Capitulo 34

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Epílogo

Dezembro/ 2019

- Eu tinha que fazer o certo. Ela era moça de família. Eu não podia vacilar - falou João, tomando uma água de coco no quiosque da Praia do forte, Bahia. Ao longe, via para o horizonte com saudades, suspirando pela beleza e o azul claro do mar.

- Então ficou sozinho? - falou o atendente.

Estava um dia tranquilo e se deu ao luxo de conversar com um cliente e ouvir sua história. Sorte que era de manhã e ele tomava água de coco. Se fosse a noite, não poderia estar ali parado, muito menos perdendo tempo conversando. Aliás, não havia esse tempo, ainda mais sendo alta temporada.

- Cara, os primos dela davam medo! Quando os conheci, me imaginei saindo correndo com eles atrás, querendo me bater. Todos grandes e altos. - falou João com uma expressão apavorada no rosto. - O irmão era baixinho, mas era mal! Ele faria pior! - João bebeu mais um pouco. O atendente o olhou intrigado. Como ele pôde perder uma mulher daquelas por causa de sua família?

João usava uma sunga azul marinho e passara protetor para não arder nem descascar.

Lembrou-se de Ana, fazendo aquilo por ele, quando foram a praia pela primeira vez. O atendente imaginou que, no dia anterior, ele tivesse tomado um porre para esquecer a besteira que tinha feito com aquela menina, por isso o coco de manhã. Mas não conteve a sua curiosidade.

- Acho que eu iria atrás dela, mesmo com uma família assim.Como pôde perdê-la?

- Não foi essa a questão, rapaz - João coçou os olhos, e viu o atendente em sua adolescência.

- E o Ricardo apareceu depois?

- Esse tirei rápido do caminho! - João balançou a mão, desdenhando. - Ele ainda tentou encontrá-la, depois do soco que lhe dei. Acho que foi na pós-graduação dela. Quando fui buscá-la um dia, ele saiu com o nariz quebrado.

- E a menina que você saía?

- Aline? Casou-se com um velho babão. Bem feito, não fez a faculdade até hoje. Ele tem ciúmes dela, não a deixa nem sair de casa sozinha. Além de estar acabada pelo consumo da bebida em excesso - ele bebeu mais um gole da água.

- Cara, que história! - Adimirou o rapaz.

- É - falou João sonhador. - Sinto falta do meu pai, sabe? Ele faleceu em meados de 2017, a tuberculose foi severa depois que ele se gripou e evoluiu para pneumonia. Pensando agora, nem tive tempo de agradecer pelo o que ele fez. Mas em uma coisa ele acertou, Ana me apoiou em todos os momentos. Mesmo depois de eu brigar com minha irmã, ela falou para fazermos as pazes. Estamos bem agora, acho que nunca nos demos tão bem.

- Cara! - o rapaz assobiou. - Faz assim, liga para ela. Diz que você vai mudar e não deixa mais ela escapar. - ele tinha uma expressão de preocupação no rosto. João riu.

- Eu já fiz isso. - ele falou triste. - Não falei que eu ia mudar, eu mudei. E realmente não a deixei escapar.

João apontou para uma mulher linda, com cabelos longos e cacheados, quadril largo e biquíni de marinheiro vindo em sua direção. Ao seu lado, havia um menino mais alto que ela, com cabelos pretos e porte de nadador.

No colo, uma linda menina, com bochechas fofas, de um ano de idade e coxas grossas igual as da mãe, mas os olhos claros, igual o do pai. Os três estavam molhados depois do mergulho no mar que João tanto vigiava. O rapaz do quiosque assobiou de novo, mas dessa vez em nota ascendente. Se aquela mulher não era de parar o trânsito, o que era? João olhou para ele, com a cara fechada. O ciúme por sua mulher era evidente.

Ana chegou mais perto e deu um beijo em João. Passou-lhe a bebê e apertou os cabelos. Casada com João, ela tivera o seu sonho realizado, mas não apenas pelo casamento. Pensou, ao ver o marido brincando com a Luiza, sua bebê.

Muita coisa mudara nesses dois anos, havia sido chamada para o serviço público, fizera duas pós-graduações, tinha uma casa própria no seu nome, presente de casamento de seu marido e seu próprio carro. Seu filho, estava na escola que ela queria e sua filha, era mais que saudável. Tinha o marido, alguém que ela amava, não pelo que lhe dera, mas pelo o que ele fez por ela. Ele fazia tudo por ela e pelos filhos.

Exemplo disso, era aquele lugar lindo que ela escolhera passar as férias e aquele mar, realmente ele anotara o que ela havia falado em Búzios. Mas cumpriria a promessa de levar Matheus aos Estados Unidos, curiosidade que ele tinha desde que começara o curso de inglês.

Ela estava feliz, porque agora, tinha um, para dizer todos, sonho realizado!




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