Capítulo 17 - Tudo é possível!

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Ícaro

      — Que tipo de surpresa eu posso fazer para ele? — perguntei, quicando na cama animado.

     Lipe, que estava deitado ao meu lado com uma revista de fofoca nas mãos, me olhou com indiferença.

    — Não sei — Virou a página da revista de forma violenta. — O namorado é seu, lembra?

    — Por que está tão ranzinza? — questionei.

    — Talvez porque o meu melhor amigo só tem a coragem de me ligar quando precisa de alguma coisa — disparou, como um olhar venenoso. — Já que arrumou um novo melhor amigo.

    — Ele é meu namorado e é aniversário dele, me ajuda, Lipe! — pressionei, o sacudindo.

    — Tá, amigo desnaturado. Me fala o que tem em mente — Sentou-se ao meu lado com um suspiro.

    — Não quero fazer uma festa, é clichê demais — Mordi o lábio, pensativo — Quero que seja apenas eu e ele.

    — Posso te ajudar nisso, mesmo que não mereça.

    Dei um abraço em Lipe e beijei carinhosamente a sua bochecha no intuito de irritá-lo.

    — Credo! — Limpou o rosto enquanto revirava os olhos. — Você está ficando patético. Esse menino te mudou mesmo heim.

    Com um sorriso, fui obrigado a concordar.

  Leo

  Acordei com o som alto demais da campainha.

  Ícaro se levantou, esfregou os olhos, meio sonolento e foi até a porta. Fui atrás dele da forma mais discreta possível por pura curiosidade.

  Ele pegou uma espécie de pacote com o porteiro e o colocou sobre a mesa. Era um pacote grande e um tanto misterioso. Voltei para o quarto assim que Ícaro fez menção de fazer o mesmo e praticamente me joguei na cama, fechando os olhos, fingindo estar dormindo.

   Ícaro se deitou ao meu lado e me cobriu. Com os olhos semiabertos, notei que ele estava me encarando.

   Após alguns minutos ele saiu de novo e pisquei, aflito, mas não me movi.        

   Talvez ele só esteja indo ao banheiro.

   Fechei os olhos e tentei dormir. Em poucos minutos, fui abduzido para o maravilhoso mundo dos sonhos.

   Após um tempo relativamente longo, meus sonhos foram interrompidos pela voz de Ícaro, que ecoou pelo quarto de forma exagerada.

   — Acorda, princesa! — berrou, abrindo as cortinas e revelando um sol tão intenso que quase queimou minhas retinas.

   — Que horas são? — Sonolento, esfreguei os olhos antes de abri-los.

   Ícaro segurava uma bandeja prateada e a pousou na cama assim que me sentei.

   — Cedo — simplesmente falou.

   — O que é isso?

   — Comida, já ouviu falar? — Lançou-me um sorriso afetado e sentou-se ao meu lado.

   Era uma bandeja recheada de comida. Olhei meio aflito, pensando se ele realmente achava que eu ia comer tudo aquilo. Ícaro pegou uma uva e colocou na minha boca, eu a mastiguei, ainda sem entender o motivo de estarmos comendo na sua cama.

   — Comida na cama para o aniversariante — disse, beijando o canto de meus lábios.

   Hoje é o meu aniversário!

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