More than just surviving • twd

13- Fix the shit

[Ellie]
— O que? Alicia você tá me zoando né? — segurei em seu braço.

— Não, não, Ellie. Eu disse que estava com sono, vou dormir, amanhã a gente conversa.

— Sério? Você vai mesmo dormir agora? Ok então, boa noite — falei enquanto ela se virava e deitava no sofá — só... ah, eu não sei — passei a mão na cabeça e sai para lavar o rosto no banheiro e me deparei com Carl escutando nossa conversa, imediatamente esfreguei a mão nas minhas lágrimas, não gostava que ninguém além de Alicia me visse chorar.

— Ah... desculpa, eu ouvi gritos, e... desci — ele fez uma cara nervosa — hum... você tá bem? — ele sussurrou.

— Sim — ele me encarou e arqueou a sobrancelha — na verdade, não — olhei pro chão.

— Quer conversar? Não que eu saiba como te ajudar mas, eu também tenho uma namorada, sei lá, talvez eu te entenda.

— Pode ser, acho que não tenho nada a perder.

— Vamos lá fora — ele olhou para porta.

Saímos em silêncio mas quando fechei a porta vi ela me encarando deitada no sofá, eu não sei definir o que seu olhar queria dizer então apenas desvie o olhar e sai, sentamos nas cadeiras da entrada.

— Então, eu não ouvi muita coisa, quer explicar?

— Eu contei para ela que no tempo que estávamos lá fora, eu levei ela a lugares onde achei que pudesse achar meu "pai", e eu achei que se explicasse isso para ela naquele tempo, ela iria abominar a ideia dele estar com a gente, ah, eu fiquei com medo, de perder ela, mas... ela é minha namorada, e... eu não sei o que eu tinha na cabeça, eu não queria que ela tivesse a reação que teve agora.

— Mas, se você falasse isso antes, quem sabe ela aceitasse, com certeza iria entender, ela provavelmente adoraria ter a chance de reencontrar o pai também.

— Ela nunca... ah, deixa para lá.

— Sabe, da um tempo para ela, não conheço vocês muito bem, mas da para ver que se amam, vocês não vão se odiar por isso, espera até amanhã, vocês vão se resolver. Só tenha calma.

— É, você tem razão. Obrigada, Carl.

— Sem problemas.

— Ah, quantos anos você tem?

— Perdi a conta — ele riu — provavelmente 15... ou 16. E você?

— Provavelmente 19... 20 no máximo, então... namorada? Quem é?

— Ah, o nome dela é Enid, não é daqui, ela mora em Hilltop, é uma comunidade aliada.

Ficamos conversando por um bom tempo, Carl era divertido e inteligente. Quando vimos que o sol já estava nascendo voltamos para casa. Fiquei olhando Alicia dormir e ao mesmo tempo lendo uns gibis que Carl me deu antes de ir dormir. Ela parecia uma criança dormindo, o cabelo bagunçado no rosto, a boca meio aberta, o rosto apoiado em baixo de sua mão até que ela começou a se revirar no sofá é abriu os olhos, imediatamente fixo o olhar no gibi.

[Alicia]

Abri os olhos e a luz da janela borrava minha visão, esfreguei os olhos e vi Ellie lendo uma revistinha na minha frente, meu instinto foi dizer um "Bom dia" muito alegre mas rapidamente me lembrei de ontem à noite, apenas fiquei encarando-a um pouco, ela me olhou mas fingiu que eu não estava lá. Ficou um clima muito estranho, isso nunca tinha acontecido entre a gente. Levantei e ela continuou lendo o livro, sem nem mexer a cabeça. Fui até o banheiro lavar meu rosto, tranquei a porta me sentei no vaso e fiquei encarando a parede, quando percebi já estava chorando de novo até que alguém bate na porta.

— Ei? Você sabe que precisamos conversar né? — ouvi a voz de Ellie abafada pela porta de madeira. Enxuguei as lágrimas e fechei os olhos.

— Eu sei — falei enquanto ouvi a maçaneta girar.

— Você trancou? Abre, Ali.

Levantei do vaso me olhei no espelho e passei a mão no cabelo, abri a porta e ela estava com uma cara triste.

— Vamos conversar então — cocei o pescoço enquanto tentava desviar o olhar, mas eu não conseguia evitá-la.

— Vem — andamos até a porta e ela sentou em uma cadeira, a luz ainda estava fraca, deveriam ser seis da manhã ainda.

— Ellie, me escuta. Desculpa, eu fiquei péssima ontem, eu virei as costas para você e eu nunca me imaginei fazendo isso, ontem eu me senti um lixo, mas isso não tira a merda que você fez, e você sabe disso.

— Eu sei, eu quero te pedir desculpas também, de verdade, eu fui ridícula, eu sei, eu sei que deveria ter contado mas sei lá, eu me senti presa, Ali, eu jamais mentiria para você.

— Tudo bem, se quiser falar qualquer coisa, tudo, pode contar comigo — segurei sua mão.

— Idem — ela apertou minha mão.

— Vem cá — sorri e puxei ela para um beijo rápido.