Capítulo 12

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-Não. Não fizemos nada. Antônio concordou em me dar tempo, para entender essa nova situação. - Ana não sabia ao certo o que lhe falar, escolheu a verdade. Foi sincera e direta.

-Nem um beijo? - Ele insistiu, pois, sabia que o estágio em que a doença de Antônio estava, era preocupante. Ana franziu a testa, não sabia o porquê da insistência. Por fim, suspirou.

-Não, João. Nenhum contato íntimo - falou, cansada.

-Que bom. - Falou ele aliviado. Até demais para o seu gosto. - O que vai querer? - Falou olhando o cardápio. Ana o encarou, com olhar sério.

-Por que me perguntou isso João?

Qualquer homem, ao ouvir aquele tom de voz de uma mulher tremeria da cabeça aos pés, e o seu sistema de alerta seria acionado imediatamente. Com João não foi diferente, ou corria e deixava-a sozinha, ou respondia.

-Por que... - falou ele, sem saber se contaria tudo a ela, ou se ainda saia correndo do restaurante. Está quente aqui? Pensou ele.

-Por que ele quer que eu te ajude? - Ana estava se irritando, sentia-se enganada. Enquanto João queria correr, Ana queria saber a verdade, e do seu jeito, não desistiria.

-Como? - João a olhou, dessa vez querendo saber também. - Por que ele te pediu isso?

-É o que eu quero saber João. Eu tenho um acordo com o seu pai e agora você vem com essa pergunta. Por que João? - eka se exaltou e ele suspirou. Não tinha jeito, tinha que contar.

-Meu pai não quer viver, Ana. Ele acha que a doença o levará. Já até fez a divisão dos bens. E acha que eu não devo ficar sozinho, deve ser por isso que pediu a você que me fizesse companhia. - Para Ana fazia sentido, um pai preocupado com o futuro do filho. - O que me leva ao assunto que nos trouxe aqui, mas antes me diz o que você respondeu a ele. - João continuou.

-Falei que dependia de você. Não sabia se ia querer minha companhia, mas se quisesse seria da mesma forma que foi com ele. - ela deu de ombros. Grosso do jeito que João era, não iria aceitar.

João entendeu ao que ela se referia. Sabia que não teria sexo por status ou dinheiro. Ele assentiu com a cabeça.

-Bom... meu pai quer te dar uma bolsa. É um dinheiro da empresa destinado para fins estudantis, como se déssemos um impulso para que continuem os estudos e tal. - O garçom chegou com o chope que havia sugerido, Ana não tocou no seu e João provou e não gostou. Preferia bebida destiladas.

-Como seria isso? - Ela perguntou. - Seria um salário? - Franziu a testa, quem receberia um salário para acompanhar as pessoas em festa? Se não existisse, Ana inaugurara esta função.

-Mais ou menos. Só que para esse dinheiro, você teria que comprovar alguns gastos. Como notas fiscais de cursos ou sei lá, mas todos voltados para a educação. Então pague a escola do seu filho ou entre em algum curso, apenas para comprovar a empresa. - João deixou o chope de lado desistindo dele, chamou o garçom e pediu um vinho.

-Entendo. - Ana pensou. - Então eu teria que comprovar cada gasto? - Ana perguntou, não que fosse gastar o dinheiro todo assim, mas para saber se aceitaria ou não.

-Sendo você, não. Meu pai acredita que você não gastara todo o dinheiro em coisas supérfluas, como roupa, por exemplo. Ele quer te dar uma chance para crescer, acreditou no seu potencial. As notas seriam apenas para constar na empresa.

-Em troca de...? - Ana abriu a mão, num gesto explicativo enquanto cantava a última palavra.

Se fosse receber mais queria saber como pagaria depois, era melhor deixar claro mais uma vez. Com Antônio fora tranquila essa conversa, mas João...

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