AQUELE VERÃO - COMPLETA

Capítulo 101

Thiago

Hoje o dia amanheceu tão carregado de tristeza, o sol do Rio de Janeiro não está brilhante como de costume, assim como eu, ele está triste, uma garoa fina umedece o vidro do meu carro.

Hoje o vazio que eu sentia desde que a perdi, se aprofundou ainda mais, roubando todas as minhas forças.

Dirigi a noite toda de são Paulo até aqui, e não sei pra que? Como folha levada ao vento, é assim que me sinto, não sei porque vim, pra sofrer? Pra me machucar? Quando virei um masoquista?

Estou estacionado na frente da casa de Marcelo, esperando que dê oito horas para acorda-los, estou cansado, física e emocionalmente, nessas duas horas que estou parado aqui, já bolei tantos planos.

E se eu sequestrasse ela? Levasse para alguma ilha escondida?

Mas eu sei que isso só faria ela me odiar, estou cada dia mais certo de que o amor dela por mim, acabou. Ela não se casaria com outro se me amasse, ela me esperaria, logo agora que estamos chegando ao fim, quando finalmente poderíamos ficar juntos, ela vai casar?

Sabe o que eu não entendo? Todo mundo fala que o amor nos faz feliz, que nos torna pessoas melhores, os livros guardam histórias de paixões que mudaram a vida dos seus personagens. Mas a mim, o amor apenas trouxe tristeza e decepção.

São tantos pensamentos que envolvem minha mente neste momento, que não tenho condições de demonstrar exatamente tudo que estou sentido. Quero chorar, mas minhas lagrimas já secaram, quero gritar, mas não tenho voz, sinto que estou me afogando, me afogando em um mar de desilusão, como pode as coisas terem chegado a esse ponto?

Mas, logo a resposta vem clara em minha memória, Giovana sentiu o mesmo no dia do meu casamento com Carol, e isso só me machuca ainda mais. Como pude ama-la tanto e causar tanta dor? Lembro-me das vezes que disse a ela, que nós dois não passávamos de um verão, como pude ser tão insensível? Agora entendo porque dirigi a noite toda e estou aqui, eu preciso sentir toda a dor que causei a ela, eu preciso estar nesse casamento.

Em um ímpeto conduzi meu carro até o Marriot, logo estava alcançando a cobertura do meu irmão.

-Thiago, meu Deus o que faz aqui? –Hiago disse esfregando os olhos de sono, me abraçou. –Entra aí.

-Bom dia Thiago. –Vitoria desejou descendo as escadas amarrando o Hobby. –Vou preparar um café.

-Bom dia, você deve imaginar o motivo de eu estar aqui. –Disse me sentando no sofá, segurando o choro.

-Cara não faz isso, você não está pensando em ir vê-la, não né? –Me levantei e dei as costas ao meu irmão, mordi meu polegar tentando reprimir o choro, meu irmão me abraçou. –Cara, esquece ela, vocês não podem ficar juntos agora, o momento de vocês vai chegar.

-Não vai, eu sinto que perdi ela pra sempre, mas eu queria vê-la vestida de noiva e sonhar que sou eu ao lado dela no altar.

-Cara nem eu quero ir nesse casamento, não vai ser bom pra ti cara, isso só vai te machucar ainda mais? Virou adepto ao alto flagelo agora porra? –Meu irmão disse me sacudindo, me sentei novamente e limpei minhas lagrimas disfarçadamente quando Vick veio com café.

-Vou para o quarto, para deixá-los conversar. –Depois de um tempo pensativo, uma nova ideia genial veio em mente.

-Hiago tu disse que não quer ir ao casamento né? –Meu irmão assentiu.

-Por mais que eu torça pela felicidade dela, eu torcia mais pela felicidade de vocês dois, eu queria que fosse vocês dois ali no altar.

-Você não é mais apaixonado por ela?