Dezembro
No início de dezembro, Gustavo, por ter ótimas notas, entra em férias. É um prêmio por ter se dedicado aos estudos. E, como combinado, Gustavo começa a trabalhar no escritório, também, no período da manhã.
Certo dia, ainda pela manhã, Gustavo precisa da pasta de documentos que a Madre Ana lhe entregara quando saiu do orfanato. O advogado da família pedira sua certidão de nascimento para dar continuidade ao processo de reconhecimento de paternidade. Dentro da pasta encontra um documento que lhe chamam atenção: um contrato de abertura de conta assinado pela Madre Ana. Como ele, Luís e Carlos iriam se reunir com o advogado naquela manhã, decide levar o documento.
— Gustavo, pelo que estou vendo aqui, você tem uma conta neste banco, explica Dante, o advogado da família Beneditte.
— Mas por que eu teria esta conta? - Questiona Gustavo.
— Provavelmente para receber a pensão do INSS. Como você era o único dependente, você tem o direito à pensão. Só precisa ir ao banco para confirmar.
— Eu posso ir hoje com você, Gustavo, prontifica-se Carlos. — O processo de alteração da filiação vai demorar um pouco. Mas depois que você tiver sua identidade nova, poderá alterar seus dados.
Depois que o advogado saiu da sala, Luís pergunta se Gustavo já planejara suas férias.
— Só estudar para o vestibular.
— Mas isso você pode fazer em qualquer lugar, certo?
— Sim, tendo o material e Internet. Por quê? - Questiona Gustavo estranhando a pergunta.
— Bom, todos os anos, nós passamos o Natal e o Ano Novo na nossa casa de praia. Mas Beca, Giovana e as crianças vão antes.
— Certo, e?
— E Beca quer que você também vá. Todos os nossos netos vão. Não é justo você não ir.
— E quando será?
— De 15 de dezembro até 15 de janeiro, explica Luís.
— Mas comecei a trabalhar em outubro. Não tenho direito a férias, estranha Gustavo.
— Aí está o lado bom de ser o filho do dono do escritório. Além disso, todo o escritório terá férias coletivas do Natal ao dia 5 de janeiro, explica Carlos.
— E se eu não quiser essa folga, Carlos?
Luís e Carlos começam a rir e se olham com cumplicidade. Ao que Luís responde:
— Neste caso, você irá se entender com a Beca, Gus. Foi ela quem planejou isso. E nós não queremos contrariá-la.
— Então não há mais o que fazer, diz Gustavo sorrindo.
Por volta das 11 horas, Gustavo e Carlos chegam ao banco. Quando atendidos, são informados que a conta de Gustavo é, na verdade, uma poupança e como Gustavo já completou 18 anos, poderá movimentá-la.
Gustavo entrega os documentos solicitados para atualizar o cadastro e solicitar um cartão para movimentar a conta. No final do atendimento, ele pede o saldo da poupança e se assusta com o valor.
Ao saírem do banco, Carlos convida Gustavo para almoçarem juntos. Quando chegam ao restaurante escolhido por Carlos, logo são atendidos e fazem seus pedidos.
— Se eu soubesse deste valor antes... - Gustavo pensa pesarosamente em voz alta.
— Ainda bem que não soube, alegra-se Carlos.
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O Órfão
Ficção GeralGustavo é um garoto que morou no orfanato de seus cinco anos até os 18 anos. E agora descobriu que tem um pai e uma família completa. Mas adaptar-se a esta família não será tão fácil.