15. A Proposta

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A reunião acabou bem depois da hora marcada e Ian nem precisou olhar o relógio para saber disso, era só ouvir seu estômago roncando de fome. Ele já estava na porta para o corredor, o último entre os outros executivos, mas o diretor Benjamin Collins II, ou apenas Ben Collins, o chamou:

— Knight!

Ian parou e girou sob os calcanhares para voltar a se aproximar da mesa de reunião. Ele deu seu melhor sorriso apesar de querer socar àquele que roubava o tempo de seu precioso almoço. Ben tinha o rosto jovial e divertido de um garoto de faculdade, mas estava sério e parecia tão cansado quanto Ian devido às longas horas que tiveram ali.

— Senhor?

— Oras Knight, não sou mais velho que você, me chame pelo nome. Nós jovens temos que nos unir nessas empresas em que os velhacos se acham os mais inteligentes.

Ian riu.

— Nunca diga isso na frente de um dos velhacos.

— Você viu aquele Schmitt? Aquele faz o cabelo junto com o Trump, mesma franjinha para esconder a careca.

Os dois gargalharam.

— Mas enfim, não te chamei para ficar zoando os idosos. Você tem um histórico impressionante, Knight. Tem sido muito produtivo para a empresa e bem, você sabe, todo aquele puxa-saquismo de chefe.

— Obrigada, Collins. Fico feliz em saber que meu trabalho está dando resultados.

— Resultados muito bons, mas tenho que destacar suas habilidades logísticas. Elas me parecem, na verdade, perfeitas para um projeto bastante exclusivo em que estou trabalhando.

— Posso perguntar que projeto seria esse?

— Infelizmente ainda não. Apenas quem faz parte sabe dos detalhes, porém, estou aqui para te convidar a participar.

— Ahn... Bem, fico feliz pelo convite, mas como posso concordar com algo que não tenho conhecimento?

— Ainda vou te fazer a proposta, Knight. Se acalme. Vamos discutir isso em um almoço, certo? Estou faminto!

Os dois saíram juntos e um motorista da empresa os deixou em um restaurante a algumas quadras de distância. Eles almoçaram tranquilamente, conversando sobre assuntos quaisquer. Apenas quando a sobremesa foi servida, Ben entrou no assunto que interessava:

— Sabe, Knight, nos dias de hoje nós precisamos estar sempre um passo à frente de nossos concorrentes. Infelizmente tivemos uma perda de mercado nas últimas décadas e meu pai não foi capaz de mudar o jogo, então sobrou para mim e para minha irmã tentar pôr ordem na casa. Acontece que isso está nos custando um preço alto, então pensamos em uma solução mais rentável, que está em processo.

— Desculpe a interrupção, mas não sabia que tinha uma irmã — Ian mentiu.

— Ah, eu tenho. Natasha é minha irmã mais velha, uma mulher incrível. Atualmente está na Europa, cuidando de nossos fornecedores lá.

— Entendo.

— Enfim, esse projeto é bem exclusivo, como disse mais cedo, apenas algumas pessoas de confiança tem acesso ao planejamento dele e, é claro, os contratados que recebem muito bem pelo silêncio.

— E no que eu ajudaria?

— Preciso de alguém para supervisionar os gastos, o que entra, o que sai... Não pode sobrar nenhuma matéria prima, nenhum centavo pode ser gasto desnecessariamente porque tudo tem que estar perfeitamente calculado. Você é bom nisso.

— Admito que é uma proposta interessante, mas preciso saber o que eu ganho com isso.

— Uma vez dentro do planejamento, você se tornará um sócio. Uma porcentagem do lucro que teremos quando o projeto for concluído irá para a sua conta como horas extras e bônus bem gordos.

Ride Or Die [Livro I]Onde histórias criam vida. Descubra agora