POV: NANDA ♠
De repente aquele quartinho oculto que antes nos fazia sentir tanta adrenalina, que antes parecia ser uma parte secreta do nosso mundo, agora parecia pequeno demais. Tínhamos crescido, havíamos mudado e meu coração agora parecia grande demais pro meu peito.
Eu sabia como acalmá-lo.
Todas as luzes estavam apagadas. Meu apartamento estava imerso em um completo silêncio, mas surpreendentemente o vazio que eu costumava sentir quando meus pais estavam travando sua guerra fria já não estava ali. Esse era outro tipo de silêncio. Um silêncio pacífico.
Passei na ponta dos pés pelo quarto de mamãe e logo espiei o quarto de Lipe e sorri ao vê-lo dormir placidamente em sua cama.
Abri a porta do meu quarto e a escuridão prateada da noite que invadia o ambiente nos recebeu.
Fechei a porta atrás de mim e o empurrei contra a parede. Levi sorriu lutando para entender meus movimentos apressados, desconexos, atrapalhados. Jamais havia me sentido assim antes. Tinha sentido tesão por muitos caras, mas tinha dormido com poucos. Achei que o que sentia quando dormia com Brian era desejo, afinal ele era realmente o tipo de cara desejável, mas o que estava sentindo agora não se parecia em nada com isso.
Era tão real!
Como se durante todo esse tempo, sem saber, estivéssemos aprendendo como ser exatamente o que o outro precisasse que fossemos.
Livrei-me de sua camisa e deslizei os dedos pelos músculos da sua barriga. Seus lábios buscaram os meus enquanto minhas mãos percorriam seus ombros largos e seus braços me puxavam firmemente pela cintura colando meu corpo ao seu. Livrei-me da camisa que vestia e sorri a me ver enredada na presilha que tinha no cabelo. Escorregou a mão pelo meu braço ajudando-me enquanto sorria do torpe que eu poderia ser. Traçou uma linha quente que me proporcionou uma sensação de vazio na boca do estômago quando acompanhou com o indicador a alça do meu sutiã, fazendo-a escorregar sobre meus ombros lentamente. Suas mãos fecharam-se em torno dos meus seios e senti que de pronto meu coração saltaria do peito. Estava segura que ele podia sentir... Eu sentia em cada célula do meu corpo.
Não me sentia nervosa, não estava tensa e não tomei cuidado tentando parecer a garota perfeita. Seus olhos me diziam que eu era perfeita assim.
Apoiei a mão sobre seu peito e tive certeza que ele também tinha dificuldades para respirar.
Escorregou os lábios sobre os meus, mordeu suavemente. Puxou-me pela nuca enredando os dedos entre os meus cabelos enquanto caminhávamos em zigue zague desviando por milagre dos móveis no caminho.
Senti o colchão macio da cama sob meu corpo e o puxei de encontro a mim. Seu rosto era um fragmento da lua e da escuridão. Meu corpo estremecia de ansiedade...
Diferente daquela primeira noite no galpão, quando minha cabeça era um caos e meu coração parecia haver-se fragmentado, ali eu estava inteira.
Mordi os lábios com um meio sorriso quando Levi finalmente parou de me torturar. Seu corpo pressionou o meu lentamente, suas mãos apertaram as minhas enquanto eu me movia de encontro a ele.
E como se estivesse escrito em algum tipo de livro desconhecido e sagrado, meu corpo me fez entender que meu coração não sairía disparado do peito.
Eu só estava completamente na dele.
Completa e inevitavelmente.
Escutei o som antes de poder assimilar de onde vinha aquela música tão inoportuna.
Atendi antes que mamãe ou Lipe acordassem e coloquei o celular no ouvido observando com estranheza a hora. Duas da manhã.
A voz de Leo me causou arrepios. Leo era um dos melhores amigos de Brian. Alguém com quem ele costumava sair pra arrumar confusão em seu carro importado para logo depois sair ileso pela família importante a qual pertencia. Não me leve a mal, eles não saíam por ai batendo nem matando ninguém, mas causavam confusão desnecessária pela rua, não pagavam contas exorbitantes de restaurantes caros e causavam distúrbios em locais públicos. Eu costumava achar isso uma estupidez, mas tentava estar "na onda". Agora não entendia como havia me deixado levar por tanto tempo.
— Nanda? — A voz de Leo geralmente não tinha esse tom. Ele sempre soava descontraído, como se seus vinte dois anos fossem durar pra sempre.
— O que você quer...
— Você precisa vir aqui!
— O que?! — Apoiei-me sobre os cotovelos atônita. Levi sentou-se a meu lado e me observou curioso.
— Brian bebeu demais, arrumou briga com uns caras no bar. Não para de chamar seu nome. Os vizinhos estão ameaçando chamar a polícia. Os pais dele estão fora... Ele está um pouco machucado. Você poderia vir?
— Você está louco Leo?! São duas horas da manha! Eu não penso sair da minha casa...
— Por favor. Esses dois últimos anos não significaram nada pra você? Quer dizer, agora você vai só deixar o cara assim?
— Isso não tem nada a ver com você. Não se meta na minha vida.
— Nanda o cara está arrasado. Só... Vem agora, por favor.
E desligou.
Praguejei tragando a cólera enquanto apoiava a cabeça nas mãos e suspirava profundamente.
— Levi eu...
— Quer que eu vá com você?
Fitei-o com dificuldade em meio à escuridão do quarto e senti um nó na garganta.
— Não. Acho que isso só pioraria as coisas.
Assentiu e colocou a roupa em silêncio. Apressei-me em me vestir também enquanto tentava pensar em algo que não soasse a uma desculpa para dizer.
— Logo vou estar de volta, quer dizer. Posso passar no seu trabalho amanhã na hora do almoço e comemos juntos? O que acha?
— Ok.
Droga... Droga!
— Levi eu...
— Nanda você não precisa me explicar nada ok?
— Não é isso...
— Então o que é?
— Ele não está bem, quer dizer, se sente mal e está machucado. Está arrumando uma confusão daquelas e não posso deixar...
— Nanda você está saindo as duas da manhã para socorrer um cara que pode perfeitamente cuidar de si mesmo sozinho.
— O que você quer dizer?
Senti uma queimação na boca do estômago que me fez sentir estranha, agitada.
— Quero dizer que talvez você só esteja confusa sobre a gente.
Engoli em seco. As palavras rebotavam na minha cabeça, todas fora de ordem, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa o celular voltou a tocar e Levi me deixou sozinha para poder conversar e socorrer um Brian completamente embriagado.
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Sempre foi você
RomanceLevi e Fernanda são compatíveis em quase tudo. Amigos de infância, suas vidas estão relacionadas nos piores e melhores momentos. Se Levi era a calmaria das águas, Nanda era a tempestade que tumultuava seu mundo tranqüilo. Certos sentimentos perman...