Capítulo 6 - Você me deixa mal humorado

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Ícaro Tramontini não saía da minha cabeça.

Percorri os olhos, aflito, pela faculdade inteira à procura daquele belo par de olhos cinzentos, mas era como procurar uma agulha no palheiro.

A Ilha dos Anjos, embora fosse uma ilha grande só tinha uma faculdade, que também era imensa e por isso era impossível encontrar alguém naquele mar de pessoas.

Eu adorava morar na Ilha dos Anjos, gostava muito mais no verão, nada era melhor do que um sol intenso iluminando meu dia.

A Ilha dos Anjos fazia parte das três grandes ilhas que juntas formavam Grande Sunshine, que era um país pouco conhecido cuja única referência era o triângulo das bermudas.

Grande Sunshine era o meu refúgio feliz, já que os dias comerciais não eram como os dos outros países. Tínhamos uma política completamente diferente, nos dias pares as coisas funcionavam normalmente, tínhamos que lidar com a correria das aulas na faculdade, levantar cedo para trabalhar ou ir para a escola caso ainda esteja no ensino médio ou no fundamental. Já nos dias ímpares ficávamos em casa descansando, colocando os deveres em dia ou surtando para escrever uma monografia decente.

Tudo isso graças ao presidente Christian Leal, que mesmo parecendo boa pinta por realmente se preocupar com o bem estar das pessoas, não parecia melhor do que os outros presidentes. Eu tinha dúvidas sobre ele simplesmente por ousar misturar a igreja com o estado, tinha certeza de que isso não ia dar certo e já previa uma grande rebelião vindo, mas a maioria parecia gostar muito dele, então quem era eu para reclamar?

Suas leis estavam ficando cada vez mais absurdas. Um país completamente cristão, seguindo dogmas religiosos que nem todos acreditavam. Estávamos no caminho de uma ditadura religiosa, mas ninguém falava nada ou ousava se opor a ele, já que ninguém abriria mão dos dias ímpares.

Ao todo, Grande Sunshine era um bom lugar para morar, era calmo e você não arrumaria problemas se dançasse conforme a música.

Eu, ao contrário da maioria da população era um pouco hesitante em relação aos dias comerciais. Adorava não ter que ir para faculdade e poder dormir até mais tarde, mas não gostava de ficar em casa com o meu pai.

Antônio e eu não tínhamos uma relação de pai e filho muito boa. Ele me tratava com indiferença desde que minha mãe morreu e isso sempre machucava. E me machucava ainda mais saber que os motivos dele eram coerentes e que se eu estivesse no lugar dele também me trataria com indiferença.

Eu tentava não pensar na culpa que carregava e sempre que ousava pensar, sentia o colar com o pingente de coração pesar cada vez mais em meu pescoço. Minha mãe sem dúvida me odiava, e isso é algo que faria qualquer pessoa desmoronar, mas sempre me mantive firme para que eu não acabasse enlouquecendo.

Nos dias ímpares, eu procurava ficar passeando pelo lago dos anjos, que era o centro da ilha. Eu ficava ali, numa distância segura no mais alto dos penhascos, com medo de ficar na ponta e acabar caindo. Mesmo tremendo por causa do meu medo inexplicável de altura eu continuava ali, firme e forte enquanto tentava de alguma forma ver o lado bom das coisas.

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