Sempre foi você

Resposta

POV LEVI

Estava paralisado.

O som da música de Fátima ecoava pelo ambiente como se viesse de um mundo paralelo. E talvez viesse. Um mundo onde eu estava li, parado enquanto a garota que eu havia amado durante praticamente toda a minha vida me pedia para casar com ela.

Sabia que deveria dizer alguma coisa e sabia que a julgar por sua expressão tensa e a maneira como ela mudava o peso do corpo inquieta, deveria ser logo.

Mas minha mente havia nublado. Eu estava em choque e aquele era o pior momento para ser um idiota completo, mas era difícil...

— Bem... — Fátima se aproximou de mim e pousou a mão sobre o meu ombro delicadamente. — Acho que a garota merece uma resposta. — Fitou-me com um olhar cúmplice, dando uma piscadinha significativa enquanto afastava-se novamente com seu sorriso de "sabe tudo".

Seus olhos verdes pousaram sobre os meus. Deu um passo nervoso na minha direção e observou ao redor enquanto todas as alunas fingiam não prestar atenção para que tivéssemos um pouco de privacidade.

— Levi eu... — Respirou fundo e fitou a caixinha na minha mão. — Eu... — Mordeu os lábios e encarou a piscina que disparava diversos pares de olhos na nossa direção. — Te amo... Depois de tanto tempo você sempre esteve aqui. Se eu olhar pra trás não existe um passado onde você não tenha estado... — As lágrimas que se acumularam em seus olhos me golpearam com força. O que eu estava fazendo? Por que estava ali parado como se justo agora não pudesse me mover? — E eu não quero um futuro onde você não esteja... Quero dormir e despertar todos os dias do seu lado. Quero enrolar na cama enquanto você tenta me colocar pra fora nos fins de semana para correr na praia. Quero tomar café da manha fazendo careta enquanto olho você entupir o pão de requeijão e quero me irritar com você todas as vezes que chegar tarde para o jantar. Quero ver um filme com a cabeça apoiada no seu ombro quando não tivermos mais nada pra fazer e acompanhar uma série estúpida de meninos com você. Quero brigar para decidir quem lavará os pratos e sentar na varanda de noite para fugir do calor do verão dentro do nosso apartamento... E quero outras coisas. Tantas outras coisas! Você...

Um meio sorriso inseguro formou-se em seus lábios quando minhas mãos tocaram seu rosto. Senti o roçar do seu nariz no meu enquanto seus olhos me fitavam. Pousou os olhos sobre meus lábios enquanto meus dedos escorregavam entre os fios do seu cabelo.

Neguei sentindo o corpo queimar tendo plena consciência de que meu coração podia ser ouvido por cima da música que tocava na rádio. Não pude evitar o sorriso bobo que se formou nos meus lábios enquanto eu finalmente saia do torpor.

— Eu lavo os pratos. — Respondi enquanto Nanda pulava no meu pescoço e escondia o rosto nele.

Escutamos aplausos e ambos agradecemos a platéia enquanto nossos dedos entrelaçavam-se e apertávamos a mão um do outro como tantas outras vezes.

E depois de tudo eu sabia que as batalhas não haviam terminado. Na vida de um casal elas nunca terminam. Mas podemos escolher como lutamos cada uma delas. Podemos escolher desistir, podemos colocar um pé na frente do outro e escolher seguir em frente. Podemos deixar tudo pra trás, podemos ceder às incertezas e podemos lutar por aquilo que sabemos plenamente.

Eu sabia que a amava.

Essa resposta nunca mudaria.