Capítulo 33 - Não quero perder ele de novo

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Ícaro

Leo não apareceu.

Passei o dia em casa andando de um lado para o outro pensando no que fazer em seguida.

— Ele disse que demoraria, não é? — Lipe tentou me reconfortar. — É difícil para ele também, levando em conta tudo o que aconteceu.

Claro que ele estava certo, mas ainda me sentia angustiado.

— Tá, mas ele podia ao menos me atender, não é? — reclamei, jogando o meu celular na cama.

Ele não atendeu nenhuma das minhas ligações, o que me deixou ainda mais preocupado. Fiquei com medo de que algo tivesse acontecido com ele.

— Será que ele resolveu voltar para aquela garota? — Meu estômago embrulhou assim que cogitei tal possibilidade.

— Não seja ridículo, o Leo ama você, isso não se muda do dia para noite — assegurou Lipe com um sorriso. — Você mesmo disse que ele só estava com ela por causa do pai.

— Foi o que pensei — cruzei os braços e mordi o lábio inferior instintivamente. — Ele disse que precisava de um tempo para pensar.

— Aí está, você não está respeitando esse tempo.

— É, mas ele disse que queria me ver antes desse tempo e não apareceu desde então — Me mantive firme com o meu argumento, com a pulga ainda pinicando atrás da minha orelha, nada me tirava da cabeça de que havia algo errado.

— Relaxa, Ícaro — Lipe insistiu em me contrariar, na esperança de me manter calmo e racional. — Ele vai aparecer.

Suspirei, sem me convencer e me sentei ao lado de Lipe, que deu batidinhas em meu ombro como um consolo.

— Você anda muito tenso — observou com um olhar crítico e minimalista que tinha orgulho de ressaltar a cada movimento. — Relaxa um pouco, cousin cozy.

— Não quero perder ele de novo — explanei meu medo sem me dar conta do quão idiota apaixonado eu deveria estar parecendo naquele momento.

— Você não vai, confie em mim.

Quando eu estava prestes a assentir, o telefone tocou, me dando um susto e ao mesmo tempo me fazendo praticamente correr para alcançá-lo.

— É ele — arfei, aliviado ao ver seu nome piscando na tela.

— Eu disse — Lipe empinou o queixo cheio de si antes de me lançar um sorriso encorajador.

Quase deixei o telefone cair ao atender aos tropeços e gaguejos.

— Alo? Leo? — me apressei em dizer, atropelando as palavras.

— Olá, boa tarde — uma mulher atendeu, com a voz atenciosa e carregada de uma formalidade que eu particularmente abominava.

— Boa tarde — respondi com o mesmo tom formal e me sentindo chato só de me ouvir falar assim. Estranhei o fato daquela mulher estar com o telefone do Leo, então esperei ela falar logo o que queria.

— O celular do senhor Borges foi encontrado nos destroços, resolvemos retornar a ligação porque queremos o máximo de pessoas próximas aos Borges recebendo a notícia.

Destroços? Do que caralhos ela estava falando?

— Cadê o Leo? Quero falar com ele.

— Temo ser impossível, senhor — disse com pesar e fez uma pausa dramática antes de continuar como se não quisesse revelar o motivo.

— E por quê? — Eu já estava começando a ficar irritado com todo aquele mistério, mas ao mesmo tempo, com medo da sua resposta.

— O senhor Leonardo Antonio Borges faleceu — revelou, fazendo meu mundo cair na mesma hora.

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