Trato

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POV: LEVI  

— Levi... Levi! — Bernardo estalou o dedo na frente do meu rosto e tragou o humo enquanto observava distraidamente o portão de entrada da faculdade. — Onde merda você anda com a cabeça hoje cara?

Observei sua jaqueta de couro preta e sua postura descontraída enquanto fitava o vai e vem de calças ajustadas, vozes e sombras que passavam apressadas por nos dois.

— Sabe Levi. — Disse tirando o cigarro da boca e me observando com atenção enquanto soltava o humo vagarosamente. — Você deveria simplesmente relaxar. — A sombra de um sorriso passou por seus lábios e ele pousou a mão no meu ombro. — Deveria simplesmente transar com alguém antes que seu pinto enferruje. — Jogou o cigarro no chão e pisou sobre ele com suas botas negras que não combinavam em nada com o início do verão carioca. — Porque essa coisa toda é muito gay sabia? E eu não quero ser o melhor amigo da porra de um viado!

Revirei os olhos enquanto me safava do aperto da sua mão no meu ombro e o escutei sorrir enquanto piscava para uma das incontáveis garotas que entrava com passos apressados pelo portão da faculdade.

— Então é isso o que você fica fazendo quando está me esperando?! — Bernardo fez uma careta de dor enquanto fitava de relance o rosto de Talita, que mordia os lábios na tentativa de conter o riso enquanto o beliscava delicadamente para por fim passar os braços ao redor do seu pescoço e beijá-lo.

— Eu só estava constatando o quão sortudo eu sou... Quer dizer, o que deu em todas essas mulheres horríveis hoje?

Revirei os olhos e fitei o relógio.

Estava atrasado.

— Você deveria me levar mais a sério! — Escutei a voz de Bernardo ficando pra trás enquanto eu avançava. — Pensa no que eu te falei, sua vida está passando cara!

Mostrei o dedo médio e escutei sua risada antes de cruzar a porta de entrada principal do prédio e ser tragado pelo corredor repleto de estudantes que seguiam em um completo caos caminhos diferentes.


Situada na Barra da tijuca, a UniBarra tinha ganhado o título de maior e mais completa universidade do Rio. Seu campos era três vezes maior que as federais da cidade e apesar de ser paga, a prova de ingresso era tão restrita que o índice de aprovação era quase irrisório. Oferecendo cursos variados, a universidade continha alunos de todos os estilos e talentos. Seria um caos se não fosse tão impossivelmente estruturado. E estava claro que manter-se ali custava mais que boas notas.

Acomodei a mochila nas costas e praguejei vendo como os segundos passavam e o tumulto intensificava-se perto do vestuário masculino.

Alcancei finalmente a porta do vestuário comprovando que ainda tinha dez minutos. Teria que ser suficiente. Tirei a mochila das costas e abri a porta, mas não pude entrar.

Não quando todo o tumulto ao redor pareceu desaparecer só para que eu pudesse ouvir o som da risada dela.

— Ah hey Levi!

Amanda parou a minha frente e sorriu enquanto tirava um pirulito em forma de coração da boca e me observava com seus enormes olhos castanhos como quem espera mais que um simples cumprimento.

— Você tem treinamento hoje não é? — Perguntou enquanto acomodava a bolsa no ombro e ruborizava. — Bom... Eu queria te desejar sorte. — Encarou os próprios pés e acomodou o cabelo atrás da orelha. — Quer dizer... Não que você precise. Você é... — Fitou-me um pouco inibida e tragou em seco. — Você é realmente muito bom, mas sei quer as competições são cada vez mais difíceis... Então... Eu e a Nanda estaremos lá. Você sabe, para torcer por você.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora