Capítulo 60

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    Duas semanas e meia depois.

 

      Finalmente tinha recebido alta. Agora enquanto estava esparramada no sofá da casa do Matthew vendo ele brincar com a Lua e os meninos, lembrei que eu fazia faculdade e não tinha voltado lá depois que as férias acabaram.

      - Matthew, acabei de me lembrar que não fui a faculdade depois das férias.

      - Não tem problema, você tem justificativa, eles vão te passar tudo que você perdeu.

      - Na verdade eu estava pensando em trancar.

      - Trancar a faculdade?! Mas por que?

      - Minha vida está uma bagunça! Ela está em processo de mudança! Estou vivendo novas experiências e com tudo que está acontecendo, não vou ter tempo pra faculdade.

      - É verdade. Bom se é isso que você deseja vou te ajudar. Segunda feira vamos até lá resolver isso.

      - Obrigado! Você é um amigão.

      - De nada. Você também é uma grande amiga.

  ...

      - Estava me perguntando aqui - falei - qual será o nome deles? - apontei pros meninos.

      - Eles ainda não tem nome, segundo a dona Lúcia.

      - Podíamos dar nome à eles.

      - É uma boa idéia.

      Fiz uma listinha com nomes que gostava e o Matthew também, na verdade ele só colocou três nomes, era os que ele achava legais, enquanto minha lista tinha uns vinte nomes. Ficamos a tarde inteira debatendo sobre nomes. Eu pensei que não era possível existir, mas, ele era pior que o Eduardo pra escolher. Nenhum nome estava bom o bastante. No fim das contas a Lua que escolheu. O mais novo recebeu o nome Ben e o mais velho Jacob.

      - Matthew?!
 
      - Não sei se você sabe, mas, pode me chamar de Matt.
 
      - Matthew?! - provoquei.

      - Palhaça. O que foi?

      - O que aconteceu com os pais deles?

      - O pai do mais velho morreu, o do mais novo não quis assumir a paternidade e a mãe morreu.

      - Morreu de que?

      - O pai do mais velho estava envolvido em um assalto a um banco, morreu trocando tiros com a polícia. O pai do mais novo simplesmente não quis assumir ele. É um moleque de dezessete anos.

      - Dezessete? E quantos anos a mãe deles tinha?

      - Vinte.

      - Ela morreu de que?

      - Overdose de cocaína.

      - Como você sabe disso tudo?

      - A Lúcia me contou.

      - E o pai do mais novo? Ele sabe que ela morreu?

      - Provavelmente sim.

      - Ele deveria pelo menos procurar saber se o filho está bem.

      - Ele também é viciado, então é melhor deixar o Ben fora do campo de visão dele, porque é bem provável que ele venderia o menino pra comprar droga.

      - Que triste isso. E eu achava que meu pai não era um bom exemplo.

      - É nessas situações que vemos que temos tantas coisas e não damos valor.

      - Verdade.

      Ficamos a tarde toda, conversando, comendo pipoca, depois tomamos sorvete e assistimos vários filmes. Tudo isso de uma vez. Depois fomos jantar, assistir filme de novo e dormir.

      Na segunda feira de manhã fui até a faculdade com o Matthew. E por muita insistência minha ele deixou eu dirigir. Cheguei a faculdade e enquanto esperava pra ser atendida fui conversar com o Dylan. Ele está tão feliz por mim, segundo ele eu fiz a escolha certa.

      Duas horas depois estava saindo da faculdade com minha matrícula encerrada, eu não ia desistir de cursar a faculdade, mais pra frente retornaria, mas em outro lugar, de preferência bem longe daqui. Estranhamente estava me sentindo feliz por estar encerrando "toda" forma de contato com minha antiga vida. Quer dizer; não tinha encerrado totalmente, ainda tinha a Maitte e não tinha um só dia em que eu não pensasse nela, ela era a única coisa que de certa forma me prendia ao meu recente passado. Mas mesmo sentido muita saudade dela, eu estava feliz! E pra comemorar essa felicidade o Matthew me levou até uma sorveteria e aproveitou pra comemorar o meu aniversário. Mas tudo o que eu tive direito foi só a um picolé?! E nem foi o que eu queria, porque segundo ele o que eu gosto tinha açúcar demais. Mas apesar disso não me importei, não totalmente, é claro que fiz uma birrinha, eu estava feliz por poder sair da rotina de só comer coisas saudáveis. Desde o primeiro dia que estou na sua casa ele só me deixou fazer isso no dia que escolhemos os nomes dos meninos e hoje.

      Estava voltando pra casa toda empolgada, enquanto cantava uma música que tocava no rádio. Depois que fomos a sorveteria ele foi direto pro hospital, então isso me deixou sozinha no conforto do meu carro e não pude reprimir a vontade de cantar, me soltei e cantei o caminho todo.

      Estava em frente ao prédio do Matthew esperando o portão terminar de se abrir, quando isso aconteceu eu não tive nem tempo de arrancar com meu carro, isso porque um carro saiu com tudo da garagem e bateu no meu.

      Sai do carro atordoada e fui ver o estrago que o outro carro fez no meu, o motorista do outro carro também saiu, mas estava tão atordoada que nem prestei atenção. Mas quando fui reclamar com a pessoa tomei um susto.

      - Yuna?

      - Me desculpe - ela falou chorando.

      - O que aconteceu? Por que a pressa?

      - Eu só queria ajudar - ela falou aos prantos - se quiser pode levar seu carro na oficina do meu marido. Ele não vai cobrar nada.

      - Yuna isso não importa agora! Só me diga por que estava dirigindo com essa velocidade.

      - Senhoras a criança está desacordada! É melhor chamarem a ambulância - o porteiro falou.

      - Criança? Que criança? - corri até o carro - O que aconteceu com ela? Lua. Lua - comecei a chama-la, desesperada.

      - A culpa é toda minha - a Yuna falou chorando.

      - Não é hora pra se culpar! Temos que leva-la pra um hospital.


Bjus no Rim.

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