Capítulo 1

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Conforme prometido, aqui está o primeiro capítulo de O Órfão!

Espero que gostem!

Ah, lembrando que o livro completo está

disponível na versão ebook no site da Amazon!

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Outubro

Gustavo não queria fazer aquela ligação, mas precisava. Um número ficava martelando em sua cabeça: dezoito... Dezoito... DEZOITO!! Seu tempo estava acabando e logo completaria dezoito anos e teria que sair daqui. E o orfanato era tudo o que ele conhecia desde... Bom... Desde muito tempo!

Precisava falar com o homem cuja vida acompanhava pela internet há muito tempo, mas nunca quis entrar em contato. Sua mãe deixou uma carta, antes de morrer, falando sobre ele. Gustavo acreditava que poderia viver sem precisar da ajuda daquele homem, porém seus planos não deram certo.

Ele encontrara o telefone dele há muito tempo, mas esperava não precisar fazer essa ligação. Aquele homem era sua última esperança.

— Beneditte Investimentos, boa tarde.

— Boa tarde. Gostaria de falar com Carlos Beneditte, por favor? Pediu Gustavo olhando para a porta, que poderia ser aberta a qualquer momento.

— Qual o assunto?

— É particular.

— Seu nome?

— Gustavo.

— Gustavo do quê?

— Casagrande. Gustavo Casagrande.

— Um minuto, por favor.

Ouve-se a irritante música de espera do telefone.

— Carlos, boa tarde.

— Boa tarde, senhor Carlos. Sou Gustavo, filho da Valentina Casagrande. O senhor deve se lembrar dela, não?

Há um silêncio incomodo do outro lado da linha.

— Senhor Carlos?

— Desculpe, não a conheço.

Tu... Tu... Tu...

O homem desligara o telefone. Sua urgência em desligar aquela ligação fez com que Gustavo tivesse certeza de que Carlos havia lembrado de sua mãe. E não desistiria de falar com ele.

Gustavo olha novamente para a porta antes de pegar no telefone.

— Beneditte Investimentos, boa tarde.

— Boa tarde. Eu estava falando com o Senhor Carlos. Mas acho que a ligação caiu... Pode passar novamente para ele?

— Um momento...

Novamente aquela música irritante... Mas desta vez é a voz da secretária que retorna.

— Sinto muito, mas ele já saiu. Não está mais no escritório.

— Como assim? Não faz um minuto que ele estava aí.

— Sinto muito.

— Eu também... Posso deixar meu telefone para ele retornar, por favor? É urgente.

— Claro. Pode falar.

Gustavo já imaginava que não podia contar com Carlos, que nunca se importou com qualquer aspecto de sua vida. Seria de estranhar se ele fosse fazer algo por iniciativa própria.

No dia seguinte, Gustavo liga novamente. Está se arriscando, sabe que os internos não podem usar o telefone sem autorização. Mas ele precisa falar com aquele homem de qualquer maneira.

— Beneditte Investimentos, boa tarde.

— Boa tarde. O senhor Carlos, por favor.

— Qual o assunto?

— É particular. Meu nome é Gustavo Casagrande e liguei ontem para falar com o senhor Carlos. Deixei o número do meu telefone. Mas ele não retornou.

— Ah, sim, Gustavo. O senhor Carlos é um homem muito ocupado. Vou verificar se ele pode falar com você agora.

E aquela música irritante invade os seus ouvidos novamente.

— Sinto muito. Mas ele não pode atender no momento. Pode me passar seu telefone que ele liga assim que puder.

Gustavo está para perder a calma. Não pode se desesperar. Respira profundamente algumas vezes e toma uma decisão.

— Certo. E o senhor Luís Gustavo Beneditte. Poderia falar com ele?

— Um momento, senhor.

A secretária coloca-o novamente na espera. Pela demora, Gustavo já não esperava que fosse atendido. Mas uma voz o surpreende.

— Boa tarde!

— Boa tarde, senhor Luís. Desculpe lhe incomodar. Talvez o senhor possa me ajudar. Estava tentando falar com o senhor Carlos, mas parece que ele não quer falar comigo. Meu nome é Gustavo Casagrande, filho da Valentina Casagrande. Não sei se o senhor chegou a conhecer minha mãe...

Faz-se silêncio do outro lado da linha.

— Valentina? Santo Deus... - O homem se espanta. — Sim, eu me lembro. Faz anos que não ouço falar dela. Como ela está?

— Infelizmente ela faleceu há alguns anos, senhor.

— Sinto muito, filho. Eu não sabia... E também não sabia que ela tinha um filho... Quantos anos você tem?

— Vou fazer dezoito.

— Humm... Dezoito... É uma boa idade, rapaz! Espera aí? Você disse dezoito? Quer dizer que você é...

— Sim... Sou filho do Carlos e, agora, preciso da ajuda dele. Pelo menos por um tempo até conseguir me manter sozinho. Depois, sigo em frente...

— Certo. Vamos marcar um encontro. Você pode vir até aqui?

— Infelizmente não, senhor. Não posso sair do orfanato.

— Orfanato?

— Sim. Eu moro num orfanato para menores desde que minha mãe morreu...

— Sinto muito, filho... Qual o endereço?

— Rua das Hortênsias, 54. Peça para falar com o interno Gustavo Casagrande.

— Não vou lhe prometer. Mas imagino que consigo passar aí hoje à tarde.

— Obrigado, senhor.

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