Capítulo 22

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Ana saiu de casa e foi para o restaurante. Não sabia o porquê de ter marcado com ele, mas foi mesmo assim. Quando saiu de seu portão, viu um carro familiar, o mesmo que Ricardo dirigia, estacionado em sua rua. Pensou que fosse o mesmo, mas havia lhe dito que não sairia com ele.

E também, Ricardo nunca a pegara em casa, apesar de saber que ela morava ali. Balançou a cabeça, devia ser coincidência, um carro igual apenas.

Quando João chegou, no mesmo restaurante do Fonseca, Ana já estava lá, de shorts e sandálias, como uma menina no início de dezembro.

Era quinta a noite. Ana havia explicado a João, em uma ligação na noite anterior que não poderia encontrá-lo, porque não tinha ninguém para ficar com o Matheus. Ela fez a mesma coisa com Ricardo, mas achara estranho ele perguntar o porquê estava evitando-o. Nunca havia tido esse tipo de preocupação entre eles, e pelo o que Ana entendia, nunca teria.

"Não estou te evitando. Apenas não tenho com quem deixar o Matheus." Ela respondeu a mensagem, franzindo a testa.

João aproveitou a noite de quarta para visitar o pai. Explicou a ele que não sabia ao certo o que acontecera para Ana fazer aquilo, mas logo teria a resposta. Ele poderia ter uma ideia do que seria, mas se essa se confirmasse, ela teria ciúmes dele. Aquilo despertou nele uma alegria mas também preocupação. Ele ainda estava em dúvida sobre ficar com Ana ou não. Pelo menos, era o que ele achava.

"Não a perca", foi o conselho de Antônio ao se despedir de João. Não contara ao pai que falara com a irmã, pois aquilo podia deixá-lo mais triste e não querer se curar, de verdade.

Se aproximou e cumprimentou Ana. O clima estava pesado, mas decidiu ignorar.

- O que mudou? - perguntou ele, após a conversa trivial.

- Eu, João. - Ana suspirou e pensou melhor. - Não, na verdade, não mudei. Eu sou assim. Não consigo separar um beijo do afeto, sexo de gostar e estar junto de amar. - ela o encarou. - Eu finjo, quando quero apenas me satisfazer, porém no dia seguinte me sinto mal, quando a pessoa não liga. Quando gosto, não consigo disfarçar o ciúmes. Por isso não posso continuar. - Ela disse que gostava dele? João piscou diante a revelação. Ela confirmou o que ele desconfiava.

- Então, você gosta de mim? - Ana sentiu o rosto esquentar. Como falei isso para ele? Bom, será a última vez que iremos nos ver, então...

- Sim. Há muito tempo não gosto de ninguém, agora estou gostando de você. Alguém inalcançável! - Ana pediu um refrigerante e João a acompanhou.

Ficaram em silêncio enquanto bebiam e pensavam. Ele, no que ela falou e ela, que nunca o veria. Não pediram cerveja porque ninguém queria ficar sobre o efeito do álcool aquele dia.

- Por que você diz inalcançável? - ele não se conteve.

- Não é óbvio, João? Sou diferente. Não sou da sua classe social e você nunca me olharia, se me encontrasse na rua por acaso. - ela foi firme.

O que ela dissera era verdade. Se a visse na rua, olharia sim, mas não chegaria nela, não pediria o seu telefone. Foi a vez de João sentir-se desconfortável, Ana tivera razão ao falar. Mas também o desafiou, duvidava dele, que ele poderia fazer o certo. Afinal, a situação não era das mais comuns, eles já se conheciam, e ela tinha falado que gostava dele. Ele ficou feliz ao ouvir, parecia que o peito tinha inflado.

Então teria que decidir, ali e agora. Ou fazia o certo ou a deixava partir. Decidiu fazer certo, se não por ele e por ela, pelo menos pelo seu pai.

Os momentos que tivera com Ana, fez crescer ainda mais esse desejo, de fazer dar certo. Apesar de não saber o que era dar certo. A intimidade que experimentou com ela era ótima, queria sempre mais. Queria sempre estar, conversar e beijar Ana.

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