Capítulo 3 - Talvez ele nem seja tão ruim assim

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     Foi difícil carregá-lo até o meu apartamento

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Foi difícil carregá-lo até o meu apartamento. Tive que pedir ajuda ao porteiro e ainda assim continuava pesado demais. Tivemos que arrastá-lo até o elevador e depois pousá-lo com dificuldade no sofá. Ele falava enquanto dormia, o que era muito peculiar.

Com um suspiro, tirei os seus sapatos, nem fodendo eu ia deixar ele sujar o meu sofá novinho. Leo se revirava, inquieto e murmurando frases desconexas que nem me dei ao trabalho de ouvir. Ele era mesmo bem estranho!

Quando começou a se debater, fiquei mais preocupado e procurei afagar o seu rosto e dar batidinhas em seu ombro porque era o máximo que eu podia fazer a aquela altura.

— Desculpe, papai — choramingou.

Cheguei mais perto dele quando parou de se debater e notei que estava chorando, mas não parecia nenhum pouco lúcido.

— Eu não sou seu pai — murmurei. — Sou o Ícaro — acrescentei, me sentindo muito idiota.

— Eu não queria matar ela — sibilou, agarrando a minha mão e a apertando contra a sua. Meus dedos doíam, ele era bem mais forte do que eu e não estava maneirando na força.

— Leo — supliquei. — Pelo amor de Deus me solta, eu não sou o seu pai.

— Eu não queria matar ela — repetiu, com os olhos cheios de lágrimas.

Senti-me desconfortável quando repetiu o que disse. Como assim matar? Ele não tinha cara de quem matava pessoas, embora a maioria dos assassinos tivessem esse perfil amigável à primeira vista.

Pensar assim era assustador pra caralho!

Meneei a cabeça para afastar o pensamento e me voltei a ele.

— Matar quem? — questionei, sentindo uma pontada de medo pela resposta.

Ela! — Embora ele olhasse para mim, ele não parecia me ver ali. — Eu sinto tanto a falta dela, papai. Me desculpa, me desculpa...

— Tá tudo bem — Tentei afastar as suas lágrimas com a minha mão livre e ele afrouxou o aperto. — Eu te perdoo.

Leo assentiu e me puxou para perto dele, eu queria me afastar, mas não queria que fizesse um escândalo de novo, então cedi.

Ele estava horrível, seus cabelos estavam grudados na testa por conta do suor e palavras não descreviam o quanto estava fedendo quando me aproximei. Era uma mistura de álcool e suor que fazia meu estômago revirar. Eu não parava de pensar no trabalho que daria para tirar esse cheiro tenebroso do meu sofá que até então estava novinho.

Abraçou-me e controlei o impulso de vomitar, mais pelo ato do que pelo cheiro.

— Eu sei que você me odeia — murmurou, quando se afastou de mim. — Eu sinto muito por isso.

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