Capítulo 11

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Quando chega na rua, Carlos não consegue encontrar Luís e Gustavo. Não estão no restaurante que seu pai costuma frequentar e desiste da busca. Mas seu pai terá que explicar o que o garoto do orfanato está fazendo no escritório. E por que o contratou sem falar com ele e seus irmãos.

Na volta de seu almoço, Carlos sonda Dalva a respeito do garoto.

— Gustavo. O nome dele é Gustavo, esclarece Dalva.

— E meu pai falou por quê o contratou?

— Senhor Carlos, seu pai não deve explicações a mim. Trabalho há anos com ele e sei que ele é sensato. Se o contratou, sei que tem um bom motivo.

Na Beneditte Investimento, todas as contratações são decididas pelos cinco sócios: Luís e seus filhos: Carlos, Natália, Augusto e Leonardo. Mas no caso da contratação de Gustavo, Luís decidira sozinho, o que causa estranheza e é motivo de conversa entre alguns funcionários.

Gustavo não sai da sala do arquivo com frequência, o que aumenta a curiosidade geral. E os poucos funcionários que vão até o arquivo não conseguem tirar muita informação de Gustavo.

Quem mais sabe sobre ele é a funcionária do RH, Cláudia, que preencheu os documentos para o registro dele.

— Mas eu não tenho foto dele, comenta Cláudia quando indagada ao chega ao setor financeiro.

— Como assim? Todas nós entregamos uma quando começamos, relembra Larissa.

— Sim, mas ele foi autorizado pelo senhor Luís a trazer depois, explica Cláudia.

— Ok... Não se fala mais nisso, diz Suzele piscando para Larissa e já pensando em uma forma de conhecer o novo funcionário. E ela consegue arranjar uma desculpa para ir à sala do arquivo.

A porta da sala está aberta, mas ela não vê ninguém. Pensa em chamar pelo garoto, mas Cláudia não dissera o nome dele e se arrepende de não ter perguntado. Bate na porta com receio, chamando-o:

— Olá? Tem alguém aí?

Suzele aguarda por uns instantes antes de desistir e voltar para o seu setor. No momento que está saindo da sala, chega um garoto sorridente carregando uma resma de papel e uma caixa pequena em seus braços.

— Olá! Procurando alguma coisa?

Suzele o olha admirada. Aqueles olhos claros lhe tiram o fôlego. Ela não esperava que ele fosse tão bonito e que a fizesse suspirar.

— Sou o Gustavo, diz estendendo a mão para cumprimentá-la.

— Suzele, responde saindo de seus devaneios.

— Precisa de algum arquivo, Suzele?

— Sim, estou procurando uma autorização de débito de um cliente. Devia estar junto com os outros, mas não estou encontrando... - Disfarça Suzele.

Gustavo a olha sério, levantando uma das sobrancelhas.

— Isso aqui está uma bagunça. Teremos sorte em encontrar algo rapidamente.

— Mas você não trabalha aqui?

— Sim, comecei esta semana. Ainda não deu tempo de organizar tudo. Além disso, tem muito documento fora do lugar. Deixe os dados do documento que você precisa que, quando encontrar, eu o levo para você.

— Aqui está, diz Suzele anotando os dados de um cliente qualquer. — Eu vou até a cozinha tomar um café. Quer ir?

Gustavo coça a cabeça...

O ÓrfãoOnde histórias criam vida. Descubra agora