Ícaro
— Que tipo de surpresa eu posso fazer para ele? — perguntei, quicando na cama animado.
Lipe, que estava deitado ao meu lado com uma revista de fofoca nas mãos, me olhou com indiferença.
— Não sei — Virou a página da revista de forma violenta. — O namorado é seu, lembra?
— Por que está tão ranzinza? — questionei.
— Talvez porque o meu melhor amigo só tem a coragem de me ligar quando precisa de alguma coisa — disparou, como um olhar venenoso. — Já que arrumou um novo melhor amigo.
— Ele é meu namorado e é aniversário dele, me ajuda, Lipe! — pressionei, o sacudindo.
— Tá, amigo desnaturado. Me fala o que tem em mente — Sentou-se ao meu lado com um suspiro.
— Não quero fazer uma festa, é clichê demais — Mordi o lábio, pensativo — Quero que seja apenas eu e ele.
— Posso te ajudar nisso, mesmo que não mereça.
Dei um abraço em Lipe e beijei carinhosamente a sua bochecha no intuito de irritá-lo.
— Credo! — Limpou o rosto enquanto revirava os olhos. — Você está ficando patético. Esse menino te mudou mesmo heim.
Com um sorriso, fui obrigado a concordar.
Leo
Acordei com o som alto demais da campainha.
Ícaro se levantou, esfregou os olhos, meio sonolento e foi até a porta. Fui atrás dele da forma mais discreta possível por pura curiosidade.
Ele pegou uma espécie de pacote com o porteiro e o colocou sobre a mesa. Era um pacote grande e um tanto misterioso. Voltei para o quarto assim que Ícaro fez menção de fazer o mesmo e praticamente me joguei na cama, fechando os olhos, fingindo estar dormindo.
Ícaro se deitou ao meu lado e me cobriu. Com os olhos semiabertos, notei que ele estava me encarando.
Após alguns minutos ele saiu de novo e pisquei, aflito, mas não me movi.
Talvez ele só esteja indo ao banheiro.
Fechei os olhos e tentei dormir. Em poucos minutos, fui abduzido para o maravilhoso mundo dos sonhos.
Após um tempo relativamente longo, meus sonhos foram interrompidos pela voz de Ícaro, que ecoou pelo quarto de forma exagerada.
— Acorda, princesa! — berrou, abrindo as cortinas e revelando um sol tão intenso que quase queimou minhas retinas.
— Que horas são? — Sonolento, esfreguei os olhos antes de abri-los.
Ícaro segurava uma bandeja prateada e a pousou na cama assim que me sentei.
— Cedo — simplesmente falou.
— O que é isso?
— Comida, já ouviu falar? — Lançou-me um sorriso afetado e sentou-se ao meu lado.
Era uma bandeja recheada de comida. Olhei meio aflito, pensando se ele realmente achava que eu ia comer tudo aquilo. Ícaro pegou uma uva e colocou na minha boca, eu a mastiguei, ainda sem entender o motivo de estarmos comendo na sua cama.
— Comida na cama para o aniversariante — disse, beijando o canto de meus lábios.
Hoje é o meu aniversário!
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Não ouse me esquecer ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Leonardo Borges sempre soube que era diferente. Talvez por isso ele tenha se apaixonado por Ícaro, o ser grossei...