Ana seguiu seus dias normalmente, questionando-se se iria mesmo no domingo.
Antônio fora muito gentil, mas não sabia o que poderia acontecer. Será que era um serial-killer, que pegava moças carentes, abusava e depois matava? Olha a notícia no jornal? , as palavras de sua mãe não saiam de sua cabeça.
Na sexta-feira, depois do trabalho, preparou Matheus para ir com o pai. Logo a campainha tocou.
—Pegou a mochila? - Perguntou Ana.
—Pega para mim, mãe. - Disse Matheus desaparecendo pela porta que dava para o quintal.
Ana estava cansada da semana, agradecendo o feriado de terça-feira. Santo Novembro!
Tinha planejado viajar para uma praia, na região dos lagos com o seu filho, mas não conseguira trocar o final de semana com o pai dele, e seu sobrinho nasceria na segunda. Logo deixará de lado a viagem.
—Oi -disse Alex, o pai de Matheus.
—Oi. Está tudo aí. Se voltar segunda, me ligue porque estarei no hospital. - Todos já sabiam que sua cunhada estava grávida. Então não houve questionamento do porque estaria lá.
—Ah. Tudo bem. Ele fica comigo.
—Certo. Obedeça Matheus. - Disse Ana, dando um abraço no filho.
—Tchau - Alex falou dando a mão a Matheus.
—Tchau - falou Ana e fechou o portão.
Alex era bonito, seu filho o puxara. Magro e alto, matinha uma barba bem feita. Ana se apaixonou perdidamente por ele, mas depois da separação, não o queria nem pintado de ouro. Deus sempre escreve certo por linhas tortas.
Ana entrou e resolveu tomar uma cerveja. Como há muito tempo fazia, bebia em casa mesmo. Tinha se afastado dos amigos e fazia isso para esquecer. Pegou duas garrafas e foi comprar.
Enquanto bebia, pensava que se tivesse um namorado não estaria ali. Poderia estar viajando, conhecendo novos lugares e não precisaria mais do seu amigo para as horas de necessidade. Ficou tonta rápido e foi dormir, sonhando com um namorado.
No sábado, foi dia de faxina. Dormiu com o corpo dolorido depois de pegar no pesado, já que era melhor Ana ficar com dor uma noite, do que sua mãe a semana inteira.
No domingo, acordou ainda com dor, mas pensou na roupa que iria usar para ir ao shopping. No fim, decidira encontrar Antônio, mas deixou sua amiga em alerta de novo. Tinha contado tudo para ela e enviou a foto de Antônio com o seu contato. Terminou a conversa com: "Se eu desaparecer já sabe. Kkkk"
Encontrou Antônio na frente do shopping. Ele estava bonito com camisa polo e calça jeans, seu porte não mudou, mesmo sem o terno. Ana escolheu uma calça legging preta, blusa branca e uma sandália rasteira. Vamos nessa, pensou Ana ao cumprimentá-lo.
....
Nossa, pensou Antônio. Ana estava linda. A calça marcava o seu quadril e suas coxas grossas. Que visão, continuou pensando ele, quando ela passou na frente. Não deixou de reparar nos homens que passavam e olhavam para o seu corpo.
Ficou chateado e ciumento, ninguém via os seus olhos, nem sua boca carnuda, apenas no seu quadril. Deu o braço a ela para acabar com aquela bagunça, o que não adiantou muito, pois ainda tinha aqueles que viravam a cabeça. Como estava de sandália rasteira, viu que era baixa e batia fácil em seu ombro. Seu extinto de proteção alertou.
—Sexta-feira, terá um jantar da empresa e gostaria que você fosse comigo. - Falou Antônio depois da conversa trivial.
—Estarei com o meu filho, nesse final de semana. Não vai dar para sair.
—Por favor, faça uma força. Quero muito que você vá. - ele foi sincero.
