Capítulo 28 - Odiava tanto aquele despertador

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Leo

Eu não tinha mais controle sobre meu próprio corpo, seus braços ao meu redor me desmanchavam. Todas as sensações que eu julgava inexistente, aquele garoto me provocava e ele parecia ter total consciência do efeito que tinha sobre mim.

‘‘Doce...’’, me ouvi murmurar.

‘‘Já falei para não me chamar assim’’, repreendeu, embora seu tom de voz não soasse zangado.

‘‘Deixa de ser chato’’, soltei uma risada, ‘‘Canta para mim, meu amor’’, pedi com carinho.

Ainda não conseguia ver seu rosto, aquele menino estranho ainda não tinha se revelado para mim da mesma maneira que me deixei revelar para ele. De alguma forma, me sentia completo ao seu lado, como se esse vazio que senti a minha vida inteira tivesse finalmente sido preenchido.

É claro que essa sensação só durava até eu ser acordado pelo despertador, que era o que me separava dele todos os dias.

Eu odiava tanto aquele despertador...

   Ícaro

Tentei andar o mais rápido possível, mas ainda assim, eu chegaria atrasado para o meu show. Passei a mão pelo cabelo, tentando deixá-lo o mais domado possível e tentei apressar ainda mais o passo até que fui praticamente puxado para dentro de um beco.

Fodeu, ou vão me assaltar ou vou ser estuprado!

Ou os dois!

Só depois de ser pressionado na parede que fui surpreendido pelos olhos verdes e calorosos de Theo, que estava muito próximo de mim.

— Você é difícil de encontrar, heim garoto — disse ele.

— Você sabe muito bem onde eu moro — Continuava me pressionando na parede, talvez achasse que eu iria fugir, mas não tinha motivos para isso.

Eu acho...

— Eu não podia simplesmente aparecer na sua casa, não é? — Theo revirou os olhos como se fosse óbvio. — Não com o Lipe por perto.

— E por que não? Se queria falar comigo era só ter aparecido — Sacudi a cabeça levemente.

— Não é bem assim — Aproximou-se e engoliu em seco. — Estou confuso.

— Confuso é a palavra que me define...

— Estou falando sério! — exclamou — Esses dias estão sendo insuportáveis, preciso de alguém que me entenda.

— O que houve? — Seus olhinhos me deram pena, então acabei cedendo.

Antes que pudesse falar, seu celular tocou e ele grunhiu antes de atender.

— Oi, anjinho — disse com um suspiro. — Eu sei...Não, já estou indo para a casa...Te ligo daqui a pouco está bem? Tchau, Chris.

Franzi a testa enquanto ele guardava o aparelho e se voltava para mim.

— Christian está cada vez mais insuportável, não para de me ligar um só segundo.

— Droga, foi por causa do beijo, não foi? Eu não devia ter feito aquilo... — Não ia de fato pedir desculpas, mas confesso que não deveria ter feito o que fiz, embora a expressão de Christian tenha sido impagável. Faria de novo só para ver aquela cara de choque dele.

— É — Theo pareceu inseguro. — Mas não é só isso — Sacudiu a cabeça. — Ando me sentindo estranho.

— É claro, é estranho você ter tido o privilégio de me beijar — brinquei, embora Theo não tenha achado graça. — Todos ficam assim depois encostar os lábios nos meus.

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