POV LEVI
— Eu estou dizendo! — Balançava um pouco as mãos no ar. Seu short curto deixava o bronzeado das suas pernas a amostra e seus cabelos vermelhos brilhavam com o sol a pino que brilhava sobre nossas cabeças. Eu adorava o jeito como a pele dela brilhava quando ela tomava sol. — Ele é irritante! Como uma adolescente do segundo grau pegajosa e cheia de mãos aqui e ali.
— Isso deve ser mesmo constrangedor. — Talita opinou enquanto desviava sutilmente de um skatista que vinha na direção oposta sobre a pista da orla do Recreio.
— Eu to dizendo! — Enfatizou a palavra dizendo de forma dramática, como se isso pudesse dar mais veracidade ao seu relato.
Havíamos passado mais de vinte minutos escutando os lamentos de Nanda sobre os encontros com o pai e a namorada. Eu estava realmente surpreso com a sua insistência, mas é claro que aquela proximidade rendia horas e horas de terapia. Ela não estava confortável com aquela situação, mas estava decidida a tentar. E não era típico de Fernanda estar em este tipo de situação a menos que valesse a pena. Fiquei feliz por ela achar que seu relacionamento com o pai valesse a pena. Fiquei feliz por ela ter seguido adiante.
Chegamos a porta do condomínio depois de mais de quarenta minutos de caminhada e o porteiro do turno nos recebeu com um sorriso. Miguel trabalhava ali durante anos e eu estava seriamente inclinado em achar que ele jamais tinha problemas. Era desconcertante ver o mesmo sorriso sincero em seu rosto todos os dias enquanto em nossas vidas saltávamos obstáculos uma e outra vez. O sorriso de Miguel era relaxante. Até mesmo Nanda interrompeu o seu relato para retribuir o seu "bom dia" e Talita, cujo humor oscilava entre a perda recente da mãe e o fato de ter que seguir adiante, abriu um tímido sorriso na direção dele.
— Você tem visita. — Informou-me quando passei por ele.
Sorri sem saber o que esperar com relação aquela informação. Não estava esperando ninguém e meus pais haviam viajado para a casa da vovó por duas semanas para aproveitar algum tempo de férias de qualidade em família.
Nanda já havia retomado o tema enquanto caminhávamos em direção a porta de entrada do prédio.
Então ambos paramos de caminhar e somente Talita seguiu adiante.
— Hey nerd! — Seu sorriso era tão amplo que seus olhos estreitara-se até quase desaparecerem em uma linha fina em seu rosto. — Não vai me dar um abraco? — Perguntou observando de soslaio a pequena mala de mão que tinha a seu lado. — Senti sua falta.
Janet não esperou uma resposta. Ela nunca esperava. Correu até meus braços sem se importar com o quão transpirado eu estava e o que passaria com seu vestido cheio de camadas e se pendurou no meu pescoço.
Quanto tempo havia passado? Seis anos? Sete?
O fato é que ela havia sido enviada, para seu próprio bem e para conquistar um futuro incrível, para uma escola na Europa. Mais precisamente Suíça. Seus pais podiam pagar por isso e não queriam nada menos que um futuro brilhante para a filha. Longe dessa cidade caótica cheia de samba e malandragem que era o Rio de Janeiro.
Éramos muito próximos. Papai, ao contrário da minha mãe, não fazíamos parte de uma família muito grande e eu era o único primo que Janet tinha.
Costumávamos, quando pequenos, pedir a nossos mais que agrandassem a família. Como se isso dependesse de uma espécie de botão de fabricar bebês o algo pelo estilo.
Um mês antes de Janet ser enviada para iniciar seu futuro promissor tivemos um desses momentos... Foi algo rápido e seguramente complicado para os dois, mas foi intenso de certa forma.
Jamais amei outra garota na vida que não fosse Fernanda. Mas existiram outras das quais ainda me lembro. Janet havia sido uma delas.
Escutei o som inquieto de Fernanda logo atras de mim, limpando a garganta e mordendo os lábios enquanto seus olhos vagavam de um lado a outro.
— Ah hey! — Janet me soltou e se dirigiu a mina namorada. Ah merda... — Eu me lembro de você! Fernanda não é mesmo? — Estendeu a mão na direção de Nanda com um sorriso enorme nos lábios. — Acho que você não lembra de mim. Janet, prima do Levi...
— Eu lembro. — Sua voz deixava mais que evidente que ela lembrava sim, mas não parecia exatamente emocionada com isso.
— Nossa vocês estavam sempre juntos naquela época! — Janet continuou, ignorando a rispidez na voz de Nanda. — E parece que ainda estão sempre juntos agora. — Constatou recuando um passo para estar novamente de frente para mim.
— Não é incrível?! — Nanda não parecia realmente achar nada daquilo incrível. Ela só estava sendo terrivelmente sarcástica. Quis termina com aquela situação de uma vez por todas, mas as coisas ainda podiam ficar piores. E ficaram.
— Nossos país estão juntos na casa da vovó. Parece que resolveram passar uma espécie de férias em família no campo ou algo assim. Depois de tanto tempo enfurnada naquele país frio o último que eu queria realmente era me enfurnar em uma fazenda. — Informou antes mesmo que eu perguntasse. — Então vim passar os meus primeiros dias de volta ao meu mundo com você. — Seguiu até a mala e a pegou, fitando-se com olhos expectantes. — Podemos subir agora? Estou realmente faminta!
Ah merda!
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Sempre foi você
RomanceLevi e Fernanda são compatíveis em quase tudo. Amigos de infância, suas vidas estão relacionadas nos piores e melhores momentos. Se Levi era a calmaria das águas, Nanda era a tempestade que tumultuava seu mundo tranqüilo. Certos sentimentos perman...