Pouco depois de João e Ana saírem, Joana ainda tinha a mão no rosto. Já sentada, tentava se recompor com uma taça de champanhe.
- Você passou dos limites, Joana - falou Antônio.
- Não me venha com sermões. Não você. - falou ela ríspida.
- Escute uma coisa, você pode não gostar de mim, mas isso não lhe dá o direito de fazer o que fez. Nem chegou a conversar com ela, nem lhe deu uma chance e foi acusando. E eu ainda sou o pai - falou ele sério fazendo ela olhar para ele. - E posso dizer: você passou dos limites!
Joana ficou calada. Quem era essa mulher que virara a querida do seu pai e do seu irmão? Será que ela errara ao fazer o que fez? Será que ele errara ao defender o irmão? Se fosse outra mulher ela não faria isso, pois teria a certeza que era apenas mais uma, mas com Ana ela explodiu. Seu pai tinha razão. Ela passou dos limites e deu aquela gente besta o que falar, a festa inteira.
Respirou fundo e olhou em volta. Os assuntos de negócios ficaram cada vez mais frequentes, porém sabia que não esqueceriam o que aconteceu entre ela e Ana. João voltara depois de um tempo, sozinho. Sentou-se na mesa sem olhar para ela, o que a magoou profundamente.
- Cadê Ana? - perguntou Antônio.
- Encontrou uma colega de escola e ficou com ela, conversando um pouco - falou João, pegando uma taça de champanhe.
- Colega de escola? - Joana começou, mas não lhe deram ouvidos.
- Finalmente você aprendeu, não é João? - falou Antônio olhou para o filho.
- Eu entendi, pai. A vida é mais que baladas e festas. Ela é feita de responsabilidades também. - João riu. Joana olhou de um para o outro.
- Quando você mudou João? - ela perguntou baixo.
- Quando conheci a Ana de verdade. - falou ele em tom ríspido. - Você vai pedir desculpas a ela, Joana. Ah, se vai! - Joana se calou ao olhar para o irmão. Então era verdade, aquela Ana o mudara, de verdade.
- Já era a hora - falou Antônio levantou a taça dele. Brincou com João. - Deu tudo certo no final! - continuou ele após beber. Os filhos olharam para ele.
- Era tudo um plano seu? - perguntou Joana surpresa.
- Eu sabia que iria morrer, e mais cedo do que planejava. Já tinha a doença e não pude evitar o infarto. Tinha que mostrar para João o que valia a vida. Ele, com Ana, aprendeu que viver não podia ser do jeito que ele estava fazendo. - Antônio riu satisfeito. - Acredito que tenha sido no primeiro não, não é João? - João piscou. Não sabia se agradecia ao pai ou se lhe dava uma bronca, mas no fim sorriu ao pensar em Ana. - Ela nunca foi minha Joana e quando viu João pela primeira vez, sabia que tinha a perdido.
....
- Você viu Joana, como ela se acha? - Aline sentou-se ao lado da irmã de João.
Esse tinha ido buscar Ana para o discurso da noite, Antônio havia levantado para falar com outros convidados. Joana que ainda não se recompusera da vergonha, ficou sozinha na mesa. Ela olhou Aline, aquela menina que viu em festas de anos anteriores, cresceu e estava deslumbrante. Essa era de berço, mas Joana sempre soube que ela gostava mesmo de João.
Do nada, um rapaz alto, de smoking preto chegou perto e sentou-se entre Aline e Joana.
- Joana. Como você está? - Falou Felipe, que percebeu a confusão de Joana no olhar.
- Bem, Felipe. E você? - Joana gostava daquele fanfarrão, tentou sorrir, após o cumprimento do rapaz, mas não conseguiu.
- Bem também. Vejo que Antônio melhorou. - Joana assentiu com a cabeça, olhando para Antônio, ao longe. - Você se importa de eu falar Aline um instante?
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Sonho Realizado
RomanceCapa de @RosieSenna Ana é uma mulher comum, mãe solteira e guerreira, que um dia se arrisca em um site de relacionamento. Sua vida muda ao conhecer Antônio, que além dos mimos, lhe dará oportunidades que antes nunca tivera. Mas tudo pode acontecer...