Sempre foi você

Estar com alguém

POV: NANDA

Enquanto dirigia pelas ruas quase desertas do meu bairro, sentia a ansiedade típica de quem sabe que está fazendo algo errado. Meus instintos gritavam para que eu retrocedesse, mas um impulso irracional e inexplicável me impeliu e eu segui adiante.

A frustração oculta na voz pacífica de Levi ecoava na minha cabeça e reverberava no meu coração. Suas palavras pesavam como pedra e pensar nisso me deixou sem ar. Mas segui em frente.

Me arrependeria.

Não era novidade para ninguém que isso aconteceria.

Quando entrei na varanda impecavelmente branca da casa de Brian e o vi sentado no espaçoso sofá através dos vidros que cobriam toda a parte da frente da casa soube que algo estava errado. Brian não parecia doente, não parecia nem sequer ter bebido o suficiente para causar metade do transtorno que Leo havia descrito.

Abri a porta abruptamente, sentindo o rosto queimar de raiva ao mesmo tempo que meu estômago embrulhava fazendo com que eu me sentisse terrivelmente enjoada com a cena que via adiante.

— Ahh se essa não é a minha garota! — Sorriu e apoiou a taça de vinho que tinha na mão na mesinha ao lado para logo em seguida levantar-se, abrindo os braços na minha direção. — Senti sua falta baby.

— O que acha que está fazendo Brian? — Minha voz ríspida era só um indício do que eu faria com ele se ele resolvesse se aproximar um centímetro a mais de mim. — Que merda está acontecendo aqui?

Sorriu enquanto observava Leo, sentado na outra ponta do sofá com um sorriso de burla nos lábios.

— Vamos Nanda. — Disse caminhando lentamente na minha direção. — Você já pode parar com isso amor. Amanda me contou tudo. — Fez um gesto como se matasse uma mosca com a mão, quitando importância do assunto. — Me contou sobre seu plano e sobre a mentira que era essa coisa toda com Sartori. Você já não precisa fingir para chamar a minha atenção baby... Eu sou um cara mais consciente agora. — Tocou meu rosto, afastando os fios dos meus olhos e acercou-se um pouco mais. — Isso me deixou bastante comovido. — Acariciou meus cabelos e senti calafrios desagradáveis pelo corpo. — Mas vamos parar com isso ok? Eu já entendi o recado.

Afastei-me atônita. De repente tinha perdido a fala. Meus olhos ardiam e eu estava tão furiosa que tive que apelar a todo o meu alto controle para não destrocar todas as obras de arte caríssimas que os pais de Brian tinham espalhado por toda a casa.

Franziu a testa, inclinando a cabeça levemente de lado como um felino e sorriu ironicamente.

— Brian são duas da manha e você deveria estar sangrando, vomitando e em péssimo estado!

— Vamos Nanda, você não pode estar chateada por essa pequena brincadeira. Afinal você está aqui não esta? Isso quer dizer que se preocupa comigo não quer?

— Isso quer dizer que sou uma estúpida! — Gritei afastando-me dele.

O sorriso desapareceu dos seus lábios em questão de segundos, dando lugar a uma expressão amarga.

— O que há com você? — Sua voz agora era baixa e ríspida. — Eu já entendi a coisa toda de te perder ok? Agora podemos seguir adiante?

— Está equivocado.

— Foi o que imaginei.

Surpreendi-me com sua resposta e também com a sombra que passou pelo seu rosto.