Ciúmes

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POV NANDA

Sentou-se na frente dele e levou o sanduíche de presunto e queijo a boca. Talita remexeu-se incomodada ao meu lado, como se desejasse muitooo sair dali logo antes que a guerra começasse.

Levi trouxe uma jarra de suco e a colocou sobre a mesa. Sua expressão era tensa, embora ele fizesse um esforço tremendo para disfarçar.

— Como eu sentia falta disso! — Janet exclamou servindo-se um copo de suco e observando a janela onde o sol brilhava forte lá fora. — Tudo lá é tão frio! É como se o sol não existisse por tipo, quase o ano inteiro. Muita gente sofre de depressão sabe?

— Deve ser terrível. — Talita opinou, sem saber muito o que dizer.

— Totalmente! Mas agora eu estou aqui. Não penso voltar praquele lugar tão cedo! — Ficou Levi, que se sentou ao meu lado e lhe ofereceu um sorriso débil. — E então nerd? Fiquei sabendo do campeonato de natação! Mamãe me mandou uma foto do jornal por email. Eu vasculhei todos os jornais online. — Piscou para ele e mordeu o sanduíche. — Você é bom mesmo! Quero dizer, de verdade!

— É eu não fui nada mal.

— Nada mal?! Quanta modéstia! Quando vai me ensinar a nadar? Foi uma promessa lembra? Entes de me exportarem para a Suíça... — Revirou os olhos e o fitou expectante.

— Ah... Eu...

— Podemos começar hoje? — Seu sorriso se alargou nos lábios e ela quase saltou da cadeira. — O dia está lindo lá fora! Seria perfeito poder voltar para casa assim!

— Janet eu não sei...

Fez um bico e encarou seu copo de suco desapontada.

— Acho que cheguei em uma péssima hora né? — O brilho da sua voz tinha apagado. Ela parecia realmente infeliz agora. — Desculpa chegar assim de surpresa. Seus país disseram que não haveria problema, mas eu obviamente deveria ter te consultado.

Levi respirou fundo a meu lado. Eu sabia que agora ele estava se sentindo péssimo.

— Tudo bem. — Respondeu por fim. — Troca de roupa, vamos a piscina do condomínio.

Janet não esperou que ele pudesse mudar de idéia. Como uma criança cujos pais haviam anunciado que levariam ao parque de diversões, saltou da cadeira e desapareceu com sua mala pelo corredor que levava até o banheiro.


O sol estava realmente incrível. Acomodei-me na cadeira de plástico que ficava em volta da piscina e arrumei o meu biquíni, colocando os óculos de sol e os fones de ouvido. Talita havia desaparecido na primeira oportunidade. Eu não a culpava. As coisas estavam...Tensas.

Ignorei o fato de Lavi estar na piscina com Janet nos bracos, ensinando-a a boiar enquanto ela ria copiosamente quando afundava, de repente, que nem pedra. Ignorei as mãos dele na cintura dela e da forma como ele tentava esconder que estava se divertindo. Ela era o oposto de mim. Angelical, inocente... Seguramente virgem e nada explosiva.

Eu, pelo contrário, não saberia dizer quanto tempo mais agüentaria até afogá-la e terminar com essa história.

As vezes seus olhos encontravam os meus e Levi sorria, tentando inutilmente me fazer entender que aquela situação não era estranha. Quer dizer, eu sabia TUDO sobre ele! Eles já tinham SAÍDO! Janet não era uma prima qualquer e antes isso não me havia incomodado, mas agora eu estava fervendo de ciúmes!



Ela estava quente. Realmente muito, muito quente.

Entrei no quarto com uma xícara de chá e um remédio para baixar a febre. Sua mão apertava a dele e seus olhos estavam fechados. Ela estava transpirando.

— Você acha que deveríamos levá-la ao médico?

— Não Levi. — Sua voz não era mais que um sussurro. Tossiu e apertou mais a mão dele. — É só uma gripe. Vou estar melhor amanhã. Deve ser a mudança de clima... Só... Fica aqui comigo.

Levi suspirou fundo. Sua cabeça parecia querer explodir, mas ele assentiu.

Me permitir soltar mil palavrões dentro da minha cabeça enquanto lhe entregava o remédio e o chá.

— Obrigado. — Seus olhos doces encontraram os meus como se ele pedisse desculpa.

Assenti e me sentei na cadeira do outro lado do quarto.

Adormecemos quando o cansaço finalmente nos dominou.


Despertei assustada no meio de um pesadelo. A noite ainda dominava tudo lá fora e o silencio ainda tomava conta de tudo ali dentro. Fitei a cama e demorei um pouco para assimilar a cena. Demorei ainda mais para conter a vontade de arrancá-lo dali. Sua cabeça repousava ao lado dela e embora Levi estivesse sentado em uma cadeira ao lado da cama, ela tinha uma mão sobre seus cabelos e a outra apertando firmemente a mão dele.

Eu não podia lidar com aquilo e estava evidente que também não podia fazer uma cena de ciúmes diante daquela situação.

Abri a porta do quarto e saí em silencio.

Passei direto pelo andar de casa, embora fossem quatro da manha e sentei-me em frente a piscina. A noite ainda era morda e confortável.

Escutei passos descoordenados ao meu lado e quase morri de susto quando ele se sentou ao meu lado. Era alto, como se não pudesse parar de crescer. Seus cabelos eram claros, fios loiros para todos os lados. Seu sorriso parecia burlar-se de tudo.

— Hey. — Sentou-se a meu lado e me fitou com curiosidade. — O que está fazendo aqui a essa hora?

— Eu poderia perguntar o mesmo. — Respondi estreitando os olhos e reparando em como sua roupa estava amassada.

— A noite é uma criança. — Respondeu fazendo uma careta da própria frase pré fabricada.

Sorri concordando lentamente.

Para caras como César a noite jamais tinha fim. Caras como ele apareciam depois de uma festa digna de filmes na piscina do condomínio cambaleando levemente e te contavam piadas terríveis que acabavam te fazendo rir.

Não sei quanto tempo estivemos ali, mas foi realmente muito.

Quando dei por mim, o sol já havia voltado a brilhar no céu.  

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora