Ana e João esperavam enquanto a equipe, cuidava de Antônio.
Sabiam que ele sofrera uma parada cardíaca, mas não sabiam o porquê. João podia ter uma ideia, Ana não.Era quase dez horas, quando Ana olhou no relógio de novo. Inquieta, levantou e pegou um copo d'água e depois, outro. João olhou quando ela levantou e viu cada um de seus movimentos, sabia que estava nervosa com a espera. Parando ao seu lado ainda em pé e ela disse:
-Desculpa João, mas não sei o que fazer. - João sentiu a impotência em sua voz e comoveu-se.
Realmente eles não podiam fazer nada. Ele a olhou, levantou e a abraçou. Tudo sumiu, a raiva de ela não ter dormido com seu pai e seus pensamentos pervertidos.
Não soube porquê de tê-la abraçado, mas precisava daquilo também. Além de pai, Antônio sempre fora o seu exemplo de vida. Ensinou a João, que deveria trabalhar, mesmo tendo o dinheiro, devia fazê-lo render. Ela retribuiu o abraço forte e afagou as suas costas.
-Nada. Não podemos fazer nada. - Fechou os olhos e permitiu perder-se nos braços dela. Sentindo apenas o deslizar de suas mãos nas costas. Aquela sensação de não estar a sozinho, o fazia a melhorar a de alguma forma.
A recepção tinha as paredes mostardas e uma placa de silêncio. As cadeiras simples, mas confortáveis, exigiam que eles sentassem mais uma vez, mas aquela sensação estava tão boa para ambos, que nada externo parecia ter graça. Ana deitou a cabeça no ombro dele e ficaram assim, até serem interrompidos pela médica, que cuidava de seu pai.
Naquele momento só existia os dois. O abraço durou pouco tempo, pelo menos para ele.-João Roberto Ferreira? - Disse a medica. João soltou Ana a contragosto.
-Sim. - falou ele exausto. Que sábado, e nem era meio-dia, ainda. Pensou ele.
-Seu pai está acordado e quer falar com você.
-Certo. - Ele falou. - O que ele teve?
-Um infarto, mas agora está fora de perigo. - a médica informou, enquanto o casal a olhava. Eles assentiram. - Você vai falar com ele?
- Claro. Você espera? - Perguntou ele, olhando para Ana.
-Sim. - Ela tornou a sentar. Estava preocupada com o Antônio, mas havia o Matheus também.
Mandou uma mensagem para Alzira, avó de Matheus, dizendo que houve um imprevisto e perguntando se estava tudo bem com ele.
Também avisou a sua mãe, que acabara de acordar e logo iria para a casa. Ficou inquieta, mais uma vez. Não sabia ainda o porquê do infarto de Antônio, mas não fora certo o que acontecera com João, em seu quarto de hotel. Ele mexia com ela.
Isso, ela não podia negar, mas também sabia que João, nunca a olharia de outra forma a não ser acompanhante de seu pai. Não foi isso que ele foi fazer em seu quarto? Colocá-la em seu lugar?
Afinal, era isso que era para todos naquele jantar, era isso que todos achavam. E no mundo deles, era verdade. Ana suspirou.Se ela pudesse escrever a história, teria conhecido o João pelo site. Sairiam algumas vezes, trocariam alguns beijos e depois namorariam. Não envolveria dinheiro na relação deles, caso ele quisesse dar um presente caro, ela aceitaria e curtiriam até altas horas da noite. Acorda, Ana.
Mantenha o pé no chão, disse para si mesma.-Ana? - João chamou e ela saiu de seu devaneio.
-Oi.
-Meu pai quer falar com você. - Estava distante de novo, como se o abraço e a solidariedade daquele momento, nunca tivessem existido. Viu? Mantenha o pé no chão. pensou ela.
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Sonho Realizado
RomanceCapa de @RosieSenna Ana é uma mulher comum, mãe solteira e guerreira, que um dia se arrisca em um site de relacionamento. Sua vida muda ao conhecer Antônio, que além dos mimos, lhe dará oportunidades que antes nunca tivera. Mas tudo pode acontecer...