POV: Nanda ♠
Passar pela porta principal da faculdade foi um banho de água fria de realidade. Depois do carnaval mágico na casa dos avós do Levi, eu era recebida depois de um dia cansativo de trabalho na loja por nada menos que Isa, que me esperava de braços cruzados no corredor, com uma atitude nem um pouco amigável. Aquela velha história de expressão de auto-suficiência, nariz empinado, raio lazer no olhar sabe?
A ignorei solenemente. Eu não tinha tempo praquilo. Tinha que contar todo e cada detalhe dos últimos dias a Talita e Amanda e tinha messssmo que começar a prestar atenção nas aulas se quisesse salvar minhas notas medíocres.
Mas é claro que não seria tão fácil. Contudo, pelo perfil dela, nunca achei que fosse ser assim tão vergonhoso.
Segurou meu braço no momento que passei a seu lado e revirando os olhos, olhei ligeiramente para baixo. Sua estatura não era intimidante. Nem um pouco para ser sincera.
— Acho que precisamos conversar. — Disse. Os olhos cravados no meu rosto.
— Precisamos? — Livrei meu braço do aperto da mão dela e a fitei com desdém.
Percorreu meu corpo como se eu não passasse de um monte de roupa velha e amassada e senti meu sangue ferver só um pouquinho. Eu tinha coisa mais importante pra fazer!
— Não se faça de desentendida Fernanda. — Pronunciou meu nome como um palavrão e sorri com sarcasmo. Quem droga ela pensava que era? — É tão típico de garotas como você!
— Garotas como eu? — Revirei os olhos e ajustei a mochila nas costas, dando um passo na direção dela, obviando ainda mais nossa diferença de altura. — Primeiro, quando ficamos amigas para que você me pare no corredor e me atrase para a aula? Segundo, de que merda está falando?
Seus lábios se estenderam em um sorriso cínico e ela sustentou meu olhar. Um desafio implícito na forma como batia os dedos ritmicamente no antebraço me indicava que aquela conversa seria desagradável e cansativa.
— Você se acha especial não é? Acha que pode, depois de anos, tê-lo assim tão fácil?
Aquela conversa me fez lembrar de Amanda e senti um aperto no peito. Mas não durou tempo o suficiente para que eu recuasse.
— Olha Isa, eu não sei que bicho te mordeu e nem porque você acha que me conhece. Nunca te dei intimidade pra isso. Também não sei o que te faz achar que não o mereço, você não sabe nada sobre isso. Não sabe nada sobre a gente. Você não sabe o que passamos para chegar aqui. E eu não tenho a mínima intenção de te explicar. Agora, da licença. Eu tenho coisas mais importantes que fazer com o meu tempo.
Passei por ela antes que ela pudesse pronunciar qualquer outra palavra.
Entrei na sala sentindo o sangue ferver. Aquela garota tinha conseguido me deixar de mal humor. Apoiei minha mochila na cadeira e tirei o caderno de dentro um pouco rápido demais, o que fez uma das folhas rasgar e incrementou minha irritação.
Eu pensei que aquilo tinha sido mais que suficiente para um dia, mas estava enganada.
Brian sentou-se na mesa a minha frente, um sorriso convencido nos lábios e os olhos azuis frios cravados em mim.
— Hey baby. — Cravei meu olhar no rosto dele desejando que minha mirada fosse como pedras, chocando-se contra sua cara presunçosa repetidamente.
Levantou as mãos em sinal de paz e abriu mais o sorriso, sendo terrivelmente sexy (vomitativo) exatamente como ele fazia com todas as meninas quando queria algo em troca.
— Vai me dizer o que está fazendo aqui ou vai sair da minha frente com o pouco da dignidade que te resta?
— Uauuu — Assoviou baixinho e recuou um pouco como quem desvia de uma lança invisível. — Alguém aqui está de mal humor.
— E você aparecer na minha frente não vai melhorar isso. Agora da o fora Brian.
— Sabe Nanda, estou começando a achar que sinto mais sua falta do que imaginava.
— Ah mesmo? — Levei a mão ao peito piscando algumas vezes inocentemente. — E eu deveria me comover com isso?
— Eu não disse isso.
— Então já da pra desaparecer da minha frente?
— Eu só vim dizer que sinto muito. — Seus olhos brilharam um pouco. — Quer dizer, sobre aquela história toda de contar suas coisas pro Levi.
Eu não acreditava em uma palavra do que ele estava dizendo.
— Não, não sente não e não me importa. O que você quer Brian?
— Bom. Já que é assim... — Apoiou a cabeça em uma das mãos e me encarou todo inocente. — Amanda. — Disse finalmente, me deixando completamente chocada. — Acha que pode me ajudar com isso?
Aquela noite estava ficando cada vez mais irrisória.
E os dias a seguir me mostrariam que esse era só o começo.
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Sempre foi você
RomanceLevi e Fernanda são compatíveis em quase tudo. Amigos de infância, suas vidas estão relacionadas nos piores e melhores momentos. Se Levi era a calmaria das águas, Nanda era a tempestade que tumultuava seu mundo tranqüilo. Certos sentimentos perman...