Volverte a Ver

Coração brilhante

Na segunda de manhã, acordei um pouco atrasada e tive que me arrumar correndo. Por sorte meu pai estava em casa então ele me deu um carona. Quando saí do carro o sinal bateu e eu fui em disparada para a sala.

A professora ainda não tinha chegado e fiquei feliz da vida por chegar a tempo. Christopher me deu um abraço e ficou olhando para meu pescoço. Só depois que eu me toquei e lembrei que eu estava usando dois colares e não um.

- Quem te deu esse? –Apontou para a palheta.

- Erick. – Respondi.

- Bonito. – Falou.

- Que gracinha. – Tessa disse olhando os dois colares. – Já abriu todos presentes?

- Ainda não. – Falei. – Mas eu abri o de Joel.

- Gostou? – Pediu sorrindo. – Pra você lembrar que fui eu que te dei...

- Gostei sim, eu ia vir com ela, mas acordei atrasada e esqueci. – Ri.

- O que ele te deu? – Tessa pediu.

- Uma bandana.- Falei e todos riram.

- Obvio. – Erick disse. – Joel e seus presentes que o identificam...

- Melhor do que meias. – Falou ele.

- Mas eu adorei, obrigado. – Sorri para ele. A professora chegou na frente da porta e abriu a sala. Todos nós entramos e fomos para nossos lugares. Eu estava morrendo de tédio, eu não aguentava mais! Por sorte pediram para que os alunos do terceiro ano subissem ao auditório.

Um aglomerado de pessoas ou melhor, de alunos estavam entrando lá. Nós cinco nos sentamos nas cadeiras da fileira do meio. A supervisora estava parada esperando que todos se acomodassem. Quando todos ficaram em silêncio o que demorou um pouco ela começou a falar.

- Alunos, nós temos uma novidade para vocês. – Começou. – A escola decidiu fazer algo diferente esse ano com vocês. Decidimos fazer um acampamento. – Todos começaram a conversar e fazer barulho. – Silêncio! Pessoal...por favor. Obrigada. Como eu ia dizendo vamos fazer um acampamento, mas será na cidade vizinha. Vocês levarão os bilhetes para confirmar quem vai ou não e falaremos sobre os valores também. Estamos pensando em ir daqui a duas semanas. Precisamos do quanto antes os bilhetes...entendido? – Todos responderam que sim. Ela foi distribuindo vários bilhetes para nós.

Fiquei animada. Seria algo totalmente diferente. Uma vez na vida a escola faz algo inovador. É um milagre! Voltamos para a sala em seguida. A manhã inteira foi só esse assunto. Durante o recreio decidimos se íamos ir ou não.

- Vamos vai ser legal. – Tessa pediu a Joel.

- Tudo bem. – Falou e ela abraçou ele. Por um momento achei que ela tinha matado ele, mas foi só impressão minha.

- Você vai né? – Christopher pediu perto da minha orelha.

- Vou. Vai ser divertido...- Sorriu. – Temos que aproveitar é nosso último ano na escola. Já estamos na metade do ano, quando ver o baile de formatura já está aí...

- Você tem razão. – Falou. – Ei não se esqueça de que você já tem par...- Falou.

- Quem? Não sei de par nenhum. – Falei e comecei a rir.

- Esse acampamento vai ser divertido. – Erick falou.

- Vai. – Falei.

Estava tudo certo. Nós todos iriamos ir no acampamento. Já comecei a pensar no que levar afinal os dias passam voando. Tudo estava indo bem, Tessa e eu combinamos de arrumar nossas malas juntas. Um dia antes da viagem ela iria dormir aqui em casa para chegarmos juntas.

- Minha nossa quanta coisa, parece que vamos ficar meses fora...- Falei para Tessa.

- Que nada. – Falou. – Bom talvez algumas coisas são desnecessárias...- Tirou algumas roupas da mala imensa dela. Quando acabamos de arrumar nossas coisas fomos jantar com a minha mãe.

Depois do jantar revolvemos assistir um filme de comédia romântica e fizemos pipoca de chocolate para acompanhar. Depois que o filme acabou nós duas estávamos fungando! Nos encaramos e começamos a rir.

- Ei achei fofo o presente do Christopher...o do Erick também. – Sorriu.

- É também gostei. – A olhei.

- Sabe eu achei vocês dois uma graça, na sua festa surpresa...

- Christopher é um amor, eu sei. – Falei desligando a tv.

- Estou falando do Erick. – Riu. – Eu acho que ele gosta de você. – Falou. Eu parei e senti minhas bochechas esquentarem. Tessa arregalou os olhos. – VOCÊ SABE! – Exclamou. – Meu deus o Erick...eu não acredito que é verdade!

- Tessa, não começa. – Ignorei ela.

- Ele cantou para você! – Sorriu. – Que lindo...mas tem uma coisa...o Christopher sabe disso?

- Claro que não. – Falei. – Isso abalaria a amizade deles. E eu estou no meio dessa coisa toda.

- Mas Cass eu posso te fazer uma pergunta? – Me encarou.

- Pode. Acho que até já sei o que é. – Falei.

- Você ainda gosta dele? Tipo eu sei que você está com o Christopher e tudo mais, mas eu percebo do jeito que ele te olha e como você reage ao ver ele ou os olhares...

- Tessa...eu...eu não sei. – Me atirei no sofá. – Eu gosto do Christopher, ele sabe, mas parece que ele me ama em uma intensidade maior do que eu o amo. E não gosto disso...

- Bah complicado. – Falou. – Eu acho que você precisa se decidir...

- É disso que tenho medo. Alguém vai sair machucado. Eu não quero isso...sei como dói.

- Mas infelizmente é a única saída. – Ela pegou os meus dois colares.- Você precisa escolher: o coração brilhante ou a palheta preta...

Fiquei encarando os dois formatos na mão dela. Me assustava eu ter que decidir algo desse tipo. Eu sabia que sempre ia ter algo que não funcionaria. Eu estava vivendo em um triângulo amoroso e nem sabia!

Tenho medo de pensar no que pode acontecer se eu machucar um deles. Os dois são importantes para mim, quero que eles continuem comigo mesmo depois de tudo. Não quero que alguém se afaste por minha culpa.

Toda vez que Erick chegava perto de mim, toda vez que ele me abraçava ou tentava me beijar ou o simples fato de ele estar muito perto de mim, eu achava errado, mas acabava gostando do momento. Gostei dele antes e tenho muito receio que isso tenha voltado. Isso não pode estar acontecendo!

Fico pensando em Christopher. Como ele ficou feliz aquele dia na praia quando continuamos juntos. Ele realmente gosta de mim. Ele é tão gentil, talentoso...muitas coisas! Eu não quero quebrar o coração de ninguém. Isso parte o meu próprio só de pensar.

Sei que é necessário dar um basta nas coisas.

- Tessa. – Ela me encarou.

- Que foi?

- Eu acho que quero o coração brilhante.