Morango e álcool

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Nota da autora: Genteeeeee muito feliz por estar com vocês de novo! Espero que gostem dessa nova história e possam continuar comigo! Beijos e muito obrigada!  ☘

PS: Play na música  ♬



POV: LEVI  

Suas mãos enredaram-se entre os fios do meu cabelo e me puxaram de encontro a si com urgência. Seu peito tremia levemente a causa do frio causado pela roupa molhada e do choro baixo, cujas lágrimas, únicas testemunhas do seu pranto além das nuvens de verão carregadas de chuva lá fora e de mim, molhavam seu rosto.

Senti o coração pulsar com violência no peito quando sua mão deslizou até o meu pescoço. Fitou-me com olhos suplicantes enquanto deixava a próxima lágrima escorrer levemente, pousando em seus lábios pintados de um vinho intenso.

— Nanda...

Escorregou o indicador sobre meus lábios e busquei qualquer ponto de distração naquele galpão abandonado. Qualquer coisa que não fossem esses olhos e esse verde que me quitavam a respiração. Qualquer coisa que não fosse seus lábios trêmulos e a solidão que seu pranto abrigava.

— Por favor... — Sussurrou deixando escapar um soluço. — Por favor...

— Você bebeu demais, vamos para casa...

— Não... — Aferrou-se a gola da minha camisa e mordeu os lábios inquieta. Vê-la naquele estado despertava tantas coisas em mim que me vi imerso em sensações que não tinha a mínina idéia de como explicar. Fernanda nunca havia sido uma garota frágil. Em todos esses anos eu jamais a havia visto chorar dessa maneira, como se aquela maldita noite não fosse terminar jamais.

Pousei a mão sobre a sua e tentei ajudá-la a descer da enorme mesa de madeira repleta de caixas e ferramentas velhas e abandonadas na qual ela estava sentada, mas seus dedos fecharam-se abraçando os meus e o som da sua voz me paralisou por completo.

— Não me rejeite... Não hoje... Não vou suportar que aconteça de novo. Você também não. Levi por favor...

Meu coração golpeou meu peito uma vez mais. Dessa vez mais forte que nunca. Senti minha visão nublar na medida em que as lágrimas que eu não permitiria que caíssem chegavam aos meus olhos.

Dei um passo na sua direção e somente esse pequeno segundo pareceu toda uma vida.

Será que ela sabia? Será que alguma vez soube?

Acariciei seu rosto e sequei suas lágrimas enquanto via seus olhos fecharem lentamente. Deslizou com carinho sua mão sobre a minha e me perguntei se ela se dava conta do quanto eu estava tremendo.

Pousou uma mão sobre o meu peito e abriu os olhos surpresa e confusa enquanto sentia meu coração esmurrar meu peito. Desviei os olhos dos seus e a incerteza me paralisou enquanto ela me encarava insegura pela primeira vez desde que havíamos entrado naquele lugar.

— Me beija ...

Sua voz veio acompanhada pelas intensas gotas de chuva lá fora. Esse era o primeiro dia de um longo verão.

Nosso primeiro beijo veio de encontro a um trovão e tudo o que aconteceu depois foi a causa da tempestade.

Seus lábios tinham gosto de chiclete de morango e álcool. Seus dedos perderam-se entre os fios do meu cabelo puxando-me com força enquanto suas pernas me rodeavam a cintura e ela apertava seu corpo contra o meu.

Livrou-se da camisa ajustada que estava vestindo e arfei quando guiou minha mão até seu seio, suspirando enquanto o ar me abandonava.

Percorreu minhas costas com as unhas lentamente enquanto tirava a minha camisa e beijava meu pescoço, meu peito e deslizava os dedos até o cós do meu jeans.

Afastei meus lábios dos seus. Meu peito subia e descia com uma velocidade desmedida. Minha cabeça girava, meu corpo latejava e implorava para que eu esquecesse toda a razão.

— Nanda... A gente não devia...

Seus olhos de um verde caótico me fitaram desconcertados por um segundo. Mordeu os lábios e permaneceu imóvel observando o caos naquele lugar perdido no meio da noite na cidade.

Levou a mão até meu rosto com carinho e deslizou os dedos lentamente até os meus lábios. Já não havia lágrimas em seus olhos, sua respiração tranqüila acariciava meu rosto e a brisa fresca que entrava pelas janelas quebradas faziam os fios avermelhados do seu cabelo dançar. Os soluços haviam abandonado seu peito. Beijou-me com ternura, lenta e dolorosamente.

Seu nariz acariciou o meu enquanto ela mordia levemente meu lábio e minhas mãos escorregavam pela meia fina que cobria suas pernas. Envolveu-me com os braços enquanto seu corpo se contorcia levemente com o contato dos meus lábios em seus seios.

Deixou-se cair lentamente sobre a mesa fitando-me com ansiedade enquanto meu corpo cobria vagarosamente o seu. Deixei que sua mão deslizasse até a borda da minha calça e arquejei tendo a maldita certeza de que jamais havia me sentido assim antes.

Era ela.

Sempre seria ela.

Apertei com força a borda da mesa enquanto tentava controlar essa ânsia que me comprimia o peito.

Senti suas mãos encontrarem as minhas enquanto ela me fitava segura. Seus lábios buscaram os meus deixando escapar um sussurro carregado de anseio quando me livrei da meia rasgada que a cobria.

A chuva intensificou-se lá fora até que cada gota parecesse com pequenos pedaços de pedra caindo sobre o teto de telha daquele velho galpão abandonado.

Meus lábios ardiam, meu coração me sufocava, seus olhos me aprisionavam.

Deus como a amava...

Apertou o corpo contra o meu e senti o coração explodir por fim.

Abraçou-me enquanto meu corpo pressionava lentamente o seu uma e outra vez por um tempo que eu jamais poderia descrever ou contabilizar... A chuva lá fora era intensa, mas nossos corpos pareciam dançar outra música.

Arfou estremecendo sob meu peso enquanto eu me deixava cair. A cabeça apoiada em seu ombro, seguro de que meu coração jamais voltaria a bater como antes.

— Dizem que esse lugar será demolido no próximo mês. — Sua voz rouca fez meu pulso acelerar. — Todas essas coisas, e as pessoas que passaram por aqui, e todos esses anos e recordações... Tudo desaparecerá para sempre. Como se nunca tivesse existido...

Engoli em seco e permaneci em silêncio.

Como se jamais tivesse acontecido.


Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora