Os pais de Erick iriam assinar os papéis na casa. Minha mãe foi comprar não sei o que para a nossa casa e eu fiquei no quarto ouvindo música. Eu podia ouvir as vozes lá embaixo. Todas estavam calmas. Erick convenceu a mãe de ela deixar ele presenciar o acontecimento. Eu estava preocupada, vai que ele começa uma rebelião na sala? Erick não merece isso. Sei que não faço parte da família, mas se algo acontecesse eu iria intervir.
Diminuí o volume no celular e tentei ouvir alguma coisa. Nada. Acho que tudo vai se resolver pacificamente. Sei o quanto Erick deve estar chateado com o pai, não seria para menos. Eu não sabia de todos os detalhes, mas do que eu sabia, já deixava eu irritada, imagina agora com quem passou por isso. Deve estar sendo doloroso para Alisson. Ela é uma mulher incrível, ela sempre foi gentil conosco. Foi uma das melhores vizinhas que eu tive e continua sendo.
Me sentei na cadeira da escrivaninha e fiquei olhando pela janela. O dia estava bem ensolarado, com poucas nuvens, um dia perfeito. Encarei a nossa casa e pude ver um pouco do meu novo quarto. Pulei a música que estava tocando e começou a tocar uma bem lenta. Minha playlist é bem variada mesmo. Olhei para o violão que estava escorado no canto da parede. Quem sabe algum dia eu não tento tocar?
- AGORA MINHA MÃE ESTÁ LIVRE DE VOCÊ!
- ERICK POR FAVOR. – Tirei meus fones e abri a porta devagar. Fui até o canto da escada e fiquei escondida.
- Você não deu educação para esse garoto? – Ouvi o pai dele falar.
- Sim, ao contrário de você que só faz merda. – Riu alto.
- Ah garoto...eu não vou perder meu tempo com você. – Debochou.
- Vocês dois parem! – Alisson falou. – Já acabou. Pode ir embora agora...
- Foi seu filho que começou.
- Nosso filho. – Corrigiu ela.
- Pra mim ele não é mais nada meu. – Falou.
- Que ótimo! – Erick riu. – Eu também não tenho pai. Para mim você não existe!
- Melhor ainda, não preciso me preocupar com suas coisas. – Falou irritado. A coisa estava mesmo feia. Ouvi passos, fiquei quieta para ouvir o que viria a seguir. Eu queria poder ver, mas tenho certeza que seria pega no flagra.
- Saia daqui. – Erick falou.
- Não aponte o dedo para mim seu pivete. – Gritou.
- Não precisa agir assim. – Alisson gritou para o seu ex marido. – Larga ele. Markus chega...
Eu não resisti. Desci as escadas rápido e vi que Alisson estava com os olhos vermelhos. Erick estava vermelho também, mas era de raiva. O pai dele estava segurando ele pelos ombros. Alisson tentou me impedir, porém desviei dela. Puxei um dos braços de Erick o que fez com que Markus soltasse ele. O pai dele me olhou com raiva, ele pegou suas coisas e saiu. Segundos depois minha mãe chegou e foi correndo até Alisson. Erick foi até a porta da sala e saiu batendo ela com força. Fui atrás dele para impedir que ele cometesse alguma loucura.
- Erick! – Falei tentando pará-lo.
- Cass eu estou com raiva! – Falou.
- Você não pode sair desse jeito. – Parei na frente dele. – Eu sinto muito pelo ocorrido...
- Você viu, ele não está nem aí. – Falou. Percebi que ele estava decepcionado com o pai. Os dois brigaram feio.
- Ai Erick...- Sussurrei. Ele ficou me encarando. Nós dois estávamos no meio da rua, ele deu dois passos pra frente e me abraçou com força. Acho que era disso que ele estava precisando neste momento. Um ombro amigo. Encaixei minha cabeça na curvatura do seu pescoço e fiquei inalando o cheiro bom que ele tinha. – Vai ficar tudo bem. – Falei perto do ouvido dele.
- Eu espero. – Disse com a voz abafada. Ele se desvencilhou de mim e deu um breve sorriso.
- Quer dar uma volta? – Sugeri.
- Você é uma garota compromissada agora. – Riu.
- Christopher não vai se importar, é por uma boa causa. – Sorri. – Vem você precisar tirar essa sua negatividade do corpo.
- Que medo. Onde vamos? – Pediu.
- Para ser sincera nem eu sei. – Ri.- Vamos apenas caminhar, vai te fazer bem...
Nós caminhamos. E muito! Passamos por vários lugares da cidade. Percebi que essa caminhada estava fazendo bem para ele. Ficamos muitas vezes calados, apenas trocando algumas palavras. Vi que ele parou de caminhar, olhei para ele que apontou para um carro que estava estacionado.
- O que foi? – Pedi.
- É o carro dele. – Falou se referindo a Markus. – Me ajuda a esvaziar os pneus? – Pediu com um sorriso sacana no rosto.
- Você quer mesmo fazer isso? Agora? – O encarei.
- Quero, acho que vou me sentir melhor ainda. – Disse.
- Tudo bem. Você esvazia os da frente e eu os de trás. – Falei e ele concordou. Olhamos para ver se nenhuma pessoa estava passando por ali. Erick começou a esvaziar primeiro e em seguida foi a minha vez. Ele se locomoveu até o outro pneu e fez o mesmo processo, eu também fiz a mesma coisa. Eu estava do outro lado quando vimos que alguém estava chegando perto do carro. O alarme foi desativado e eu apenas encarei Erick. Ele fez sinal de silêncio para mim. Fomos até a parte de trás e ficamos lá escondidos. O pai dele entrou dentro do carro e deu partida, quando ele tentou andar o carro fez um barulho estranho e o carro apagou. Nós dois começamos a rir, foi então que Markus saiu do carro e começou a xingar.
- Mas que merda. – Ele disse olhando para os pneus.
- Temos que sair daqui. – Sussurrei.
- Eu vou contar até três, aí corremos. Ok? – Me encarou. O meu coração estava palpitando a mil por segundo, a adrenalina tomava conta do meu corpo. – Um...dois...três. – Quando ele falou três, nos levantamos e saímos correndo que nem loucos. Ouvimos o pai dele nos xingar, mas como estávamos longe não conseguimos ouvir o que ele havia dito. Corremos uma quadra e então paramos em uma esquina.
- Se sente melhor? – Pedi ofegante.
- Muito melhor.- Sorriu.
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Volverte a Ver
FanfictionErick e Cassie com cinco anos de idade já diziam que eram namorados, mas uma briga boba por um urso de pelúcia acabou com tudo. A família de Erick se muda para Miami e assim os dois são separados. Mas os anos se passaram e agora Cassie nem lembra de...