Quando chega na rua, Carlos não consegue encontrar Luís e Gustavo. Não estão no restaurante que seu pai costuma frequentar e desiste da busca. Mas seu pai terá que explicar o que o garoto do orfanato está fazendo no escritório. E por que o contratou sem falar com ele e seus irmãos.
Na volta de seu almoço, Carlos sonda Dalva a respeito do garoto.
— Gustavo. O nome dele é Gustavo, esclarece Dalva.
— E meu pai falou por quê o contratou?
— Senhor Carlos, seu pai não deve explicações a mim. Trabalho há anos com ele e sei que ele é sensato. Se o contratou, sei que tem um bom motivo.
Na Beneditte Investimento, todas as contratações são decididas pelos cinco sócios: Luís e seus filhos: Carlos, Natália, Augusto e Leonardo. Mas no caso da contratação de Gustavo, Luís decidira sozinho, o que causa estranheza e é motivo de conversa entre alguns funcionários.
Gustavo não sai da sala do arquivo com frequência, o que aumenta a curiosidade geral. E os poucos funcionários que vão até o arquivo não conseguem tirar muita informação de Gustavo.
Quem mais sabe sobre ele é a funcionária do RH, Cláudia, que preencheu os documentos para o registro dele.
— Mas eu não tenho foto dele, comenta Cláudia quando indagada ao chega ao setor financeiro.
— Como assim? Todas nós entregamos uma quando começamos, relembra Larissa.
— Sim, mas ele foi autorizado pelo senhor Luís a trazer depois, explica Cláudia.
— Ok... Não se fala mais nisso, diz Suzele piscando para Larissa e já pensando em uma forma de conhecer o novo funcionário. E ela consegue arranjar uma desculpa para ir à sala do arquivo.
A porta da sala está aberta, mas ela não vê ninguém. Pensa em chamar pelo garoto, mas Cláudia não dissera o nome dele e se arrepende de não ter perguntado. Bate na porta com receio, chamando-o:
— Olá? Tem alguém aí?
Suzele aguarda por uns instantes antes de desistir e voltar para o seu setor. No momento que está saindo da sala, chega um garoto sorridente carregando uma resma de papel e uma caixa pequena em seus braços.
— Olá! Procurando alguma coisa?
Suzele o olha admirada. Aqueles olhos claros lhe tiram o fôlego. Ela não esperava que ele fosse tão bonito e que a fizesse suspirar.
— Sou o Gustavo, diz estendendo a mão para cumprimentá-la.
— Suzele, responde saindo de seus devaneios.
— Precisa de algum arquivo, Suzele?
— Sim, estou procurando uma autorização de débito de um cliente. Devia estar junto com os outros, mas não estou encontrando... - Disfarça Suzele.
Gustavo a olha sério, levantando uma das sobrancelhas.
— Isso aqui está uma bagunça. Teremos sorte em encontrar algo rapidamente.
— Mas você não trabalha aqui?
— Sim, comecei esta semana. Ainda não deu tempo de organizar tudo. Além disso, tem muito documento fora do lugar. Deixe os dados do documento que você precisa que, quando encontrar, eu o levo para você.
— Aqui está, diz Suzele anotando os dados de um cliente qualquer. — Eu vou até a cozinha tomar um café. Quer ir?
Gustavo coça a cabeça...
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O Órfão
General FictionGustavo é um garoto que morou no orfanato de seus cinco anos até os 18 anos. E agora descobriu que tem um pai e uma família completa. Mas adaptar-se a esta família não será tão fácil.