Leo
As bochechas de Daiane estavam ruborizadas enquanto me fitava pelo canto do olho, fingindo prestar atenção na TV que estava nos comerciais.
Senti a minha pele arder também, mais por constrangimento do que por qualquer outra coisa e evitei olhar para ela.
Passei a me aproximar demais dela nos últimos dias. Ela cuidava de mim como uma mãe cuidaria de seu filho, mas estava claro que os seus cuidados não eram nem um pouco maternais na visão dela.
Deixava-me um pouco desconfortável e tentei falar com o meu pai sobre isso, mas ele só disse que eu deveria dar uma chance para Daiane e não entendi muito bem o que quis dizer com essa afirmação, pois eu a via apenas como uma garota legal que cuidava de mim.
— Você quer pipoca? — perguntou com aquela vozinha fina e infantil que costumava me fazer sorrir.
Daiane era pequena e frágil como um ratinho e muito bonita, é claro. Era alta com volumosos cabelos crespos que a deixavam ainda mais linda, devida a confiança com a qual ela os exibia. Seus olhos escuros se iluminavam para mim e me senti meio mal por não retribuir esse sentimento todo.
Eu gostava mesmo dela, mas não era aquele sentimento forte o bastante para me fazer querer beijá-la ou algo assim e era exatamente isso que ela esperava que eu fizesse, seus olhos diziam tudo.
Peguei as pipocas, um pouco tímido e olhei de novo para a TV tentando pensar direito no que fazer.
Nunca me apaixonei de verdade, então não sabia como um garoto apaixonado deveria se sentir.
Daiane era carinhosa, gentil e meiga. É claro que eu adoraria ficar com ela, mas não sabia se seria justo com nós dois quando eu nem ao menos conseguia expor esses sentimentos neutros que nem sabia se ao menos existiam.
Não era amor, nem paixão, era um carinho tão forte que me deixava confortável e ao mesmo tempo desconfortável em estar ao seu lado.
Sem Daiane, eu estaria completamente sozinho.
Vimos vários episódios de Pokémon! Quase pirei quando me contou que gostava de assistir, era perfeito demais!
Assim como eu, seus olhos brilhavam quando viam o Pikachu ou o Charizard, que era na minha opinião o melhor Pokémon, mesmo que o Pikachu fosse a coisa mais fofa do mundo.
Meu pai incentivou muito para que eu me aproximasse mais dela e que transformasse tudo o que tínhamos em algo mais. Ele estava tão empolgado que acabei cedendo, contanto que me desse mais tempo, pois não queria apressar muito as coisas.
Segundo todos a minha volta, eu tinha vinte anos e era praticamente um adulto, e embora eu acreditasse cegamente em grandes amores, tinha quase certeza de que o acidente me deixou mais realista.
A vida era curta demais para ficar esperando um grande amor. Passei a acreditar que poderia construir um amor grandioso com Daiane e com o tempo, nos amaríamos.
Ela encostou a cabeça em meu ombro como sempre fazia e eu a abracei, com o turbilhão de pensamentos martelando em minha cabeça.
Ícaro
Pisar no palco pela primeira vez me causou a mesma sensação que tive ao beijar o Leo: medo, incerteza, insegurança e uma vontade louca de continuar.
Borboletas no estômago enquanto via de cima cada um daqueles rostinhos desconhecidos que estavam ali somente para me ver. Era uma pressão imensa e assustadora.
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Não ouse me esquecer ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Leonardo Borges sempre soube que era diferente. Talvez por isso ele tenha se apaixonado por Ícaro, o ser grossei...