Capítulo 29

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Quando Ana acordou, estava nas nuvens! Levantou-se antes dele e usou o banheiro da suíte. Sentiu-se plena, como há muito não sentia e realmente começara a sonhar.

Como foi boba em não ter feito antes, porém não mudaria nada. Imaginou que não seria a mesma, coisa se fizessem sexo antes.

João acordou com o barulho do chuveiro. Finalmente conseguira o que queria de Ana. Porém achou que seria uma noite qualquer, de sexo tranquilo.

Enganou-se. Aquele fora o melhor sexo que tivera na vida! Intenso, quente, entregue. Imaginou que teria que dispensá-la depois do sexo, mas não queria que ela fosse embora, nunca. Também estava exausto para levantar da cama.

De repente, o sexo ficou mais gostoso. Não era o tipo de cavalheiro, que fazia a mulher chegar antes ao clímax, mas com Ana, ele o fez e gostara de fazer, as várias vezes. Pensou que se houvesse acontecido antes, não seria daquele jeito, talvez ele a trataria mal, igual ou pior do que o Ricardo.

Sentou-se na cama e esfregou o rosto, como mudara em pouco tempo. De repente, o pai tinha razão quanto ao diamante, mas bem que ele podia ser o diamante bruto que Ana o lapidou para ela. Ela saiu lindamente do banheiro, apenas de toalha, em sua posição, ele a viu procurar alguma coisa.

-- Bom dia. Você viu minha calcinha? - ela perguntou e ele não conseguiu, disfarçar o olhar bobo enquanto ela se aproximava. - O que foi?

- Não precisamos dela - ela parou, prevendo o próximo ato dele.

- João, eu preciso ir. Matheus chegará as 8h. - o relógio marcava dez para as sete.

- Cinco minutos, eu prometo. - ele fez cara de cachorro abandonado.

- Mas eu não - ela riu. Ele soube do que ela falava.

Ele levantou e exibiu todo o corpo malhado, alto e bronzeado, nu para ela. Tentando convencê-la do contrário.

- Deve estar na sala, nossa noite começou lá. Se lembra? - ele se aproximou e lhe roubou um beijo, indo ao banheiro. Bom, vergonha ele não tinha, mas também por que teria?

Saindo do quarto de toalha, Ana parou ao se ver uma senhora morena, que também parou.

- Bom dia - falou Ana, sem graça ao ver que ela recolhera as roupas da sala. Além disso, havia dobrado todas e estava segurando-as.

- Bom dia. Acho que isso é seu - Cleuza estendendo-lhe as roupas. Ana corou ainda mais, quando viu a calcinha, no meio delas.

-É sim, obrigada - Ana não conseguiu olhar mais para a senhora, e Cleuza percebeu que, era diferente das outras mulheres, que acordavam exigindo café da manhã.

Ana entrou rápido no quarto e se vestiu. Fora para casa de João, com calça jeans e camisa simples.

- O que houve? - Ana apenas apontou para a porta, sem palavras. - Ah! É Cleuza, minha diarista, de todos os dias. - ele falou abraçando-a. - O que a perturbou?

- Ela me viu de toalha - Ana sussurrou. João olhou com ar divertido.

- Acredite, ela já viu coisa pior - falou João soltando ela do abraço e começando a vestir o terno azul marinho que colocara na cama. - Vamos tomar café?

- João, eu não posso demorar - falou Ana saindo do quarto com ele.

Ela segurava a mão dele, e de novo João a vira indefesa. Ele puxou pela mão e sentaram-se na mesa.

- Eu sei, mas dá tempo para uma xícara de café - falou ele apontando a garrafa térmica.

Ana tomou o café gostoso, porém ficou desconfortável, quando a Cleuza foi arrumar o quarto. Não sabia o que a diarista já tinha visto, mas nunca fora com ela, então ainda estava envergonhada. João estava achando muito bom ter dormido com Ana e estar tomando café com ela. Parecia que era o certo a ser feito, parecia que aquilo que tinha que ser.

Depois do café, entraram no carro e por incrível que pareça, João estava confortável e confiante. Apesar de nunca ter levado as meninas com quem dormira para casa. Olhou Ana, quieta demais.

- O que houve? - Perguntou olhando o trânsito.

- Nada, estava só lembrando... - ela riu. Fez também ele lembrar da noite.

- Vou lembrar, sempre. - Ele pegou a mão dela e deu um beijo. - Ana escolha o melhor para amanhã. Quero que você arrase! - Ele mudou de assunto, senão poderia agarrá-la ali mesmo.

- Antônio estará lá?

- Sim. Ele e minha irmã.

- Sua irmã? - Ela ruborizou. A mesma insegurança que sentiu quando soube que ia conhecer João, a invadiu.

- Calma, Ana. - Ele segurou a mão dela de novo. - Estarei lá com você. - Ela suspirou.

Agora iria conhecer a irmã dele, aquela que morava em São Paulo e que era muito boa como advogada, além de rica. Será que serei a primeira a conhecê-la. Talvez sua imaginação, estivesse indo longe demais.

Depois de deixar Ana em casa, João enfrentou o trânsito da Alameda até o Rio, chegando atrasado na empresa. Mas não se importou.

Relaxado, terminou os assuntos no escritório com um sorriso nos lábios. Seu assistente quase perguntou qual era o nome da flor, que o patrão sentira o cheiro, porém deixou para lá, para não estragar ele de humor. E nada mudou, nem mesmo quando a Marta avisou que não tinha café, pois alguém quebrara a cafeteira e o carro da empresa também estava com defeito, tendo ele mesmo que buscar os investidores de São Paulo para o almoço.

Já Ana, não poderia dizer a mesma coisa. Não sabia que uma noite com João traria responsabilidades e também dúvidas. Quero que você arrase! , ele dissera, logo o gosto dela para o básico ficaria para outro evento. Agora estará ao lado de João, no evento de natal, o último do ano, que reunirá a maioria dos investidores, e como sua namorada. Os pensamentos de Ana não estavam com ela, e errara duas vezes ao arrumar as mochilas dos alunos.

Ana queria um cigarro. As crianças adivinharam que naquele dia ela estava com a cabeça fora do ar e não facilitaram. Um, caíra no recreio e sangrou o joelho, outro, gritou por conta de um brinquedo. Coisas que poderiam acontecer todo dia, porém como ela estava desatenta aconteciam com maior proporção.

Em sua cabeça havia uma escola de samba completa, cuja a maior alegoria era o João e o evento do dia seguinte. Ela gostava muito de samba, mas aquela harmonia não estava certa e o enredo, difícil de entender.

João dissera que o motorista iria buscá-la, pois ele teria que acompanhar a irmã e o pai, mas assim que ela chegasse teria que lhe procurar, dar o braço e ficar ao seu lado a noite inteira.

Coragem para ficar ao lado de quem gosta, mesmo com tantas diferenças. Coragem para mudar de vida e sair da zona de conforto. Não que ela não tinha, mas sempre há dúvida se devia continuar ou não.

Não tinha como prever o que aconteceria, mas se ficar em seu lugar nunca saberia. Respirou fundo e terminou o seu dia. Enfrentaria de cabeça erguida, como sempre fizera em sua vida.

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