Capítulo 31 - A melhor sensação de todas

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Leo

Ícaro conseguiu me convencer a ir para a sua casa tomar um banho, porque era bem mais perto do que a minha.

Assim que passei pela porta, um cachorro praticamente pulou em mim, como se soubesse exatamente quem eu era e não duvidei disso, já que eu e Ícaro éramos amigos.

Abaixei-me para acariciá-lo e ele lambeu meu rosto.

— Ele também sentiu sua falta — disse Ícaro nos observando.

— Qual é o nome dele?

— Chari — respondeu. — Você que escolheu.

— Eu? — Tive vontade de sorrir. — Por que Chari?

— Vem de Charizard — explicou. — Mas consegui convencer você a encurtar o nome.

Segurei-o como se fosse um filho. O cachorro me adorava, dava para ver o amor que sentia por mim em seus olhos. Por isso eu amava os animais, eles eram tão puros e verdadeiros!

— O encontramos na rua, você o salvou na verdade.

Isso parecia bem típico de mim e com um sorriso brotando nos lábios, me inclinei para beijar o topo da cabeça de Chari.

— Prometo não te abandonar mais, amiguinho — Ele me lambeu de novo e eu ri.

— Vá tomar um banho — ordenou Ícaro com um tom autoritário. — Pode usar o meu banheiro se quiser.

— Tudo bem — Levantei e Chari continuou me rondando querendo atenção.

Ícaro me mostrou onde era o banheiro e me deu uma muda de roupas para vestir. Tomei um banho rápido cantando uma das músicas de Ícaro com a minha voz desafinada e vesti as roupas que ele me deu, que tinha ficado um pouco apertada em mim.

Procurei por Ícaro quando sai do banho, mas ele não estava na sala e nem na cozinha.

Dei uma olhada em seu quarto tentando não parecer intrometido, mas acabei entrando, mesmo sabendo que ele não estava lá.

Era um quarto bem bagunçado e cheio de roupas espalhadas pelo chão. Minha visão logo focou num pequeno caderninho que estava na cômoda e o peguei com a minha curiosidade afobada.

Meu nome aparecia praticamente em todas as páginas. Eram letras de música, as músicas que ele cantava e elas pareciam ter sido escritas para mim. Folheei as páginas ainda sem entender o que aquilo queria dizer.

Fechei o caderno com um estalo e o coloquei no lugar. Minha testa estava vincada com a estranheza daquela descoberta. Eu não sabia o que pensar.

Com um suspiro pesado, olhei para a sua cama grande e bagunçada assim como o resto do quarto, mas o que me chamou mais atenção foi o colar que estava na mesinha de cabeceira. Corri até ele, quase eufórico e o entrelacei em meus dedos.

Era o colar da minha mãe...

O que Ícaro estava fazendo com ele?

Não acredito que ele mentiu para mim...

Cheguei o colar mais perto do meu rosto e de fato era o mesmo colar que ela usava. Uma corrente dourada com um pingente vermelho de coração e Ícaro estava com ele esse tempo todo.

Meu pai não tinha mentido para mim, mas Ícaro sim...

A porta se abriu no instante em que engoli em seco diante da descoberta. Ícaro arregalou os olhos quando me viu e logo se posicionou ao meu lado.

— Onde conseguiu isso? — perguntei com a voz firme erguendo o colar para que ele o visse.

— Leo, eu...

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