Capítulo 87

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Giovana

Continuamos naquele silencio ensurdecedor por mais alguns segundos, até que sua voz agride meus ouvidos.

-Oi Giovana. –Ela diz com uma expressão sofrida, a mesma que conheci no hospital no dia anterior.
-Carol? Olha se veio aqui para discutir, já adianto que não estou afim de discutir nada. –Digo ríspida, mas avaliando minuciosamente sua expressão, aquela superioridade toda e deboche que sempre existiu em seu rosto desde que a conheci, na sala dos médicos fazendo massagem nos ombros do meu Thiago, tinha dado lugar a uma expressão de dor e tristeza.
-Eu não vim aqui para discutir, preciso conversar com você. –Diz calmamente, existe pesar em sua voz.
-Não temos nada pra falar, Carolina. –Disse me encostando no batente da porta.
-Prometo que não tomarei muito do seu tempo, serei concisa em minhas palavras. –Ela parecia mais dócil, Hiago já havia dito isso ontem, será que ela está doente? Talvez eu devesse checar a febre dela, ela não é assim, ao contrário, é a capeta que faz da vida do meu príncipe um inferno.
-Entra. –Disse depois de pensar por alguns segundos. –Sente-se. –Ela não merece meu bom tratamento, mas como já disse uma vez, minha mãe me ensinou tratar bem as visitas que chegam a nossa casa, independente de quem sejam.
-Então Giovana. –Ela disse olhando ao redor e sentando-se em seguida. Sentei-me em sua frente e olhei seu rosto, ela parecia pensar em cada palavra antes de pronuncia-las. –Você pode me oferecer um copo d’agua? –Fala tirando um porta-capsulas da bolsa, olho ela tirando duas capsulas de lá e me levanto, vou até a cozinha, um olho no peixe e o outro no gato, não sei o que ela está aprontando, então é melhor que eu fique atenta, de uma chantagista podemos esperar tudo.
-Aqui. –Disse entregando-lhe um copo com agua, ela toma as capsulas, seus olhos continuam tristes, depois de pressionar a têmpora por alguns instantes ela me olha. –Você está bem? –Pergunto.
-Vou ficar. –Ela diz e respira fundo. –Giovana, o motivo pelo qual estou aqui, passando por cima de todo meu orgulho, é porque eu preciso de ajuda. –Ela disse abaixando a cabeça e fungando, fiquei olhando para ela com curiosidade até que ela prosseguiu. –Sei que temos nossas diferenças, mas eu quero que saiba que em nenhum momento enquanto Thiago estava com você eu seduzi ele ou algo do tipo, eu respeitava muito.
-Ah, claro que sim. –Disse com sarcasmo na voz.
-Talvez você não acredite em mim, você tem todo o direito de me odiar, afinal me casei com o homem que você amava, mas não fui eu que procurei ele, na época quando ele me procurou, eu ainda o fiz lembrar de que ele era noivo, só que ele me disse que você tinha ido embora, só então fiquei com ele, eu estava ciente na época de que estava sendo usada, mas mesmo assim, tinha esperança que meu melhor amigo, o cara que fui apaixonada desde que o vi pela primeira vez na festa dos internos, finalmente pudesse me amar e me fazer feliz, Ledo engano. –Ela disse soltando um suspiro sofrido.
-Carol, você não está me contando nada do que eu já não saiba.
-O que quero dizer é que, eu tive esperanças de que Thiago pudesse me amar, mas eu nunca signifiquei nada pra ele, Giovana ele me odeia. –Ela disse isso seguido de uma crise de choro.
-Isso também não é novidade pra mim. –Disse arqueando uma sobrancelha. Ela ergueu os olhos pra mim e me fitou chorando. –Você procurou isso Carol, sei das suas chantagens. –Ela arregalou os olhos.
-Ele te contou isso? –Assenti. –Me sinto envergonhada por isso, e arrependida. –Ela funga e limpa os olhos. –Deve ser por isso que estou passando por essa situação. –Ela me entregou algumas imagens, tipo raio x, sabe?
-O que é isso? Não entendo.
-Isso é uma tomografia computadorizada, isso aqui. –Ela apontou para a imagem. –É uma lesão no cérebro. –Continuei sem entender bulhufas. –Sei que você não entende nada disso, mas já te explicarei. Isso daqui é uma ressonância magnética e esse é meu prontuário, leia. –Ela me entregou, comecei a ler.

                                                           
     
HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS

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