Nota da autora: Essa música é tão perfeita para eles!
POV: NANDA ♠
Deixei que as lágrimas fluíssem enquanto abraçava os joelhos e sentia o ar cálido e salgado da noite acariciar meu rosto. Observei a imensidão do mar a nossa frente e a rebeldia das ondas azul marinho que pareciam conter-se para não invadir toda a extensão de areia e a ciclovia que se perdia de vista.
Funguei sentindo a raiva e a frustração brotarem como erva daninha no meu peito e arderem em minhas veias e passei a manga do fino casaco jeans que Levi havia colocado sobre meus ombros sobre os olhos. O tecido tinha o cheiro dele. Uma mescla de protetor solar e mar que me tranqüilizou. Fitei-o de soslaio e finalmente as lágrimas cessaram.
Seus ombros eram amplos e firmes. Em poucos anos Levi havia mudado tão absurdamente que ficara difícil acompanhar. Havia deixado de ser o garoto magricelo que corria comigo pelo condomínio fugindo das ordens dos nossos pais para permanecer um pouco mais na piscina ou deitados na grama contando as estrelas que assegurávamos ser novos planetas pelo brilho incessante que mostravam nas noites de verão e havia se convertido em um homem. Seu nariz arrebitado havia deixado de ser ridiculamente engraçado e seus lábios rosados me deixavam inquieta de certa forma.
Fitou o céu e seus infinitos pontos luminosos sobre nossas cabeças em silêncio por alguns segundos até que seus olhos pousaram sobre os meus. Desviei os olhos dos seus. Sem entender o porquê, me sentia envergonhada demais para encará-lo.
— Você não deveria dar esse poder a ele. — Não havia sinal de reprovação ou censura em sua expressão. Assenti enquanto seus olhos desviavam-se dos meus e fitavam o mar. — Deixe ele descobrir sozinho. Não o pressione, não grite o quão estúpido ele é porque idiotas desse estilo tendem a ignorar qualquer pensamento que não pareça com o seu.
Sorri observando como um meio sorriso abria-se em seus lábios também. Era tão fácil estar com Levi e esquecer todo o resto que meu peito foi relaxando gradativamente enquanto eu estirava as pernas sobre a areia macia e me permitia escutar o ruído do mar lutando para vencer o som do tráfego da cidade.
— Acha que coloquei tudo a perder?
— Não. — Respondeu deitando-se a meu lado. O vento bagunçando seus cabelos escuros, os olhos fechados, a respiração tranqüila. — Acho que foi uma cena digna de uma novela mexicana. — Completou enquanto abria um sorriso burlão e recebia um tapa em troco.
Deitei-me a seu lado e fechei os olhos também. Nossos braços colados um no outro, nossas mãos roçando levemente como costumávamos fazer quando nos sentíamos esgotados por nossas preocupações infantis.
— Nanda?
Girei a cabeça para encará-lo e senti sua respiração encontrar a minha quando ele fez o mesmo. Seus olhos escuros eram doces de uma maneira tão cativante que era quase impossível não gostar dele logo de cara. Levi era esse tipo de pessoa. Ele era o tipo de pessoa na qual você podia confiar.
— Não pergunte. — Contorci-me inquieta sem poder tirar meus olhos dos dele. Senti uma pontada de irritação por já pressentir o que viria.
— Ok...
— Eu não sei! — Acabei cedendo enquanto suspirava pesadamente. — Não sei o que ainda me faz querer estar com ele. Brian é o tipo de cara que as garotas disputam a tapas. É bonito, tem carisma, é engraçado e bom na pista de corrida. Senti-me especial estando ao lado dele sabe? Quer dizer, receber a atenção do cara pelo qual todas as garotas morrem quando sua vida está de pernas pro ar... Quis fazer parte do seu mundo... Tudo parecia tão perfeito! — Mordi os lábios e encarei o céu tentando traçar linhas imaginarias e conectar as estrelas formando desenhos para me distrair. — Acabei me afundando nele...
— Está feliz assim? — Senti seus olhos cravados em mim e uma sensação incômoda revirou meu estômago.
— Eu não sei... Na maioria das vezes eu acho que sim.
Assentiu e o silêncio que veio a seguir inundou minha cabeça de dúvidas.
Depois de tudo, o que Brian significava pra mim?
Foi então que eu descobri que tinha mais medos com os quais lutar.
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Entrei sem fazer barulho, mas me deparei com a luz do abajur acesa. Um copo de whisky pendia perigosamente de uma das mãos da minha mãe enquanto com a outra ela acariciava os cabelos do meu irmão que dormia profundamente com a cabeça em sua perna.
— Ah você chegou! — Sua voz pastosa me atingiu como um pedaço pesado de metal. Respirei fundo e caminhei até sua frente, observando como Lipe respirava tranquilamente com um meio sorriso nos lábios. — Como foi a festa? Aquele seu namorado... Como é mesmo o nome dele? Bruno? Brian? Brian! Brian veio te buscar naquele carro vermelho importado?
Revirei os olhos e respirei fundo três vezes, logo peguei o copo delicadamente da mão dela e o apoiei sobre a mesa.
— Não mamãe. Brian e eu terminamos lembra?
Franziu a testa e me observou pensativa. Os olhos pequenos de sono e embriaguez.
— Ahh minha querida eu sinto muito! Eles são todos iguais. — Deu de ombros e tentou se levantar, esquecendo que Lipe dormia apoiado em sua perna. — Nós não precisamos deles!
Peguei meu irmãozinho no colo para que ela pudesse se equilibrar e caminhei lentamente até as escadas em forma de caracol que lavavam ao segundo piso do nosso duplex.
— Você deveria descansar mamãe. Odiará essa garrafa de whisky amanhã.
— Você é jovem demais Nanda. Cuida da sua vida! — Apontou o indicador pra mim e sorriu preguiçosamente. — Deixa que da minha cuido eu.
Assenti revirando os olhos e desapareci pelo corredor do segundo piso até a porta do quarto do meu irmão. Acomodei-o sobre a cama e o cobri colocando Lilu, seu ursinho remendado de pelúcia a seu lado.
Segui para o meu quarto fechando a porta e deixando-me cair pesadamente sobre a cama sentindo que meu mundo desmoronava pouco a pouco sobre a minha cabeça quando recebi uma mensagem e um sorriso abriu-se em meus lábios.
"De que tipo de bolinhos estamos falando? Que posição eu ocupo na sua lista de bolinhos?"
Aquela noite adormeci com a estranha sensação de que tudo ficaria bem.
Tudo estaria onde deveria estar em pouco tempo.
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Sempre foi você
RomanceLevi e Fernanda são compatíveis em quase tudo. Amigos de infância, suas vidas estão relacionadas nos piores e melhores momentos. Se Levi era a calmaria das águas, Nanda era a tempestade que tumultuava seu mundo tranqüilo. Certos sentimentos perman...