Ícaro
Leo não apareceu.
Passei o dia em casa andando de um lado para o outro pensando no que fazer em seguida.
— Ele disse que demoraria, não é? — Lipe tentou me reconfortar. — É difícil para ele também, levando em conta tudo o que aconteceu.
Claro que ele estava certo, mas ainda me sentia angustiado.
— Tá, mas ele podia ao menos me atender, não é? — reclamei, jogando o meu celular na cama.
Ele não atendeu nenhuma das minhas ligações, o que me deixou ainda mais preocupado. Fiquei com medo de que algo tivesse acontecido com ele.
— Será que ele resolveu voltar para aquela garota? — Meu estômago embrulhou assim que cogitei tal possibilidade.
— Não seja ridículo, o Leo ama você, isso não se muda do dia para noite — assegurou Lipe com um sorriso. — Você mesmo disse que ele só estava com ela por causa do pai.
— Foi o que pensei — cruzei os braços e mordi o lábio inferior instintivamente. — Ele disse que precisava de um tempo para pensar.
— Aí está, você não está respeitando esse tempo.
— É, mas ele disse que queria me ver antes desse tempo e não apareceu desde então — Me mantive firme com o meu argumento, com a pulga ainda pinicando atrás da minha orelha, nada me tirava da cabeça de que havia algo errado.
— Relaxa, Ícaro — Lipe insistiu em me contrariar, na esperança de me manter calmo e racional. — Ele vai aparecer.
Suspirei, sem me convencer e me sentei ao lado de Lipe, que deu batidinhas em meu ombro como um consolo.
— Você anda muito tenso — observou com um olhar crítico e minimalista que tinha orgulho de ressaltar a cada movimento. — Relaxa um pouco, cousin cozy.
— Não quero perder ele de novo — explanei meu medo sem me dar conta do quão idiota apaixonado eu deveria estar parecendo naquele momento.
— Você não vai, confie em mim.
Quando eu estava prestes a assentir, o telefone tocou, me dando um susto e ao mesmo tempo me fazendo praticamente correr para alcançá-lo.
— É ele — arfei, aliviado ao ver seu nome piscando na tela.
— Eu disse — Lipe empinou o queixo cheio de si antes de me lançar um sorriso encorajador.
Quase deixei o telefone cair ao atender aos tropeços e gaguejos.
— Alo? Leo? — me apressei em dizer, atropelando as palavras.
— Olá, boa tarde — uma mulher atendeu, com a voz atenciosa e carregada de uma formalidade que eu particularmente abominava.
— Boa tarde — respondi com o mesmo tom formal e me sentindo chato só de me ouvir falar assim. Estranhei o fato daquela mulher estar com o telefone do Leo, então esperei ela falar logo o que queria.
— O celular do senhor Borges foi encontrado nos destroços, resolvemos retornar a ligação porque queremos o máximo de pessoas próximas aos Borges recebendo a notícia.
Destroços? Do que caralhos ela estava falando?
— Cadê o Leo? Quero falar com ele.
— Temo ser impossível, senhor — disse com pesar e fez uma pausa dramática antes de continuar como se não quisesse revelar o motivo.
— E por quê? — Eu já estava começando a ficar irritado com todo aquele mistério, mas ao mesmo tempo, com medo da sua resposta.
— O senhor Leonardo Antonio Borges faleceu — revelou, fazendo meu mundo cair na mesma hora.
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Não ouse me esquecer ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Leonardo Borges sempre soube que era diferente. Talvez por isso ele tenha se apaixonado por Ícaro, o ser grossei...