Capítulo 14

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-Você tem que se preocupar, ele é seu pai também. - Falou João irritado ao telefone, na segunda de manhã.

-Meu pai porque me fez! Não me criou e fez minha mãe sofrer. - respondeu Joana com descaso. - Você sabe disso João.

-Ele está internado, Joana!

-Bem feito. Pela vida que levava, com certeza esse seria o fim. - Ela disse com desdém. Respirou fundo e se acalmou. - João, você deve parar com essa vida também. Farras, mulheres e bebidas não levam a nada. Deve se casar...

-Como se o seu casamento fosse um belo exemplo! - ele foi sarcástico.

-É sim. Sou feliz com Leandro!

-Mesmo o sustentando?

-Vá cuidar do seu pai! Melhor do que ficar falando mal do meu casamento! - Joana gritou e desligou o telefone.

Sua relação com o irmão era ótima. Sempre foram amigos e irmãos no melhor significado da palavra. Com a diferença de idade de cinco anos, ajudara a cuidar dele quando sua mãe estava doente, levando-o a escola e aos cursos. Seu pai nunca estava lá. Nem para os filhos e nem para a mulher.

Quando sua mãe morreu queria o apoio do pai, mas no funeral enquanto chorava muito ao lado do irmão, João não derramou uma lágrima. Mesmo assim, ficaram abraçados, ao lado de um Antônio que mal se mexia.

No dia seguinte, depois de não dormir a noite por causa da dor da perda, mesmo a tendo passado com o seu irmão, decidiu falar com o pai. Poderiam ter uma conversa franca com ele sobre o como queria ele agisse a partir daquele momento. Queria que ele fosse mais presente, que ajudasse na criação de João.

Chegando na empresa passou direto pela recepção e pela secretária, já que todos a conheciam. Só não reparou na expressão de alerta da mesma.

Quando abriu a porta da sala de seu pai, o viu em sua cadeira com a copeira em seu colo. Os sons que produziam, fizeram-na enjoar na hora. Bateu a porta e correu dali o mais rápido possível e Antônio pelo momento de êxtase, não reparou na presença da filha ou na porta batendo.

Não contou a João, o que agora sabia que fora um erro. Ela se formou advogada e conheceu Leandro na faculdade. Já o namorava, quando a mãe morreu.

Antônio, depois de saber o que acontecera, não pela filha, que o ignorava, decidiu abrir uma filial da empresa no Rio de janeiro, o que fora um favor para Joana.
Deixou um amigo no comando da empresa em São Paulo e mudou-se depois de um mês.

A partir dali, se dividia entre cuidar da casa, do irmão e da faculdade. O dinheiro vinha de Antônio, mas quem mantinha a ordem era ela. Aos 23 anos, entrou na empresa e João já havia escolhido o que cursar na faculdade. Com a distância, a relação com o seu pai acabara, e quando ficou à frente da empresa de São Paulo, o contato entre as filiais era feito pelos advogados, que no seu caso era o marido.

Também se decepcionara com João quando decidiu, aos 20 anos, morar no Rio de Janeiro com Antônio e terminar a faculdade. Com certeza, aprendera tudo com Antônio, até mesmo a desrespeitar as mulheres. Não se espantaria se ele estivesse saindo com uma qualquer, que fazia tudo pelo dinheiro.

Pensou em João e na discussão de mais cedo. Mandou lhe um e-mail, dizendo que podia contar com ela para todos os assuntos, profissionais ou pessoais, mas não queria saber do pai.

....

Ana havia planejado o seu feriado: não faria nada.

Absolutamente nada! Dormiria até tarde e depois leria o livro, que nesse momento era "O inferno de Gabriel", livro encantador e inteligente.

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