Capítulo 88

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Thiago

Cheguei na cobertura de Hiago àquela noite depois do evento e encontrei Carol deitada no quarto destinado a nós dois, com Giovane em seus braços, são raras as vezes que isso acontece, ele ainda está acordado, sorrindo e tentando colocar os pés na boca, ela brinca com ele e ele dá uma gargalhada gostosa, como se ela fosse a melhor mãe do mundo. Fico alguns momentos encostado no batente da porta, e me comovo um pouco com sua situação, não por ela, mas pelo meu filho. A doença que Carol desenvolveu é uma sentença de morte sem dúvidas, pela lesão encontrar-se em uma região delicadíssima do cérebro, não é a minha área, mas entendo que a cirurgia pode lhe trazer complicações, as quais a marcaria para o resto de sua vida, os procedimentos posteriores à cirurgia, irão a debilitar muito, ela começará a perder os cabelos, precisará de acompanhamento médico constante, porque a doença está em um estágio já avançado podendo evoluir para um grau acima, sabendo de tudo isso, eu devia ficar e ajuda-la, segurar sua mão enquanto seu cabelo é raspado, segurar o recipiente para vomito quando isso acontecer nas sessões de rádio e quimio, ajudá-la a se trocar e a escolher o lenço mais bonito para disfarçar a ausência de cabelo, deveria ficar ao seu lado juntamente com nosso filho, nesses quatro ou cinco anos que ainda lhe resta, é como se ela estivesse no corredor da morte agora, para pagar pelos pecados que cometeu, entende? Meu cérebro, me dita as regras, você deve mais uma vez deixar Giovana porque é o mais correto a fazer, e tentar fazer a mãe do teu filho, feliz por seus últimos anos, mas eu prefiro ouvir o coração, já que ele sempre foi meu preferido, não é à toa que preferi a cardio, ao invés da neuro.
O que meu coração me diz, é que não posso outra vez deixar passar a minha felicidade, Giovana me deu uma nova chance e eu não posso simplesmente voltar atrás, nem pensar...... agora que Carol está disposta a assinar o divórcio, sem me chantagear, não posso simplesmente abrir mão desse prêmio, tenho que agarrar com as duas mãos e finalmente serei feliz, com a única pessoa no mundo capaz de me fazer feliz de verdade.
Giovana é como um raio de luz, em meio a minha escuridão, meu ponto fraco e meu elo forte, a calmaria nos dias tempestuosos, o antídoto que metaboliza as asperezas da vida em esperança, enfim, ela é meu tudo, meu lugar seguro é dentro do seu abraço, seus beijos é o meu oxigênio e estou certo que sem ela eu não vivo, apenas sobrevivo.

Giovana

Coloquei meu celular despertar as nove horas, já que ultimamente não estou conseguindo acordar sozinha, nunca imaginei caber tanto sono dentro de um ser humano de 1,60, quanto mais eu durmo mais sono eu tenho. Me arrasto para fora da cama, batendo o pé como uma criança birrenta depois de desligar o despertador, tive que colocar os galos cantando porque a música chegaste, não era alto o suficiente para me acordar, ao contrário, era como música de ninar e eu dormia ainda mais. Caminhei preguiçosamente até a janela, a manhã de domingo estava linda, olhei para a casa ao lado e dona Emília brincava no quintal com Angel, tive que levar ela pra lá, porque aqui em casa ficava chorando e também eu ando com um pouco de nojinho dela, deve ser por causa da gravidez, me sinto mal por isso, e tenho vontade de chorar quando a vejo correr atrás da bolinha e voltando para entregar à dona Emília, nunca fui uma boa mãe para Angel, talvez eu devesse obriga-la a voltar pra casa, mas não gosto de ver ela chorando, isso me faz chorar também, enfim estou chorando agora.
Depois desse momento melodramático, selecionei a música, De trás pra frente, dos meus gordinhos.
Na primeira frase dita, pelo Henrique “nem todo erro é errado” eu corro pra gaveta das minhas calcinhas e tiro lá do fundo a camiseta dele, abraço ela e as lagrimas banham todo o meu rosto. Começo a cantar com voz de choro aquela música que faria qualquer um chorar, até mesmo quem não está sofrendo, chora ouvindo.
-E SE FOSSE AO CONTRARIO, DO AVESSO, OU DE TRAS PRA FRENTE, ESSE AMOR COMEÇARIA ERRADO E TERMINARIA BEM, COM A GENTE. –Hoje acordei muito abalada, é um misto de coisas, a doença da Carol e a compaixão que ela despertou em mim, a sensação de não saber o que dizer ao Thiago, quando ele voltar aqui, e a culpa, sim estou me sentindo culpada por ter beijado Thiago, tendo alguém como Alberto em minha vida agora, também o fato de estar carregando uma criança no ventre e não poder contar ao seu pai, isso causa uma miscelânea dentro da minha cabeça, causando uma forte dor.
Depois de um tempo fitando o teto e pensando no que fazer, decido que por enquanto o melhor a fazer é tomar um banho, deixar que a agua lave minha alma e leve pelo ralo todas minhas incertezas.
Demoro um pouco mais do que o normal no banho, acaricio a quase imperceptível protuberância do meu baixo ventre e sorrio involuntariamente imaginando daqui a alguns meses minha barriga enorme, será que é uma menina ou um menino? E se vem dois? Como vou esconder a paternidade do Thiago? Ai já pensou? Dois loirinhos igualmente fofos, igual o Thiago e o Hiago? Meus olhos já ficam marejados só no pensar.

AQUELE VERÃO - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora