Capítulo 100

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THIAGO

Sentei na cama sentindo meu coração doer, olhei em volta, Carol dormia, sua respiração pesada, então caí em um choro profundo, aquele sonho parecia tão real, me levantei, calcei meus chinelos e fui para a sacada, peguei meu celular e entrei no Instagram da Giovana, eu não seguia ela, mas estava aberto, assim que entrei já dei de cara com uma foto dos dois, atrás de um painel com o nome Thais, é uma menina, era pra ser a minha menina, e esse nome com as minhas iniciais, Giovana nem consegue esconder o quanto me ama ainda, foi o que pensei até me deparar com uma foto de Alberto colocando a aliança em seu dedo, droga o sonho era um sinal, a legenda acabou com a minha vida.

"Obrigada anjo, por me cuidar tão bem e me fazer sorrir outra vez. "

Eu perdi ela pra sempre, quantos anos levaria para eu tê-la em meus braços novamente? Dez? Vinte, trinta anos? Quando estivemos velhinhos, com os cabelos brancos? Porque Deus, porque me fez ir para Angra naquele verão, porque fez ela ir também, porque fez ela sorrir pra mim? Porque me fez querê-la tanto? Porque fez de mim o primeiro homem da vida dela, se era pra tira-la de mim depois?

Soquei o ar e me debrucei no parapeito da sacada chorando copiosamente, de repente senti as mãos de Carol abraçando o meu corpo e descansando a cabeça nas minhas costas, senti seus seios e seus mamilos duros arranhando minhas costas, tive vontade de fazer uma atrocidade e joga-la ali de cima, meu corpo inteiro se enrijeceu de ódio, perdi tempo demais da minha vida por causa das chantagens dessa desgraçada, e agora tenho que ser o bondoso, do que adianta ser bondoso, estender a mão, perdoar se eu estou só me fodendo? Não estou tendo recompensa nenhuma por isso, ao contrário estou perdendo a mulher da minha vida.

Segurei as mãos de Carol e a afastei.

-Fica longe de mim. –Disse a olhando, ela estava nua, magérrima, desci os olhos por seu corpo, ela estava horrível, coitada.

-Desculpe, eu achei que... Ai que vergonha. –Ela disse correndo para dentro do quarto, fui atrás dela e ela já estava debaixo da coberta enrolada. –Eu estou horrível eu sei, você jamais me desejaria, mas eu te vi chorando, achei que eu poderia te distrair um pouco, mas só agora me dei conta do quanto estou horrível. –Me deitei ao seu lado e fitei seu rosto magro.

-Carol, faz muito tempo que não temos relação de casal, então não é porque você está alguns quilos mais magra, não. As coisas que aconteceram nos afastaram.

-Mas somos casados e é meu dever te satisfazer.

-Eu estou com você, pra cuidar de você, pra te fazer sentir bem, sem exigir nada ok? –Tive que tirar paciência do c* como diria meu, boca suja irmão Hiago, para fazer ela parar de chorar.

Que droga de vida, nem chorar eu posso, porque tenho que passar fortaleza para Carol, para livra-la de um quadro depressivo.

Não dormi depois daquele sonho, no dia seguinte fui para o hospital e depois de uma cirurgia complicada, consegui almoçar com Marcelo e Emily, eles me contaram com detalhes tudo sobre a festa, eu devia odiar a Giovana por estar esperando um filho de outro, mas eu só sinto vontade de abraça-la e de beijar sua barriga, pedi para Marcelo ligar para Giovana e pedir pra ela ir para o quarto deles no Marriott, eu precisava faze-la mudar de ideia, pedi escondido da Emily.

-Tudo certo, vou sair com a Emily então quando ela chegar lá, vai dar de cara com você.

Passei no meu armário e peguei a caixinha que eu mantinha a tempos guardada lá, e fui para o quarto de Marcelo, minutos depois ouvi alguém bater na porta, respirei fundo e abri, nossos olhos se encontraram, as bochechas dela ficaram vermelhas, ela desviava o olhar, mas logo voltava a me fitar.

Giovana

Droga, eu vou matar o Marcelo, certeza que ele armou esse encontro, fiquei em choque quando o vi, ele estava com uma camisa branca social, com vários botões abertos, revelando seu peitoral, respira Giovana, seus olhos me queimavam, e eu confesso que tive medo.

-Thiago, o que você faz aqui? Marcelo me ligou disse que a Emily precisava de mim.

-Precisamos conversar, entra.

-Não vou entrar, diga o que você quer e eu vou embora.

-Por favor entra.

-Não Thiago, não vou ficar sozinha com você.

-Porque? Tem medo de não resistir? –Ele disse com um sorriso lascivo.

-Não, porque tenho um noivo e devo respeito a ele, e ficar sozinha em um quarto de hotel com outro homem, não é muito respeitoso, então fale o que você quer me falar e eu vou embora. –Ele olhou para a minha mão e depois me fitou, seus olhos marejados agora.

-Você vai se casar.

-Com certeza o Marcelo já contou, por isso você armou isso.

-Sim, ele me contou, mas ontem eu tive um sonho horrível que você me enviava o convite de casamento como falou em Angra que faria.

-Não se preocupe, eu não seria capaz de te machucar dessa forma.

-Você já me machuca aceitando casar com outro.

-Thiago, não faça disso algo doloroso pra mim, eu estou tentando seguir em frente, estou feliz de verdade, não estrague isso, não poderemos ficar juntos mesmo Thiago, e mesmo se pudéssemos, tem tantas coisas que nos separam, o ódio de sua mãe por mim é o primeiro, não adianta querer fazer as coisas agora, estamos de mãos atadas e só o que conseguiremos é nos machucar cada vez mais, então me deixa ser feliz, não me procure mais por favor. –Eu disse isso, tentando ser o mais forte possível.

-Eu tinha esperança de fazer você mudar de ideia.

-Nada me fará mudar de ideia, Thiago. Eu estou decidida, na verdade já disse sim para a minha felicidade, quando toda a sua tormenta acabar, você também encontrará alguém que te faça feliz. –Ele se aproximou e segurou o meu rosto.

-Não, ninguém mais vai entrar na minha vida, quando Carol partir, eu esperarei todos os dias por você, talvez me mudarei para Angra e ficarei esperando você chegar, todas as noites olharei para a lua e idealizarei seu rosto nela, eu vou ficar te esperando. –Aquilo acabou comigo, sentia o canto dos meus olhos arder, mas eu não podia chorar, não podia.

-Não me espere Thiago, você tem que ser feliz.

-Não vou ser feliz se não for contigo. –Ele caminhou para dentro do quarto e voltou com uma caixinha com chave. –Isso aqui é seu, abra quando estiver sozinha. –Assenti e ele segurou meu rosto olhou nos meus olhos e beijou a minha testa. –Nunca esqueça, aquele verão foi o melhor da minha vida, mas eu tenho esperanças de que um dia estaremos juntos por todas as estações. –Dito isso, ele deu mais um beijo na minha testa e se foi, entrei para dentro do quarto e pensei em abrir a caixinha, mas não abri, seja o que for o conteúdo desta caixa, eu só abrirei o dia que abrir a caixinha onde guardei os sentimentos por Thiago.

Tivemos um mês para organizar tudo, casaríamos no Rio de janeiro, na praia, um juiz faria nosso casamento, pouquíssimos convidados e não faríamos lua de mel, já que Thais estava prestes a nascer. Marcelo e Emily, Marcely e Pablo seriam os meus padrinhos, eu queria que fosse Hiago, mas ele jamais aceitaria, porem convidei eles para o casamento, do lado de Alberto, Luciano e Eduardo com suas respectivas esposas. Se meu pai estivesse aqui iria achar um absurdo eu casar barriguda, por isso ultimamente tenho ido todas as semanas ao cemitério pedir desculpa por todos os meus erros dos últimos anos, Alberto queria muito casar-se na igreja, mas eu consegui fazê-lo mudar de ideia, casaríamos só no civil e um juiz seria nosso celebrante. Marcely e Emily estavam com medo da bolsa estourar na cerimônia, porque o delas já está quase na hora de nascer.

Enfim, tudo daria certo no final.

AQUELE VERÃO - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora