IV - Já beijei melhores [FINAL]

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Ícaro

De fato, eu estava vivendo um dos melhores momentos da minha vida graças ao Leo. Todos os dias, ele me acordava com uma animação contagiante enquanto quicava na cama e me contava todos os seus planos para aquele dia.

Tentei convencê-lo a voltar para faculdade, já que eu não queria que o seu futuro fosse comprometido por minha causa, mas ele se recusou, dizendo que estava feliz trabalhando com Christian apenas por meio período para que eu não ficasse muito tempo sozinho - não que eu me importasse, mas isso também foi uma escolha dele.

Falei que não tinha problemas se ele não quisesse trabalhar, já que eu conseguia dinheiro suficiente nos shows que eu ainda dava e que repercutiu ainda mais depois do meu acidente, tanto que ficou estampado na capa de todos os jornais, mas Leo se recusava a ser sustentado por mim e fazia uma carranca toda vez que eu mencionava tal coisa.

Minha carreira estava dando muito certo, tanto que eu breve iria fazer um show na Ilha das Flores para o príncipe, eu estava louco para conhecê-lo e Leo também estava muito animado para finalmente sair de Grande Sunshine.

Nossa nova rotina foi se ajustando aos poucos e antes, as dificuldades que eu tinha se resolveram conforme me acostumava com essa nova vida. Leo me fazia rir o tempo inteiro, continuava dormindo comigo de conchinha como nos velhos tempos e ainda roncava daquele jeito vergonhoso, mas que agora só me fazia rir também.

Dessa vez, Leo inventou de me levar à praia e como eu jamais negaria alguma coisa para aqueles olhinhos ansiosos a animados, fui com ele de bom grado.

Ele estava sentado nas minhas pernas enquanto eu movia a cadeira de rodas especial, que possuía rodas grandes adaptadas para a areia. Leo parecia uma criança num parque de diversões, com os braços para o alto e fazendo um barulhinho irritante com a boca.

A praia estava completamente deserta e o sol logo iria se pôr e nós provavelmente veríamos essa cena.

Leo se virou e sorriu, o sol intenso iluminando o seu cabelo castanho.

- Eu quero nadar.

- Vá em frente - fiz um movimento com o queixo em direção a água.

- Com você - completou.

- Não posso nadar - falei o óbvio, olhando para as minhas pernas. Incrível como ele parecia esquecer disso a todo momento.

- Claro que pode - disse, sem deixar se abalar, pulou da cadeira de forma precisa e começou a tirar a minha blusa logo depois de se despir.

- Ei, não vai nem me pagar uma bebida antes? - brinquei, enquanto ele desabotoava a minha bermuda.

Leo fez uma careta e meneou a cabeça de leve, se divertindo com as minhas piadinhas ruins.

Ele se virou, colocou minhas pernas ao seu redor e pediu que eu colocasse meus braços em volta de seu pescoço e obedeci com um suspiro, mas sem esconder nem por um segundo a minha animação.

Será que a água estava fria?

Será que eu iria sentir ela?

Correu até o mar enquanto eu apoiava o queixo em seu ombro. Sentia-me de fato um macaco em volta dele, o que era muito bizarro, mas isso não me desanimou.

Não fomos para muito fundo, só o bastante para ver com clareza o pôr do sol e não pude deixar de sorrir para a vista maravilhosa que ia muito além da janela triste do meu quarto.

Leo

- Posso não sentir nada da cintura para baixo - disse ele com os olhos semicerrados. - Mas isso não te dá o direito de colocar a mão na minha bunda, espertinho.

Senti meu rosto inteiro corar. Eu de fato estava segurando ele de uma forma meio estranha, mas nem com essa sua observação, ousei tirar a mão de lá.

- Eu posso te tocar onde eu quiser - assegurei com um sorriso.

- Não sei de onde você tirou isso - ele riu - Quem te deu esse direito?

- Eu me dei esse direito - Passei meus braços ao redor dele e o puxei para mais perto. - Porque eu te amo.

- Não faz mais do que a sua obrigação - disse cheio de si com aquele mar cinzento recheado de humor. Ele andava muito engraçadinho ultimamente.

- Seu ridículo - dei língua para ele, que jogou água em mim.

- Você está diferente - observou, me encarando com certo desdém após me recuperar do seu jato d'água

- E isso é ruim? - levantei uma sobrancelha depois de sacudir o cabelo molhado.

- Não, você só parece mais maduro - destacou - Antes parecia que eu namorava um garoto de doze anos, eu me sentia um pedófilo.

- Ah, cale a boca! - exclamei, rindo.

- Desculpe, meu doce - disse teatralmente.

- Não era um apelido ruim.

- Ruim não, era vergonhoso, eu me sentia mais gay cada vez que você me chamava assim.

- Mas você sentiu falta, não foi?

- Nem um pouco - negou, empinando o queixo como o Lipe fazia.

- Mentiroso - semicerrei os olhos antes de beijá-lo. - Sei que sentiu falta de mim, meu doce.

- Não senti não - ele pensou bem. - Só mesmo da sua massagem.

- Que crueldade! - exclamei, fingindo estar magoado. - Não sentiu falta nem do meu beijo?

- Já beijei melhores - mordeu o lábio para conter uma risada.

- Como você é malvado.

- É o que dizem - sibilou antes de se inclinar e me dar um rápido beijo na bochecha. - Agora cale a boca e vamos ver o sol, ele já está indo embora - continuou, piscando com ansiedade.

Ícaro apoiou a cabeça em meu ombro enquanto encarava abismado o sol partir, como se aceitasse com naturalidade esse fato.

Já eu, estava olhando diretamente para Ícaro que sempre foi o raio de sol que iluminava a minha vida, mas ao contrário dele, eu jamais aceitaria que ele partisse.

Fim

***

E assim termina a história de Leo e Icky ♡♡
Obrigada a todos que leram até aqui e espero que tenha gostado!

Beijos com purpurina!  ♡♡♡

Não ouse me esquecer ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora