Algo complicado

229 52 14
                                    


POV: NANDA 

Acordei no hospital e revirei os olhos enquanto observava com desgosto onde tinha ido parar.

Amanda levantou-se da cadeira onde certamente estivera sentada por horas e parou do meu lado, com seus olhos esbugalhados de pânico e culpa enquanto segurava a minha mão.

— Eu sinto MUITO! Ai meu Deus! Eu não tinha idéia você nunca me contou!

— Eu sei, é culpa minha.

— Não! A culpa é totalmente minha! — Disse apertando minha mão enquanto minha mãe sorria e acariciava o ombro da minha desesperada amiga para tranqüilizá-la.

— Ela ficará bem. — Disse a uma Amanda aflita. — Só esqueceu, como sempre, de andar com o injetor na bolsa. — Fitou-me com os olhos faiscando. Tentei sorrir e parecer inocente, mas eu não era. Esse não era o primeiro susto que eu dava nos meus pais.

— Nanda! — Talita entrou pela porta como um raio, acompanhada de Bernardo, que a seguia parecendo um pouco confuso.

Fitei-a surpresa. O que ela estava fazendo ali?

Encontrei a resposta no rosto culpado de Amanda.

— Ai meu Deus você está bem? — Parou do meu lado observando-me atentamente. — Seu rosto está cheio de umas bolinhas esquisitas... Você sabia disso né? — Franziu o nariz e estreitou os olhos enquanto me analisava. — O que deu em você?! — Deu um tapinha de leve no braço de Amanda. — Você sabe que ela é uma chocólatra incurável! Como foi dar amendoim pra ela?!

— Eu não... — Amanda começou a balbuciar.

— Ela não sabia. — Respondi enquanto coçava o braço e levava um tapa na mão da minha mãe.

— Você está bastante esquisita... — Talita levou a mão aos lábios para esconder o riso enquanto dava um tapa em Bernardo por rir abertamente da minha cara.

— Aonde o Levi foi? Não gosto de estar rodeado de meninas histéricas sozinho.

Um silêncio incômodo invadiu o quarto.

Dei de ombros quitando importância do tema e forcei um sorriso. Levi sempre estivera comigo, independente do que acontecesse. Quanto tempo havia passado? Algumas semanas? Um século?

— Ele ganhou a maldita competição nacional Bernardo! — Respondi agradecendo por minha voz ter soado descontraída. — Acha que se internaria em um hospital comigo?

— Conhecendo o Levi... Ai! — Talita o beliscou tão forte que sua frase ficou pela metade.

Encarei minhas próprias mãos, cheias de ridículas bolinhas avermelhadas e sorri ao pensar no rosto dele quando seu nome foi anunciado no alto falante.

Era disso que se tratava não era?

Quero dizer, amar alguém. Amar de verdade.

Quando você pode sorrir com o outro mesmo que esse sorriso não seja seu.


Observei atentamente para comprovar que mamãe havia adormecido e me senti culpada pela forma estranha e desconfortável em que ela se encontrava no pequeno sofá do quarto de hospital. Não havia necessidade de ter passado a noite ali. Eu estava completamente bem. Amanda tinha sido bastante rápida em pedir ajuda e mamãe havia chegado em menos de dez minutos na praia. Mas essa era a minha mãe, ela jamais permitiria que eu voltasse pra casa sem uma noite completa de supervisão.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora