Sonho Realizado

Capítulo 10

Alzira levou o Matheus, uma hora depois que Ana chegou em casa. Como estava com o dinheiro sobrando e já havia pago as prestações adiantadas, decidiu sair com o seu filho, depois do almoço.

Como ele já tinha almoçado e tomado banho, Santa Alzira!, ela se arrumou e sairam. Não se importou em comer, o café ainda a sustentava e eles lanchariam mais tarde. E como sempre, Matheus escolheu uma animação.

-Não vou mais pagar para ver desenho, Matheus. Você está grande para isso. - Ana falou.

-Mas mãe, você também gosta.

-Sim, mas hoje vamos ver um filme de verdade. - Ana decidiu.

No seu aniversário de sete anos, Matheus escolhera uma animação e queria vê-la com os pais. Mesmo separados foram e o clima ficou leve, com suas brincadeiras. Em cartaz, estava Jurassic World e Divertidamente.

Matheus queria ver Divertidamente, enquanto seus pais tentavam convencê-lo a ver o filme de dinossauro. Quando finalmente convenceram-no, foram comprar os ingressos para o filme dublado e descobriram que já havia se esgotado. E a outra sessão seria muito tarde. Não sabiam como, mas acabaram vendo a animação, frustração total para os pais, em 3d.

-Escolhe outro, Matheus. Não vou ver animação. - Ana falou e Matheus começou a pensar em outros filmes.

-Dr. Estranho, então. - mais uma vez, Ana se viu no universo dos heróis. Ela não se importou.

-Ótimo. - Chegaram no shopping e foram direto para o cinema.

Entraram na fila e compraram o ingresso, quando a moça chamou o próximo. A moça era uma adolescente com óculos e o boné do cinema, não estava com uma expressão boa, mas estava trabalhando bem.

Sábado à tarde era a hora do pico das crianças no cinema e à noite, dos adultos. Fins de semana era lucrativo, mas os atendentes nunca tinham uma expressão de boas-vindas. O porquê não se sabe.

-Vai querer pipoca ou lanche Matheus? - Ana perguntou, ao se aproximarem do balcão.

-Pipoca. Depois, vamos ao Mc Donalds. - Respondeu Matheus com um sorriso.

Como Ana havia dito a ele que tinha dinheiro, aproveitara a oportunidade, não a deixaria passar. Eeperto, sempre se atinha ao que a mãe falava, assim escolheu os dois. E ela sempre fazia isso, antes de sair de casa conversava com o filho, dizendo se tinha dinheiro ou não.

Melhor assim, do que criança fazendo pirraça por qualquer coisa, que os pais não podiam comprar.

-Boa tarde. Uma meia e uma inteira para Dr. Estranho. É dublado, não é? - Ana sempre perguntava. A pior coisa era ler as legendas para uma criança no cinema, sempre havia alguém que os olharia de cara feia. Além de ser cansativo.

-Sim. Escolha os assentos na tela, por favor - falou secamente a atendente.

-Cinco e seis, fila F. - respondeu Ana, a escolha de Matheus. Ele era tímido com pessoas estranhas, sempre conversava com pessoas conhecidas, da família, mas com estranhos, parecia que não tinha língua.

-Dr. Estranho, 16h, assentos cinco e seis, fila F. Querem pipoca? - Confirmou a atendente. Ana escolheu o combo, no qual o filho tinha direito ao copo do filme.

Como faltava meia hora para o filme, ficaram por ali mesmo, testando a cadeira da sala XD. Matheus perguntou onde Ana fora a noite e ela, evasiva, falou que tinha ido a uma festa com as amigas. Ele não tocou mais no assunto.

Pegaram a pipoca e quando faltava dez minutos entraram na fila para a sala. Ela gostava de estar sentada antes de as luzes apagarem, sempre fora atrapalhada para procurar os lugares no escuro. Matheus, não era diferente.