Capítulo 20

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João não esperou a resposta e saiu em direção ao bar. Se fosse para não ter o que queria, que voltasse bêbedo para o quarto e dormisse de uma vez. Talvez assim, controlaria o desejo que seu corpo sentia desde os pensamentos no restaurante.

Seu plano estava dando certo. Já estava no quarto copo de uísque, no bar a beira da piscina, quando Felipe se aproximou.

-Sozinho essa hora? Não era para estar com Ana? - A resposta foi um olhar mal-humorado, dizendo para deixá-lo em paz. - Se você quiser ficar sozinho tudo bem, mas tem diversão no quarto ao lado, amigo.

Felipe riu e fez um gesto com a mão para mostrar o que dizia. Para ele, mais um no jogo era ótimo, mas queria mesmo mais uma.

-Melhor não. Não estou com humor para aturar coisas de mulherzinha. - Falou João ríspido e a voz uma pouco embolada pela bebida. Pediu a quinta dose e Felipe assobiou.

-Foi tão ruim assim? Ela não te deu brecha nenhuma?

-Nós nos beijamos, Felipe, mas o lado racional dela falou mais alto e... - falou João cansado. Coçou a nuca, nunca tivera que lidar com o "lado racional" de nenhuma mulher.

-...Ficou por isso mesmo. - Felipe completou, dando um tapinha nas costas de João para consolá-lo. - Você precisa de alguém irracional, então. - João riu. Felipe era mesmo insistente e João já ia para a sexta dose. - Pare de beber e vem comigo. Garanto que sua noite não está perdida.

Felipe sabia que, na festa, não haveria as coisas de mulherzinha ou corpo de ninguém. As meninas já estava bem a vontade, por assim dizer.

João não teve escolha, a não ser ir. Também porque, Felipe tirara o copo de sua mão e pagara ao barman o dobro do valor da conta para não o servir mais. João acompanhou o amigo até o quarto, que ficava duas portas adiante do que estava Ana.

João queria mais uísque. Quem sabe, vodca ou conhaque, mas aceitava cerveja também. Por que estou assim por ela? Melhor acabar com isso de uma vez, quando voltarmos, vou dizer ao meu pai que não fazer mais isso. Não posso continuar com um acordo, em que sinto tesão pela outra pessoa.

Felipe abriu a porta e realmente ninguém no quarto estava em seu juízo perfeito. João entrou e a porta se fechou, para pessoas como nós.

....

Já na cama, Ana não consegui dormir. Realmente não criar expectativas era ótimo, beijara alguém depois de meses e já estava no lucro, mas a esperança veio depois.

Só de imaginar as mãos de João em seu corpo, a deixava inquieta. Antes de deitar, tomara um banho frio e ficou no silencioso escuro do quarto amarelo, olhando o teto. A brisa da praia entrava pela varanda e não ligou o ar condicionado. Se concentrou no barulho do mar e começou a relaxar, mas logo o vento trouxe outro som. Pareciam pessoas gritando um nome. Levantou devagar e foi até varanda, descalça.

Sentiu a brisa fresca em seu corpo e se concentrou no som das pessoas, que o vento fazia questão de trazer. A duas varandas, para a direita, parecia ter uma festa e o som vinha de lá. O que ouvia era uma bagunça, música alta, várias vozes e um nome. João, João...

Claro, os jogos. Os pensamentos clareamento de súbito. A pousada estava reservada para a festa. Ela daria um braço, se os donos dos quartos vazios não estavam lá também e junto deles, João.

Então depois do beijo e da briga, se é que podia chamar assim, ele foi a festa? Ana imaginou João com uma, duas, com outro casal. Nossa, que nojo! Pensou ela. Melhor ir embora logo quando acordasse, assim não teria que o ver ou bater nele, já que essa era a sua vontade.

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