Voltas da vida

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Nota da autora: Olá pessoal! Nosso livro está chegando ao fim! Espero que estejam desfrutando tanto quanto eu dessa história! 

POV NANDA

Observei seu sorriso enquanto Bernardo caia da prancha e praguejava. O sol estava impossível aquela tarde. Típica tarde carioca. Meus pés afundavam na areia e Talita tagarelava sobre um novo bronzeador que deixava a pele levemente dourada, como se essa fosse sua cor natural.

Apoiei o queixo na mão e apoiei o braco nos joelhos flexionados. Não podia desviar meus olhos dele.

— Você está me ouvindo?!

Não. Eu não estava. E não tentei dissimular a minha completa falta de atenção pelo assunto do bronzeador solar.

Recebi um tapa no ombro e tentei borrar o sorriso estúpido que se havia tatuado na minha cara, mas Levi estava tao gato naquela prancha que era ridiculamente impossível desviar os olhos dele.

Fitei o anel de noivado que tinha no dedo e meu sorriso se alargou até ficar parecendo uma espécie de careta estranha.

— Ai meu Deus Nanda! — Minha amiga bufou ao meu lado, sentando-se e ajeitando seu chapéu de praia. — Por quanto tempo vai ficar encarando isso? Já faz tipo uma semana e você parece o Frodo encarando esse anel! Ele disse sim ok?! Su.pe.ra e relaxa pelo amor!

Assenti ainda fitando o anel e minha amiga desistiu, deitando de barriga para cima na canga e cobrindo o rosto com o chapéu para dar seu monólogo por finalizado.

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Abri a porta de casa sentindo que meu corpo pegava fogo. Não havia me dado conta da quantidade ínfima de protetor solar que tinha passado e agora tinha certeza absoluta que descascaria como uma cobra trocando de pele.

Meus passos apressados em direção a geladeira, estava desesperada por um copo de água bem fria, foram interrompidos pela cena a minha frente.

Meu pai. Sentado no sofá da nossa sala como se fosse bastante comum vê-lo ali depois de tanto tempo.

E o mais estranho era que minha mãe estava com ele. E eles não estavam discutindo. Eles estavam sorrindo. Tentaram disfarçar e ficaram super sem graça quando me viram entrar. Mamãe quase derramou o copo de suco que tinha nas mãos enquanto se afastava do meu pai. Ele eles estavam próximos... Bem próximos.

Permaneci parada alguns segundos no mesmo lugar sem saber para onde encarar enquanto meu pai balbuciava um "Oi querida" e minha mãe sussurrava um "Que tal o mar hoje?".

Assenti em resposta as duas perguntas e esbocei um sorriso enquanto finalmente me afastava e deixava o que quer que tivesse rolando ali seguir.

Então a baranga estava fora de jogo hum?

Interessante.

Muito. MUITO interessante.


Depois de tirar toda a areia do corpo em um banho de quase uma hora e me emplastar de creme hidratante, fiz o que qualquer filha normal faria.

Me esgueirei até a escara que levava ao andar de baixo e permaneci em silencio enquanto escutava atentamente.

Eles estavam sorrindo. Falando sobre coisas completamente desnecessárias como quando eu coloquei aparelho nos dentes e sobre quando desapareci uma vez na fila da vacina contra catapora. Fala sério!

Mas eles pareciam se divertir. Não pude evitar sorrir com eles.

Voltei pro quarto e observei o céu amarelo e azul lá fora. Meu anel de compromisso brilhava com a luz da tarde. O que estava acontecendo entre meus pais me mostrava mais uma vez que a vida pode tomar caminhos muito estranhos as vezes.

Escutei o celular vibrar em cima da cama.

Sentei-me e sorri para o estúpido aparelho.

LEVI: Já temos uma data.

Senti meus olhos lacrimejarem enquanto fitava a telinha que tinhas nas mãos, agora trêmulas.

LEVI: Embora você já seja minha... Um papel não fará com que você seja mais importante do que já é agora.

NANDA: Nesse papel diz que você lavará os pratos?

LEVI: Eu disse isso? Quando foi? Eu não lembro...

NANDA: Certamente deveríamos pôr essa parte nesse tal papel. Não quero problemas legais depois.

LEVI: Te amo.

NANDA: Ok, mas você lava os pratos.

LEVI: Você venceu.

NANDA: Eu sempre venço.

— Fernanda... — A voz da mamãe veio acompanhada de um toque sutil na porta.

Desviei os olhos do celular e abri a porta do quarto para dar de cara com mamãe e papai parados de frente para mim com olhos nervosos e esperançosos.

Não foi preciso dizer nada.

A vida e suas voltas loucas.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora