Capítulo 3

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Ana avisou a sua mãe que iria sair.

—Com quem? - Sua mãe perguntou da cozinha, enquanto Ana escolhia a roupa no quarto.

—Com um cara que conheci - Ana respondeu e viu a expressão da mãe. - Mãe, estarei com o celular ligado e no Plaza. Vamos apenas jantar!

—Cuidado com isso - sua mãe sentou na cadeira.-  Não gosto dessas coisas. Viu a notícia da televisão? - Ana juntou as sobrancelhas e pensando: Será?

—Ah, mãe, tenho que tentar, não é? Se não, vou ficar sozinha, para sempre.

_ Não vai ficar sozinha. Só penso que não deve se arriscar.

Ana olhou para a mãe e compreendeu a preocupação. Sempre foram abertas uma com a outra e depois que se tornou mãe, entendeu ainda mais a sua.

A pessoa quer proteger o seu filho e não deixar que se machuque, porém ele tem que viver ou, se não o fizesse, não aprenderia como a vida e o mundo funcionavam. Mesmo sendo triste e cruel.

—Eu vou. Estou com dinheiro. Qualquer coisa pego um táxi, tudo bem? - Ana olhou para sua mãe que só fez assentir. -  Como estou?

Ana vestiu uma saia longa e salto Anabela, como a saia era estampada, optou por uma blusa preta.  Sua maquiagem era um lápis preto nos olhos e um batom marrom nos lábios. Os cabelos estavam soltos, secando ao natural e seus óculos completavam o visual.

— Por que essa saia? - Ana não dissera a idade de Antônio para sua mãe, mas achava a saia adequada.

— Ele me convidou para jantar, mãe, num restaurante do Plaza. Não, para ir ao cinema. Já reparou nos restaurantes de lá? Eu não tenho roupa para ir.

—Então, está bonita assim.

— Obrigada. Estou indo. Qualquer coisa, eu ligo.

—Pode deixar. Matheus, vai dormir com a avó?

—Sim, vai.

—Então, tudo bem.

Deram beijos na despedida e Ana saiu. Não era a primeira vez que iria conhecer alguém assim, mas sempre dá um frio na barriga.

No ônibus, Ana pegou o livro. Já estava na sequência dos Irresistíveis, o Estranho irresistível, dessa vez.

Pensou no homem que encontraria. Sempre, desde que formara seu corpo, era paquerada por homens mais velhos, velhos mesmo, mas nunca se sentira atraída por eles.

Não queria um homem mais velho como Antônio,  com quase o dobro de sua idade. Mas um com quatro ou cinco anos mais velho, não vi problema. O problema era o seu gosto por homens. Gostava de homens bonitos, malhados que chamavam atenção. Sua amiga lhe dissera uma vez, que ela gostava de homens com cara de gay. Ela estava começando a acreditar nisso.

  Entrou no shopping, sentindo-se arrumada demais. Sempre que ia lá usava roupas casuais: calça jeans, blusa comum, sapato baixo. Nunca assim, com aquela roupa.

Dirigiu-se ao restaurante, que tinha um recepcionista.

—Boa noite. Em que posso ajudar? - Ele perguntou, analisando-a de cima a baixo e gostou do que viu ou pareceu gostar.

—Hum... estou, não. Vim encontrar com Antônio Ferreira. - Sua insegurança, transpareceu pela primeira vez e o recepcionista percebeu. Sorriu e a olhou com piedade.

—Por aqui, ele já chegou. Deve ser a senhora Ana.

_Sim. Isso mesmo.

Seguiu o recepcionista até uma mesa no fundo. Achou inteligente a escolha, pois o restaurante tinha paredes de vidro, logo se encontrar alguém conhecido, não haveria perguntas. Não que se importasse, mas como estava sozinha há muito tempo e com certeza isso aconteceria.

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