Caio, Danilo e Francisco, os amigos de George, estão curiosos para saber mais sobre a vida de Gustavo no orfanato. Apesar disso, eles conseguem não o deixar constrangido com as perguntas.
Numa hora que os rapazes estão conversando entre si, George chama Gustavo e comenta, disfarçando:
— Aquelas garotas estão olhando para você.
— Eu sei... Já percebi...
— E porque você não vai até lá conversar com elas? - Incentiva George.
— Não sei se é uma boa ideia...
— Por que não, Gustavo? Está com medo delas? - Brinca George e Gustavo o olha assustado.
— Opa! Não me diga que você nunca...
George não precisa terminar a frase para confirmar que Gustavo nunca beijara uma garota, pois ele está sem jeito e suas bochechas, coradas.
— Morei num orfanato católico e as Irmãs não nos deixavam sozinhos... - Explica Gustavo e George ri da situação. — Para de rir.
Gustavo tenta ficar bravo com George, mas rende-se e ri junto.
— O que está acontecendo aí? - Pergunta Caio.
— O Gustavo está com vergonha de chegar à mesa de umas garotas.
— Para, George! - Repreende Gustavo.
— Quem são elas? - Questiona Francisco
George mostra a mesa e os três amigos olham para lá, deixando Gustavo mais vergonhado.
— Pena que são novinhas para gente... - Lamenta Danilo enquanto Caio sugere:
— Gustavo, faz o seguinte: vai até o banheiro, que é para aquele lado, mesmo. Passa pela mesa e as cumprimenta. Algo simples: um "Oi, garotas" é o suficiente. Quando voltar, senta no bar e pede uma bebida e olha para a mesa delas.
— Se tiverem coragem e interesse, alguma delas vai até você.
— Mas... Se elas não estiverem interesse?
— Aí você volta pra mesa. Não fica muito tempo por lá. Também precisa mostrar que você é difícil!
Gustavo hesita e os quatro amigos o incentivam. Ele respira fundo, levanta da mesa, coloca as mãos nos bolsos da calça e segue o plano.
Ao passar pela mesa das garotas, um sorriso tímido brota em seu rosto e ele sente suas bochechas aquecerem. Ele as cumprimenta e recebe resposta de apenas uma delas. As outras garotas apenas sorriem para ele.
No banheiro, Gustavo sente o nervosismo tomar conta dele. Respira fundo por várias vezes. Depois de usar o mictório, vai até a pia, lavar as mãos e aproveita para molhar o rosto ainda quente.
Saindo do banheiro, a música "Porque a gente é assim?" do Barão Vermelho começa a tocar. Ele segue até o balcão, pede uma água e olha para a mesa das garotas. Conforme instruído, aguardaria até terminar aquela música.
A música termina e Gustavo percebe que as meninas o viram sentado ali no balcão. Elas riem e gesticulam umas para as outras, em especial a morena de pele jambo que havia respondido a ele. Mas a morena nada faz.
Na mesa do George, a atenção está voltada ver a reação de Gustavo enquanto ele pensa no que fazer. Por qual caminho voltará até a mesa. Ele olha para baixo e quando percebe a aproximação de alguém, levanta os olhos e um par de olhos amendoados está lhe fitando.
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O Órfão
General FictionGustavo é um garoto que morou no orfanato de seus cinco anos até os 18 anos. E agora descobriu que tem um pai e uma família completa. Mas adaptar-se a esta família não será tão fácil.