—Vou ver o que posso fazer, tudo bem? - Ela pensou rápido. Seus pais não ficariam com Matheus para ela sair, de repente poderia combinar com a outra avó. - Que horas?
—Como é no Rio, teria que te pegar as oito da noite, no mais tardar. - Respondeu ele.
—Entendo, mas vou confirmar durante a semana. Tudo bem? - Antônio concordou a contragosto, mas já tinha percebido a dedicação de Ana ao seu filho, e achou aquilo muito bonito.
—Ok. Vamos ver um vestido - Ana arregalou os olhos. - Calma, o jantar é informal, mas ainda é um evento da empresa. Você estará ao lado do anfitrião, logo terá que estar bem vestida. Um vestido seria ideal. - Completou, tentando não magoá-la. Ela, abriu aquele sorriso lindo para ele.
—Adoraria um vestido novo. - Ana riu, ainda mais quando viu um vestido numa vitrine do segundo andar do shopping. - Esse ficaria bom, para a noite?
—Não precisa ser longo. Já disse que é informal e suas pernas são bonitas - ela corou. Ela corou?, Antônio riu com isso. Então, não era acostumada a receber elogios não é?
Entraram numa loja feminina e Ana logo viu o que queria. Como sempre acontecia com ela, olhou, gostou e levou. Parecia que a chamava, mas Antônio insistiu para ela para experimentar outros.
A cada aparição dela com um vestido diferente, um azul escuro tomara-que-cai, outro laranja com gola alta e plissado e outro vermelho com decote nas costas; ele dava um suspiro. Apenas um investimento, apenas mais dinheiro e, aquela seria uma mulher de parar o trânsito!
Porém de nada adiantava sua insistência, e ela escolheu um vestido preto sem decote, com cinto na cintura e longuete com uma alça só. O tal que chamara a sua atenção quando entraram na loja.
Não se surpreendeu com a escolha de Ana. Era simples, bonito e elegante. Como ela, mas comprou o vermelho também, porque adoraria vê-la nele, com o cabelo solto e saltos altos. Para combinar com o vestido, Ana escolheu uma bolsa preta e um sapato azul marinho, scapin. Ele gostou do traje.
—Gostaria de mais roupas? - Perguntou ele, sabendo que adoraria vê-la escolhendo roupas casuais, para conhecê-la melhor.
—Não. Estou precisando sim, mas não acho justo você comprá-las para mim. - Ana falou. Sim, gostaria de mais roupas, afinal emagrecera muito em um ano e suas roupas estavam largas, mas não podia deixar Antônio comprá-las.
—Pensa assim. Estou planejando uma viagem para Búzios e gostaria que você fosse comigo. Agora pensa: você tem roupa para a viagem? - Ana olhou para ele. Ele viu a preocupação em seus olhos e depois rindo constrangida, então balançou a cabeça negando. - Então, vamos comprá-las.
Ana assentiu. Escolheu as roupas como o vestido: simples e bonitas. Comprou até um biquíni.
Realmente ela é diferente, pensou ele. Afinal, o que era novo para Ana, não era para ele.
Antônio já fizera isso com outras meninas. Uma vez, falou para uma menina que conhecera que a levaria as compras. Essa escolheu roupas de marcas, shorts curtos e tops.
Lembrou que naquele dia, ela o agarrou no carro como se agradecesse, por causa do porta-malas cheio de sacolas de roupas caras, que ela nunca chegou a usar com ele. Tinha gasto com Ana, menos da metade do que com aquela garota fútil e sabia que não seria agarrado no carro, não pelo valor baixo ou alto, porque Ana não era dessas.
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Sonho Realizado
RomanceCapa de @RosieSenna Ana é uma mulher comum, mãe solteira e guerreira, que um dia se arrisca em um site de relacionamento. Sua vida muda ao conhecer Antônio, que além dos mimos, lhe dará oportunidades que antes nunca tivera. Mas tudo pode acontecer...