Setembro
Larissa
Domingo, dia 11, é o meu aniversário e completo dezenove anos. No sábado de manhã eu acordei e estava sozinha no quarto do apartamento que meus pais mantêm aqui na cidade.
Por ficarem meses fora, eles contrataram uma empresa de conservação e limpeza para manter o apartamento habitável. Disseram que eu poderia morar neste apartamento, mas eu não aceitei. Prefiro um lugar neutro, como a pensão.
Ainda na cama, comecei a pensar em tudo o que aconteceu neste ano. Não sou mais amiga de Isabela ou de Amanda. As duas se voltaram contra mim por eu continuar amiga de Gustavo.
Mas manter a amizade com Gustavo foi mais difícil que eu imaginava. Eu me apaixonava por ele a cada sorriso. E cada garota que chegava perto dele fazia meu sangue ferver. Nunca vi ele com outra garota, mas acredito que ele saiu com várias garotas da faculdade. Não quero pensar nisso agora...
Lembrei de quando, devia ser maio, ele me contou todo animado que havia uma faculdade em Holambra voltada à produção de flores, sementes, hortaliças e frutos. Ele havia se inscrito e que fora aceito. O curso começaria em agosto.
Eu juro que tentei demonstrar minha alegria por ele fazer o que realmente gosta. Mas na hora eu pensei apenas na distância que isso provocaria. E mesmo não querendo, comecei a chorar. Gustavo não entendeu nada e eu não soube explicar. Pedi apenas um abraço que ele não negou.
Quando meus pais disseram que estavam vindo para cidade e que ficariam uma semana, eu estranhei o súbito interesse deles em comemorar meu aniversário e tentei não criar expectativas. Conheço eles: Elisabete e Maximiliano Barros não dão ponto sem nó.
Na quarta-feira, eu os recepcionei no aeroporto e seguimos para o apartamento. Eles pediram para que eu ficasse lá até sua partida.
Minha mãe avisou que queria organizar um jantar para comemorar meu aniversário no sábado e pediu para convidar meus amigos. Na verdade, depois que briguei com a Isabela, considero apenas Gustavo como meu amigo. Mas ele está em Holambra. Minha mãe insiste e eu ligo convidando. Para minha surpresa, ele viria de qualquer jeito: sua avó queria vê-lo. Apesar de decepcionada por ele não ter lembrado de meu aniversário, consigo disfarçar.
Ao saber que apenas o Gustavo seria convidado, ela resolveu fazer o jantar no apartamento.
Com o jantar marcado apenas para as 19 horas, minha mãe me arrastou, logo que percebera que eu estava acordada, para sua loja de vestidos favorita.
O vestido foi escolhido por ela, mas eu adorei. Apesar de estarmos longe há muito tempo, ela ainda acerta nos presentes. Ele é bordô e o modelo, um tomara-que-caia justo na cintura, mas solto na parte da saia, nada extravagante. O suficiente para ser lindo.
Depois do almoço, fomos para um salão de beleza. Foi um dia de princesa completo: unhas, sobrancelha, maquiagem e cabelo.
Resolvi prender só a parte de cima do cabelo, deixando o restante solto. A maquiagem não foi exagerada. Só o suficiente para ressaltar minha beleza, foi o que a maquiadora disse.
Apesar de ainda ser difícil, admito que adorei passar o dia com minha mãe.
Quando chegamos ao apartamento, os preparativos estavam a mil por hora. O serviço de buffet contratado estava decorando a sala e arrumando a mesa para o jantar.
Só tinha um pequeno problema: eram quase 19h30 e Gustavo ainda não dera sinal de vida. Nem mesmo uma mensagem. Ligo para seu celular e ele atende de imediato e começa a pedir desculpas. "Você sabe como minha avó é. Ela não quer que eu saia de perto dela." Ainda mais que estou morando longe." Pronto, pensei, ele não vem.
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O Órfão
General FictionGustavo é um garoto que morou no orfanato de seus cinco anos até os 18 anos. E agora descobriu que tem um pai e uma família completa. Mas adaptar-se a esta família não será tão fácil.