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Acampamento

Fomos bem cedo para a escola. Íamos ir de ônibus. Implorei para Tessa sentar comigo. Guardamos nossas coisas e fomos nos sentar nos bancos. Alguns alunos iam chegando e se ajeitando em seus lugares.

Joel, Erick e Christopher entraram juntos. Erick e Christopher sentaram atrás de nós duas e Joel na nossa frente. Maravilha! Vai ser muito bom ficar entre eles. Já imaginava que a ida ia ser muito longa. A professora fez a contagem para ver se todos estavam então o motorista deu partida.

Fiquei olhando a paisagem da janela e me distraí ouvindo minhas músicas. Tessa e Joel conversavam animadamente então ela pulou para o banco da frente me deixando sozinha com minha playlist.

Foi bom enquanto ninguém lembrava de mim. Os dois atrás de mim riam de alguma piada que Erick tinha feito. Os dois na minha frente estavam se beijando. Os outros faziam um pouco de tudo. Eu estava quase pegando no sono, também com minhas músicas dramáticas quem não iria?

- Cass você está bem? – Christopher pediu.

- Sim, só estou um pouco cansada. – Falei baixo. – Minhas músicas dão um pouco de sono para ajudar...- Ri.

- Quer que vá aí? – Pediu. Balancei a cabeça bem devagar. Ele veio para o banco da frente e eu aproveitei para me escorar em seu ombro. O perfume dele era tão gostoso.

- Christopher...- Ele me olhou. – Eu...eu...- Fiquei sem saber o que dizer. Aqueles olhos castanhos me encarando não estavam ajudando. – Tenho sorte de ter você. – Falei baixo. Senti meus olhos marejados. Merda. Não achei que isso aconteceria, na minha cabeça estava tudo certo. Mas nos momentos sempre acontecem imprevistos. Ele não disse nada apenas me abraçou. Algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto. Ficamos naquele abraço durante um bom tempo. Vi que Tessa deu uma espiada para ver o que estava acontecendo. Ela apenas deu um sorriso fraco.

- Vamos alunos. Podem ir descendo. Vamos dividir vocês nas cabanas... – A supervisora dizia no meio do corredor do ônibus. Fomos pegar nossas malas e esperamos para saber o número da nossa cabana. Tessa e eu ficamos com a de número 16 e os garotos com a de número 20. Não eram longe uma da outra. Todos nós demos uma risada engraçada. Fomos procurar nossa cabana no meio do mato. Era bem simples. Tinha uma cama de casal, duas janelas bem pequenas e um banheiro minúsculo. Na frente tinha uma varanda que mal cabia nós duas.

Jogamos as malas no chão e pulamos na cama.

- Meu deus, isso parece coisa de filme de terror.- Falou Tessa bufando.

- Verdade, mas melhor que isso a escola não iria encontrar e fora que seria bem mais caro...- A olhei.

- É. – Falou. – O que foi aquela cena do ônibus? – Disse apertando minhas bochechas.

- Para. – Falei.

- Achei a coisa mais fofa...

- Eu achei que precisava dizer aquilo a ele. Christopher merecia...- Falei. – E bem eu me deixei levar. Você sabe que posso ser bem sentimental as vezes...

- Entendo. Foi por isso que fui com Joel. Eu vi que você precisava de um empurrãozinho. – Sorriu. – O que acha de irmos visitar os três?

- Tudo bem.

Caminhamos pela rua de terra até a cabana deles. A porta estava meio encostada, demos um leve batida então entramos. Joel saiu do banheiro com uma toalha na mão. Christopher estava abrindo a janela e Erick estava mexendo no celular.

- Temos visita. – Joel riu.

- Opa. – Christopher veio até nós duas.

- O de vocês é maior. – Tessa disse.

- Somos em três. Precisamos de mais espaço. – Erick falou e depois começou a rir.

- Garotos. – Falei. – Não são seres humanos...

- Obrigado. – Christopher me fuzilou com o olhar. Dei um peteleco na orelha dele.

- Não faz drama querido. – Falei e todos riram.

Continuamos conversando até que a supervisora veio nos chamar para almoçar. Todos os alunos foram para uma espécie de refeitório. O lugar era bem amplo e me admirei por caber todos lá dentro. O almoço era pizza. Para a alegria de todos.

Tinha de vários sabores o que foi uma maravilha. Todos alunos conversavam e estava uma barulheira. Ninguém estava quieto. Eu queria saber o que íamos fazer durante os dias que passaríamos ali. Uma mulher que era umas das responsáveis conversou com todos explicando como ia funcionar nosso passeio.

Fiquei feliz da vida quando soube que faríamos uma trilha. Isso é muito divertido ainda mais que estamos em outra cidade, tudo fica bem melhor! Também teria uma espécie de fogueira o que eu também gostei. A mulher falou por bastante tempo e eu já estava com preguiça de escutar. Christopher estava ao meu lado, aproveitei e me escorei nele que brincava com meus cabelos.

- Hey.- Sussurrou. Eu o olhei. Foi inevitável não sorrir, aquela carinha tão fofa...- Vamos fugir daqui. – Riu.

- Mas agora? Vão sentir nossa falta...- Falei indicando os três na nossa frente.

- Não vão. Ou talvez sim. – Deu de ombros. – Vamos...- Fez uma careta.

- Está bem. – Falei. Nos levantamos sem fazer barulho. Demos meia volta e saímos pela porta que tinha do lado. Seguimos por um caminho de terra que tinha muitas árvores ao redor. O vento nos fazia companhia e fomos seguindo até que chegamos em um penhasco, lá embaixo tinha o mar. Me aproximei da beirada e fiquei admirando as ondas se chocarem nas pedras.

- Gostei daqui. – Disse se parando atrás de mim e passando seus braços ao meu redor.

- É lindo. – Falei suspirando. – Valeu a pena sair de lá...mas vou pedir a Tessa o que vamos fazer.

- Não se preocupe, nós iremos descobrir. – Rimos. – Estou louco pela trilha...

- Eu também! Achei isso bem diferente e interessante. – Virei e ficamos frente a frente. Christopher deu uma mordida em seu lábio inferior. Parece que alguém está me testando. Eu sei jogar esse tipo de jogo. Fingi que não era comigo o que fez ele ficar louco.

- Está me ignorando...- Semicerrou os olhos.

- Eu? Imagina! – Falei rindo. – Ah vai me dizer que o gatito cego ficou triste...

- Gatito cego? – Me encarou.

- Seu mais novo apelido. – Apertei as bochechas dele.