo o estoque mesmo que eu não precisasse de nada, tudo isso ao som da rainha Madonna e Britney Spears alegrando meus ouvidos e aquecendo meu coração.
Já ele não, preferia ficar enfurnado em casa conversando com o cachorro como se fosse normal. Por um segundo eu achei que ele tava ficando doidão, que aquele garoto que era apaixonado por animais tinha feito alguma espécie de lavagem cerebral no meu priminho do coração.
Ele estava pateticamente escrevendo o nome do Leo na areia como um idiota apaixonado e apagou de súbito quando notou que eu o observava, dando um sorriso envergonhado.
Meu cousin cozy não era o mesmo de antes e eu não sabia se isso era de fato uma coisa ruim ou se estava sendo egoísta por não ajudá-lo da maneira correta.
Mas como eu poderia ajudar alguém que não falava sobre os seus problemas, seus medos?
Como ajudar alguém que não quer ajuda?
Olhei para o lado na esperança de achar alguém interessante e senti meu queixo cair e meus olhos se arregalarem quando vi nada mais nada menos do que a solução dos meus problemas: Leonardo Borges!
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Não ouse me esquecer ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Leonardo Borges sempre soube que era diferente. Talvez por isso ele tenha se apaixonado por Ícaro, o ser grossei...