37. A Reta Final (Parte III)

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Megan bateu a porta atrás de si e mal conseguia dizer para onde estava indo até se perceber apertando o botão do subsolo no elevador. Sua cabeça parecia pensar em milhões de coisas ao mesmo tempo e não conseguia focar em absolutamente nada. Era como estar no meio de uma multidão gritando.

As portas se abriram e Meg estava na garagem, pelo menos ali ela sabia para onde ir, o Shelby Mustang GT500 1967 preto a esperava tão acolhedor quanto um abraço de mãe deveria ser. Ela entrou no carro e deu partida, saindo do prédio como se aquele lugar a sufocasse.

Ela começou a dirigir sem saber ao certo a direção que estava tomando, só queria sentir o ar gelado bater em seu rosto naquela noite ridiculamente abafada.

Não soube ao certo quanto tempo rodou pela cidade até se perceber parando em frente a uma distribuidora 24h. Desligou o carro e ficou ali por um momento, decidindo se devia ou não comprar algo. Sua cabeça continuava turbulenta demais para ela analisar qualquer coisa, então por impulso abriu a porta e saiu, entrando na distribuidora em busca de alguma coisa.

Megan olhou uma garrafa de whisky e decidiu levá-la, com certeza não era sua bebida favorita, mas no momento não estava interessada em degustação, apenas queria acalmar a gritaria em seu cérebro. Ela levou a bebida até o balcão e puxou o cartão do bolso.

Depois de pagar, o atendente embrulhou a garrafa em uma sacola de papel e Megan já saiu do estabelecimento abrindo a tampa. Ela tomou um longo gole antes mesmo de entrar no carro, sentindo a garganta queimar de imediato.

Ao entrar no carro, sua racionalidade apareceu por um segundo, alertando-a que aquilo era errado, mas ela respondeu em voz alta para si mesma:

— Quer saber? Que se foda! O que eu ando fazendo de certo ultimamente mesmo?

Ela tomou mais dois longos goles e ligou o carro. Para onde iria? Nem ela sabia dizer, mas naquele momento decidiu apenas se deixar levar no modo automático, seria como entregar sua vida ao destino, onde ela parasse, seria onde ela iria ficar.

— Cadê você vozinha da minha mente? Não deveria estar me mandando escolher agora?

Megan arrancou, saindo dali antes que o atendente fosse atrás dela achando que ela era uma louca falando sozinha.

Mais alguns quilômetros rodados e metade da garrafa se foi, o suficiente para deixá-la além do estágio "tonta". Uma luzinha no painel chamou sua atenção, avisando que o carro estava entrando na reserva.

— Desculpe, bebê. Esqueci que você também precisa de álcool para continuar.

Ela riu como se tivesse o carro a entendesse.

Algumas ruas a frente e finalmente ela encontrou um posto de gasolina. Depois de estacionar o Mustang ao lado da bomba, ela saiu, tropeçando nos próprios pés e por pouco não caindo.

Megan olhou ao redor, não havia nenhum movimento por ali. O silêncio da noite, que geralmente era reconfortante para ela, agora começou a incomodá-la. Era só sair do carro que a confusão em sua mente voltava com força total.

Por que não havia alguma voz ali? Por que ninguém lhe dava uma solução onde tudo ficaria bem?

Finalmente a vozinha de sua consciência se pronunciou, dando uma resposta que ela não queria ouvir: não há uma solução onde tudo fique bem.

Ela respirou fundo e digitou dez litros no teclado da bomba de combustível, passando o cartão para pagar em seguida, então pegou o bico de abastecimento e se aproximou do tanque do Mustang.

De repente um carro apareceu em alta velocidade vindo de uma das ruas próximas e freou cantando pneu próximo ao Mustang. Quatro homens mascarados desceram ao mesmo tempo, indo em direção à Megan. Imediatamente a embriaguez do álcool nela deu lugar a seus instintos e treinamentos.

Ride Or Die [Livro I]Onde histórias criam vida. Descubra agora